No mês de janeiro, a Secretaria da Saúde (Sesa) alerta a população sobre os cuidados com a saúde para o enfrentamento e a prevenção da Hanseníase, doença contagiosa, também conhecida como lepra, que é infecciosa crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae.
Essa enfermidade afeta principalmente a pele, os nervos periféricos, as mucosas do trato respiratório superior e os olhos. A Hanseníase é uma condição que, historicamente, gerou estigma e discriminação à pessoa infectada, mas é fundamental desmistificar a doença e informar a população sobre seus sintomas, causas e a importância do tratamento precoce.
A Hanseníase é transmitida principalmente de pessoa para pessoa pelas vias respiratórias, embora o contágio seja relativamente baixo, pois a maioria das pessoas tem resistência natural à bactéria. A transmissão ocorre mais frequentemente em locais onde há convívio prolongado e íntimo com uma pessoa doente não tratada.
A Hanseníase pode ser classificada em dois níveis, sendo a Hanseníase paucibacilar (PB), diagnosticada no estágio inicial, apresentando até cinco lesões na pele sem comprometimento neural. Pessoas classificadas com esse tipo não transmitem a doença e apresentam duração de tratamento geralmente de seis meses.
Já a Hanseníase multibacilar (MB) contempla os casos avançados em que as pessoas apresentam maior quantidade de lesões na pele, têm maior probabilidade de comprometimento neural, transmitem a doença e necessitam de tratamento com maior durabilidade, no mínimo de 12 meses.
Sintomas da Hanseníase
Os sintomas da Hanseníase podem variar, dependendo do tipo da doença e da resposta imunológica do indivíduo. Por isso, a Sesa orienta que, ao apresentar algum dos sintomas abaixo, a pessoa procure atendimento médico o mais rápido possível para evitar a evolução da enfermidade, o que pode gerar incapacidades e deformidades físicas na pessoa.
A referência técnica da Sesa, a coordenadora do Programa Estadual de Controle da Hanseníase, Dijoce Prates Bezerra, enfatiza a importância do diagnóstico precoce pelo infectado. “É crucial que a população esteja ciente de que, assim que o tratamento é iniciado, a pessoa infectada não transmite mais a Hanseníase. Portanto, a informação sobre os sintomas e o início do tratamento precoce é vital para reduzir o tempo de tratamento e minimizar as possíveis sequelas”, ressaltou.
Uma característica marcante é a lesão nos nervos periféricos, levando à perda de sensibilidade em áreas específicas do corpo. Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele também são comuns, podendo estar acompanhadas de dormência, formigamento, principalmente nas mãos e nos pés, além de fraqueza muscular. É importante também que o indivíduo observe em seu corpo áreas com diminuição dos pelos e do suor; caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.
Casos diagnosticados no Espírito Santo
O número de casos diagnosticados em 2022 foi de 394 diagnósticos, e, em 2023, foi de 447 novos casos, segundo dados extraídos do Sistema E-SUS VS (Sistema de notificação do Estado do Espírito Santo, utilizado também para o agravo de Hanseníase), divulgados em 17 de janeiro de 2024.
Onde tratar a Hanseníase
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para prevenir complicações e reduzir as chances de incapacidade física. O acesso à informação contribui significativamente para desfazer estigmas e promover a inclusão social das pessoas afetadas pela Hanseníase. A busca por cuidados médicos e o início imediato do tratamento são passos cruciais para controlar a disseminação da doença e garantir uma melhor qualidade de vida para os pacientes.
Os testes regulares preventivos são realizados na Atenção Primária e é fundamental que a população procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da residência para receber orientações essenciais sobre a doença e poder conduzir o tratamento, caso necessário. A investigação de contatos que convivem ou conviveram, residem ou residiram, de forma prolongada com pacientes acometidos por hanseníase, é a principal forma de prevenção.
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento e o acompanhamento dos pacientes com Hanseníase em Unidades Básicas de Saúde, não sendo necessário a internação. O tratamento medicamentoso é realizado com a associação de três antimicrobianos — rifampicina, dapsona e clofazimina —, que são denominados de Poliquimioterapia Única (PQT-U). O medicamento é fornecido pelo Ministério da Saúde (MS) e dispensado pela Gerência Estadual de Assistência Farmacêutica (GEAF) aos municípios do Espírito Santo.
A coordenadora Dijoce Prates esclarece que o Programa Estadual de Hanseníase é responsável por monitorar a situação epidemiológica da Hanseníase nos municípios, bem como recomendar, executar e avaliar as atividades de prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação dos casos.
Ações
– A Secretaria da Saúde, por meio das Subsecretaria de Atenção à Saúde e Subsecretaria de Vigilância em Saúde, promoveu, via plataforma Zoom, no dia 18 de janeiro, o “Webnário Conversando sobre Hanseníase”, destinado às equipes de coordenações da APS e responsáveis técnicos de Hanseníase. O objetivo foi realizar aprimoramento dos profissionais da saúde com o trato da Hanseníase nos pacientes.
Durante a reunião, foram abordados temas como “A Hanseníase” (definição de caso, agente etiológico, modo de transmissão, sinais e sintomas, classificação operacional e formas clínicas, manifestações neurológicas, exames de apoio diagnóstico e tratamento). Também foram debatidos o perfil epidemiológico no Brasil e no Espírito Santo, além da Hanseníase na APS e a integração da APS e a Vigilância Epidemiológica.
– Já nos dias 23, 24 e 25 de janeiro, a Sesa, por meio da equipe do Programa Estadual de Controle da Hanseníase, participou do evento “Janeiro Roxo”, promovido pelo Ministério da Saúde, que aconteceu em Brasília, onde foram realizadas discussão de estratégias de enfrentamento à Hanseníase e o compartilhamento de experiências.
– No dia 29 de janeiro, no hospital Santa Casa de Misericórdia, às 19 horas, será realizada uma Sessão Iconográfica para a discussão de casos clínicos de hanseníase, em que participarão profissionais da Atenção Especializada do Estado e equipes dos programas municipais de combate à Hanseníase.