O governo de Pernambuco decretou luto de três dias pela morte do xilogravurista, poeta e cordelista J. Borges, noticiam jornais<\/a> e blogs pernambucanos. José Francisco Borges morreu nesta sexta-feira (26), aos 88 anos, em sua cidade-natal, Bezerros (PE).
Nas redes sociais<\/a>, a governadora do estado, Raquel Lyra, afirmou que o artista levou Bezerros, o Agreste e Pernambuco pro mundo. “E vai deixar uma saudade imensa. Mas a sua grandiosidade permanecerá aqui pelas mãos de seus filhos, discípulos e centenas de xilogravuras que representam tão bem a nossa cultura. Meus pêsames aos familiares e amigos”.
A Fundação Nacional de Artes (Funarte) “lamentou profundamente”<\/a> a morte de J. Borges. “Mestre da xilogravura, com suas mãos, gravou o Brasil. Quem nunca foi atravessada pela arte de J. Borges? Celebramos sua obra imensa que de Pernambuco contou, gravou, talhou e pintou a magia do cotidiano, a beleza e a diversidade do nosso país mundo afora. J. Borges imenso, foi e sempre será um mestre das nossas artes brasileiras”, afirmou a presidente do órgão, Maria Marighella.
A diretoria do Brasil 61 também lamenta a morte de J. Borges. O artista fez duas xilogravuras para a Agência do Rádio. As obras retratam personagens da roça reunidos em torno do rádio, o companheiro que continua firme no universo físico e mental do campo e da cidade.
J. Borges
Nascido em 1935, em Bezerros (PE), J. Borges dedicou sua vida à arte, tornando-se uma figura central, inclusive, na preservação e promoção das tradições culturais nordestinas. Filho de agricultores, autodidata, trabalhou em diversas atividades, desde marceneiro até vendedor de folhetos de cordel, ponto de partida para sua carreira artística.
Em 1964, ele escreveu seu primeiro folheto, ‘O encontro de dois vaqueiros no sertão de Petrolina’, que foi um sucesso imediato. Na segunda publicação, ‘O verdadeiro aviso de frei damião sobre os castigos que vêm’, J. Borges produz sua primeira xilogravura, movimento que dá início a sua trajetória de xilogravador.
A partir da década de 1970, J. Borges passou a receber encomendas de gravuras, o que consolidou sua carreira de xilogravador. Suas obras, que frequentemente retratavam cenas do cotidiano nordestino, lendas populares e figuras fantásticas, ganharam projeção nacional e internacional, participando de exposições e ilustrando livros, como Palavras andantes, do escritor uruguaio Eduardo Galeano.
Entre os inúmeros reconhecimentos, J. Borges recebeu a medalha de honra ao mérito da Fundação Joaquim Nabuco; a medalha de honra ao mérito cultural do Palácio do Planalto; o Prêmio Unesco; e o prêmio de gravura Manoel Mendive na 5ª Bienal Internacional Salvador Valero Trujillo, na Venezuela. Em 2006, foi agraciado com uma bolsa vitalícia concedida pela Lei do Registro do Patrimônio Vivo, e o Memorial J. Borges foi criado em Bezerros, servindo como ateliê, oficina e galeria.
O Prêmio Mestras e Mestres da Funarte foi lançado no ano passado com o objetivo de honrar e valorizar a trajetória de nomes que ajudaram a construir a história das artes e da cultura brasileira nas últimas décadas. Entre as 50 mestras e mestres contemplados, J. Borges, Mestre que ajudou a engrandecer e difundir o patrimônio artístico e cultural brasileiro. Seu legado continuará a guiar e encantar, como um farol de inspiração.
Com informações da Funarte
Foto: Funarte