O Gustavo Uberaldo, de 43 anos, ronca. Mesmo ciente do incômodo que causa aos que compartilham o quarto com ele e dos problemas de saúde relacionados ao roncar, o morador de Passos, Minas Gerais, nunca buscou ajuda médica. “Até o momento, não procurei ajuda, nem questão médica”, desabafa.
Já a Ivânia Marques Machado, 60 anos, de Londrina, no Paraná, chega a acordar com o próprio ronco. Apesar do incômodo, Ivânia nunca procurou tratamento para sua condição. “Sei que existe tratamento, mas nunca procurei”, conta.
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Essas histórias refletem um problema sério e subestimado: o ronco, muitas vezes ignorado como algo banal, pode ser um sinal de riscos à saúde.
De acordo com um estudo recente publicado no The Lancet Regional Health, roncar está ligado ao aumento do risco de acidente vascular cerebral (AVC). Durante uma década, 19,6 mil participantes acompanhados desenvolveram AVC: todos roncavam.
O estudo ressalta a importância de não ignorar os sinais. É o que pontua o coordenador do departamento de Medicina do Sono da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, Alexandre Ordones.
O especialista alerta para os males do ronco, associado à apneia obstrutiva do sono. “Essa parada respiratória durante o sono leva a uma diminuição da oxigenação no nosso corpo com queda de saturação. Isso pode levar a ocorrência da aterosclerose, o entupimento das artérias do nosso corpo, e isso favorece a ocorrência do AVC”, explica.
Ordones complementa que outras doenças podem aparecer com a apneia. “Aumenta o risco de pressão alta, arritmia cardíaca, difícil controle do diabetes e aumenta o risco de morte”.
No entanto, prevenir essas complicações pode ser mais simples do que se imagina.
Manter um peso saudável, evitar o consumo de álcool, não fumar e praticar atividade física regularmente são recomendações. “Pois melhora a capacidade cardiorrespiratória e diminui a pressão sanguínea, reduzindo assim o risco de AVC”, pontua Ordones.
E para aqueles que enfrentam o ronco persistente, é essencial procurar um especialista para avaliar as vias aéreas superiores e realizar os exames necessários.”
Segundo o Ministério da Saúde<\/a>, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) acontece “quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. É uma doença que acomete mais os homens e é uma das principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo. Quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento do AVC, maiores serão as chances de recuperação completa”.
Ainda de acordo com a pasta<\/a>, no Brasil, foram registradas mais de 185 mil internações e 35,8 mil mortes por AVC no ano de 2022.
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil