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ES ainda está longe das taxas civilizadas de homicídios, na avaliação de especialista

O Espírito Santo alcançou um grande avanço no controle dos homicídios nos últimos quatro anos, reduzindo as ocorrências em 22,96% em 2024 em relação ao ano de 2020, quando teve o pico de 1.106 crimes dessa natureza. Os 852 da consolidação das estatísticas de 2024 representam menos 254 homicídios, apesar do aumento gradativo da população no período.

Naquele ano, a taxa por 100 mil habitantes era de 27,21 homicídios, o que foi reduzido, em 2024, para 20,76 mortes por 100 mil. O governador Renato Casagrande (PSB) repete em todos os pronunciamentos, quando reúne a cúpula da segurança para anunciar os resultados em queda, que a comemoração deve ser contida, “porque o ideal é que não morresse ninguém”.

Evolução da taxa de homicídios do ES nos últimos 18 anos

Na opinião do especialista José Vicente da Silva Filho, coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo, ex-secretário nacional de Segurança Pública e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Espírito Santo chega ao final de 2024 com uma evolução favorável, com taxa semelhante à média nacional, mas alerta:

“O Espírito Santo ainda está devendo. O resultado não é ruim, mas também não é bom. O bom seria reduzir mais 30% para chegar à faixa das 15 mortes por 100 mil habitantes, onde estão os Estados colocado no segundo pelotão, como Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal, um pouco distantes de São Paulo e Santa Catarina, que estão lá na ponta”, disse José Vicente.

De acordo com o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado em julho do ano passado, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, São Paulo é o estado com a menor taxa de mortes violentas do país – 7,8 por 100 mil habitantes, registrou queda de 10,4% nos homicídios dolosos em 2023, em relação a 2022.

Depois de São Paulo, o estado com menor taxa de mortes violentas é Santa Catarina, com 8,9 por 100 mil habitantes. Na outra ponta, está o Amapá, com a maior taxa de mortes violentas: 69,9 por 100 mil habitantes.

CONTINUIDADE

O coronel José Vicente disse, com exclusividade para a Tribuna Norte-Leste, ser importante que o Espírito Santo dê continuidade a essa reduçãoc ontínua para chegar a esses níveis, mas notou um aspecto curioso e, segundo ele, negativo “quando a Regional de Polícia do Nortte, apesar de estar próximo ao contaminado Estado da Bahia, faz um relato parcial, como se a PC fosse a única ou principal responsável pelos resultados colhidos na região”.

“Na verdade, é uma propaganda da própria PC e isso não fica bem, afinal de contas o Estado deve se esmerar num trabalho integrado entre as polícias e sabemos muito bem que o principal responsável pela preveção é a Polícia Militar, justamente porque tem grupo bem maior, com 74% do efetivo policial e ocupa o espaço territorial e dá as primeiras respostas, seja pelo 190 seja de seu próprio patrulhamento”, observou.

José Vicente acrescentou que, “e isso é muito bem esclarecido pelo grande estudioso de polícia David Bayley (que morreu aos 87 anos no dia 20 de maio de 2020), que tudo o que se faz depois, como a investigação da Polícia Civil e o trabalho do Ministério Público, Justiça e Presídios, é um castigo necessário, mas tem escasso poder preventivo de redução da violência”.

Para o especialista, cada vez mais é importante um trrabalho mais integrado entre PC e PM, “a PC deve fazer um bom trabalho com esses 26% de efetivo policial do ESsado, é bem mais que a média nacional, que é 19% de policiais civis, mas é importante sobretudo um trabalho conjunto: “E pensar daqui para a frente para chegar a 15 mortes por 100 mil habitantes. É um grande desafio que a sociedade do Espírito Santo está a meredcer do seu aparato policial”.

O coronel José Vicente da Silva Filho reservou, também, um elogiou à entrevista do superintendente regional Norte da Polícia Civil, publicada nesta segunda-feria (06), quando falou da estratégia adotada para que a região, que tem 602 mil habitantes, tivesse o melhor percentual de redução de homicídios em 2024 em relação a 2023.

“O posicionamento do delegado Fabrício Dutra é corretíssimo ao fixar alvos relevantes para concentrar o esforço investigativo. Aprendi, numa das visitas que fiz à polícia de Nova York, que a investigação deve se concentrar nos principais predadores (violentos e/ou de alta produtividade criminosa), nos casos de grande repercussão pública (é importante a polícia dar respostas de eficiência à opinião pública), aos membros relevantes de facções e aos crimes de fácil e rápida solução”, comentou.

Para finalizar, José Vicente sentenciou: “Não dá para investigar mais do que 20% do que é registrado nas delegacias; o resto deve ser cuidadosamente (com muita informação) arquivado porque podem, adiante, suscitar ligações com outros fatos ou criminosos”.

INTEGRAÇÃO DESAFIADORA

Outro entrevistado, o coronel reformdo do Exército Brasileiro Antonio Carlos de Pessoa, com experiência na área de Defesa e especialização em Planejamento Estratégico Militar e em Operações Interagências, tendo sido instrutor da Escola Superior de Guerra até 2023, disse que “a integração é um grande desafio a uma população que gera órgãos de segurança pública arrogantes e pouco eficazes”.

De Pessoa acrescentou há uma “falta de definição de responsabilidades e um excesso de estruturas redundantes, que só servem para dar poder a um determinado grupo ou autoridade” e assinalou que “o Estado Brasileiro se vale de uma Carta Branca da Sociedade para agir em suas funções sem prestar contas ou responder pelo efeito de suas ações para o estado final desejado”.

E finaliza: “Em especial, podemos destacar o Judiciário, onde a arrogância é sua principal característica, vive um mundinho sem necessidade de provar resultados efetivos. Ainda temos muito que caminhar até ensinar que autoridade é uma delegação para, servindo ao propósito do bem comum, executar a função a que se destina e não se imunizar para viver como um caudilho arbitrário”.

TAXA GLOBAL

Pesquisa realizada pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), baseada sua análise em dados de 2021, chegou a um número estimado de 458 mil homicídios em todo o mundo, resultando em uma média global de 52 vítimas por hora. Em 2021, a taxa global de homicídios foi de 5,8 por 100 mil pessoas.

Entre os países, a Jamaica registrou a maior taxa de homicídios em 2021, com 52,13 por 100 mil habitantes, seguida pela África do Sul (42,40) e por Santa Lúcia (38,96). Já o Brasil aparecia em 14º lugar na lista, com 21,26 homicídios a cada 100 mil habitantes.

Em relação às taxas de homicídio por habitantes, as Américas ocupam o primeiro lugar, com 15 homicídios por 100 mil habitantes, seguidas pela África (12,7), Oceania (2,9), Ásia (2,3) e Europa (2,2).

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