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Ressocialização pela fé: Rádios internas auxiliam nas ações de assistência religiosa nos presídios do Espírito Santo

Prevista na Lei de Execução Penal, a assistência religiosa nos presídios leva palavras de amor e fé às pessoas privadas de liberdade e busca promover chances de recomeços. Realizado em todo sistema prisional do Espírito Santo de forma voluntária, o trabalho conta com 61 instituições religiosas cadastradas, o que soma 2.768 voluntários religiosos. Atualmente, essa missão conta com uma nova ferramenta para transmitir mensagens de esperança à população prisional: as rádios internas implantadas nas unidades pela Secretaria da Justiça (Sejus).

Na Penitenciária Estadual de Vila Velha 3 (PEVV3), no Complexo de Xuri, onde funciona a Rádio Black, há espaço semanal para o tema com o quadro “Café com Fé”. Com uma hora de duração, religiosos usam o espaço para leituras bíblicas, mensagens espirituais e música.

“No programa Café com Fé, abrimos o espaço com um breve bate-papo. Os voluntários religiosos narram histórias de testemunhos, dando exemplos de pessoas que mudaram de vida por meio da fé, fazem pregação, leituras e cantam hinos e louvores. O auxílio da rádio nesse processo é notável. De imediato, percebemos a adesão dos internos que fazem silêncio para ouvir a mensagem religiosa. É uma ferramenta extremamente positiva para a gestão e ressocialização dos custodiados”, ressaltou o diretor-adjunto da PEVV3, Hebert Gabler.

O pastor Cristiano Oliveira dos Santos, da igreja Assembleia de Deus de Vale Encantado, em Vila Velha, ressalta que, com a rádio, é possível atingir um maior número de detentos. “Pelo estúdio da rádio, conseguimos alcançar todos os presos da unidade prisional e não só uma galeria como ocorria antes, usando a mesma entonação de voz. Realizamos as visitas de forma quinzenal na PEVV3 há 12 anos e temos uma hora para fazer isso. É um tempo considerável para uma mensagem transmitida via rádio, mas para fazer presencial em todos os blocos não é suficiente. A rádio trouxe mais harmonia, comunhão, paz e mais relacionamento entre nós. Agora, conseguimos levar outras mensagens, como, por exemplo, reforçar as consequências do uso e do tráfico de drogas para as famílias e o aumento da violência”, observou Cristiano Oliveira dos Santos.

A assistência religiosa nos presídios do Espírito Santo é regulada pela Portaria nº 1.135-R. Para atuar como voluntário religioso nas unidades, é necessário passar por capacitações. “Este é um pré-requisito para atuação das instituições religiosas. É fundamental que elas entendam que o ambiente prisional exige cuidados com a segurança e, ao mesmo tempo, exige também o respeito à diversidade religiosa. O culto à fé é um direito e pode ser manifestado dentro das unidades prisionais, mas em sintonia com as normas de convívio e segurança. A assistência religiosa é, sem sombra de dúvidas, uma grande aliada da ressocialização e as rádios internas têm ajudado muito a conduzir esse trabalho nas unidades prisionais”, explicou a coordenadora do Grupo de Trabalho Interconfessional do Sistema Prisional (Ginter), Maria Jovelina Debona.

Para o pastor Zezilton da Silva Barreto, da Igreja universal do Reino de Deus, as rádios internas nas unidades vieram para somar, sem substituir a assistência presencial. “Temos tido um retorno extraordinário, porque ao chegarmos nas galerias os detentos nos falam sobre a palavra pregada e a música que foi tocada. O bom é que a gente consegue alcançar o presídio inteiro e, ao mesmo tempo, podemos também dirigir uma palavra especial para todos os policiais penais e servidores penitenciários. A rádio tem sido um passo muito grande na missão de ressocialização que temos, em parceria com a Sejus”, pontuou.

A Rádio Vox, instalada no Centro de Detenção e Ressocialização de Linhares (CDRL), é pioneira no sistema prisional e funciona desde 2019. No local, a “Programação da Fé” ocorre de segunda a sexta-feira, com 10 instituições religiosas. “A rádio possibilita que a assistência religiosa possa ser prestada de dentro do estúdio, maximizando o alcance das mensagens de fé e esperança. As visitas de convívio nas galerias também ocorrem, mas de forma reduzida. Isso também traz impactos na segurança, pois diminuímos as movimentações dentro da unidade, ao mesmo tempo em que garantimos a assistência religiosa a todos os presos”, disse o diretor do Centro de Detenção e Ressocialização de Linhares (CDRL), Geanderson Oliveira de Carvalho.

Rosa Sibien Bandeira participa das ações da Pastoral Carcerária no CDRL. “A rádio é um instrumento que faz grande diferença dentro de uma penitenciária, pois a palavra de Deus pode ser proclamada por diversas pessoas de várias denominações religiosas, como a Pastoral Carcerária e Catequese, pastores, padres e bispos. Entendemos que todo ser humano, independente do seu crime, tenha se afastado de Deus, mas merece e pode retornar ao colo do Pai. Essa conversão cabe a cada ser humano. Assim, ouvindo a palavra, eles conseguem elevar a autoestima, passam a dar mais valor à vida e se transformam em novas criaturas”, enfatizou.

Sobre as rádios internas

Com uma programação voltada para a massa carcerária, as rádios auxiliam na gestão das penitenciárias com assuntos sobre educação, rotina interna, saúde, religiosidade, entretenimento e música. O objetivo é transmitir mensagens importantes sobre o dia a dia da unidade, compartilhar programas educacionais, promover reflexões sobre cidadania e convivência e fortalecer vínculos afetivos das famílias com a pessoa presa.  Toda programação é coordenada pela unidade prisional. Internos também são selecionados para trabalhar como locutores e mesa de som. Atualmente, são oito estúdios montados, mas a meta é que todas as 37 unidades prisionais do Estado passem a contar com rádios internas ainda este ano.

Assistência Religiosa

Para participar da oferta de assistência religiosa no sistema prisional capixaba, basta entrar em contato com a Secretaria da Justiça (Sejus), por meio do Grupo de Trabalho Interconfessional do Sistema Prisional (Ginter), no telefone (27) 3636-5832 ou pelo endereço de e-mail: asre@sejus.es.gov.br

O Ginter é composto por assessores teológicos que contribuem de forma voluntária com a Sejus para a assistência religiosa no sistema prisional. Além de qualificar os voluntários que atuam nas unidades prisionais, o grupo também atua na ampliação da assistência espiritual oferecida nos presídios.

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