Chances de desenvolver a doença aumentam até quatro vezes entre aquelas que utilizam medicamentos com etinilestradiol.
Estudos indicam que o uso de anticoncepcionais pode aumentar o risco de trombose venosa profunda (TVP), condição em que coágulos sanguíneos se formam nas veias profundas do corpo, geralmente, nas pernas. Como recomendação médica, a orientação é realizar uma avaliação clínica detalhada, pois apenas um profissional de saúde pode indicar o método contraceptivo mais seguro.
O ginecologista e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Silvio Franceschini, esclarece que todos os seres humanos podem desenvolver o problema, embora alguns grupos apresentem mais chances. “Nas mulheres que fazem uso de anticoncepcional hormonal com estrogênio, principalmente o etinilestradiol, o risco aumenta de duas a quatro vezes na comparação com aquelas que não utilizam o método”, informou em entrevista à imprensa.
A trombose pode ser causada por uma série de fatores. O Ministério da Saúde elenca como principais fatores de risco “predisposição genética, idade mais avançada, colesterol elevado, cirurgias e hospitalizações prolongadas, obesidade, uso de anticoncepcionais, consumo de álcool, fumo e sedentarismo”.
Em entrevista à imprensa, a presidente da Comissão Nacional de Especializada em Tromboembolismo Venoso da Federação Brasileira de Ginecologia Obstetrícia (Febrasgo), Venina Isabel de Barros, informou que a gravidez também é um fator de risco significativo para a TVP, aumentando em cinco vezes a possibilidade de as mulheres desenvolverem a condição.
Segundo a especialista, a estimativa é justificada por conta do aumento dos hormônios, fatores de coagulação e compressão das veias das pernas pelo útero. Infecções urinárias graves e pneumonia também aumentam o risco de trombose, principalmente durante a gestação.
Após o nascimento do bebê, as mulheres enfrentam um risco ainda maior. De acordo com Venina, a possibilidade de desenvolver o problema aumenta 30 vezes. “ A Febrasgo disponibiliza, de forma gratuita, o Manual de Prevenção da Trombose na Hospitalização de Gestantes. Todos os ginecologistas podem acessar e calcular o risco das pacientes”, orienta a especialista.
Sintomas, prevenção e tratamento
Inicialmente, a trombose pode ser assintomática, mas com o passar do tempo, a pessoa pode observar sinais como dor, inchaço, aumento da temperatura da região da perna, endurecimento e coloração vermelha ou arroxeada da pele, conforme informações do Ministério da Saúde.
Para prevenir a trombose, a orientação é manter o controle do peso, praticar atividades físicas regularmente e se manter hidratado. Evitar a compressão das pernas por longos períodos, especialmente durante viagens de longa distância, também é aconselhável.
Em caso de confirmação da trombose pelo médico, o tratamento deve ser iniciado imediatamente. Medicamentos anticoagulantes, como a Rivaroxabana, podem ser utilizados para tratar o quadro e prevenir a formação de novos coágulos.
Cuidados ao escolher anticoncepcionais orais
Uma pesquisa recente, realizada na Universidade de Nottingham, na Inglaterra, revelou que o risco de trombose é maior com o uso de anticoncepcionais que contêm drospirenona, desogestrel, gestodeno e ciproterona.
O estudo mostrou que mulheres, entre 15 e 49 anos, que usaram contraceptivos orais da terceira e quarta geração tinham um risco dobrado de trombose em comparação com aquelas que utilizavam pílulas de gerações anteriores. Comparadas às que nunca tomaram anticoncepcional, o grupo apresentou uma probabilidade quatro vezes maior de desenvolver TVP.
A escolha do anticoncepcional deve ser feita com cautela, considerando o histórico de saúde da mulher. O acompanhamento médico é fundamental para avaliar os riscos e os benefícios do método contraceptivo. Além disso, é importante estar atento aos sintomas de trombose e procurar ajuda médica imediatamente, se algum sinal for observado.