Uma mulher de 33 anos foi presa no estado do Rio de Janeiro suspeita de integrar um grupo na internet que teria sido criado com o objetivo de induzir adolescentes a se automutilarem. A informação é de Tarciane Vasconcelos, do g1 ES e TV Gazeta.
O grupo também divulgava conteúdos para estimular o suicídio, ataques a escolas e tortura de pessoas e animais. Outros dois suspeitos do estado de São Paulo estão foragidos.
As informações foram divulgadas pela Polícia Civil do Espírito Santo nesta sexta-feira (16). No entanto, as investigações sobre o caso começaram no final de 2023, depois que foi recebida uma denúncia sobre uma menina de 15 anos que estava sendo vítima do grupo na internet. Ela é moradora do município da Serra, na Grande Vitória.
De acordo com o delegado Brenno Andrade, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos do Espírito Santo, a mulher presa apresenta um perfil típico de pessoas que atuam de maneira criminosa na internet.
“Essa mulher é a típica pessoa que vive ali escondida na internet, reclusa, que passa o tempo navegando, com vários apelidos. Um dos apelidos era ‘sativa russa’, ‘sativa’ é uma expressão que significa ‘semeadora’, ou seja, ela semeava ali naquelas pessoas do grupo a prática dos mais diversos tipos de crimes”, explicou o Brenno Andrade.
Mulher é presa no Rio de Janeiro, suspeita de participar de grupo na internet que teria sido criado com o objetivo de induzir adolescentes a se automutilarem. — Foto: Reprodução/Polícia Civil ES
O delegado relatou ainda que a suspeita teria também um relacionamento virtual com um menor de 15 anos que fazia parte do grupo criminoso.
“Causa perturbação na polícia a atividade desses indivíduos. A gente encontrou vídeos e fotos de pessoas que se automutilaram, vídeos de animais sendo mortos, gatos sendo afogados, gatos sendo colocados vivos dentro de liquidificador… Por mais bizarro que isso possa parecer! Então, isso demonstra a mente sádica desses indivíduos”, contou o delegado.
Pelo menos quatro menores também estariam envolvidos nos crimes. Segundo a polícia, inúmeros adolescentes podem ter sido vítimas da organização criminosa.
O delegado Brenno chama a atenção para a necessidade de os pais monitorarem os conteúdos que os filhos acessam na internet.
“A gente sempre orienta aos pais que percebam as atitudes dos filhos. Em caso de alteração de comportamento, tentem entender o que está acontecendo, tentem se interessar pelo que a criança ou adolescente está fazendo na rede mundial de computadores”, falou.
Informações foram divulgadas nesta sexta-feira (16), pela Polícia Civil do Espírito Santo. — Foto: TV Gazeta
O delegado reforçou ainda que a conduta dos pais pode ser enquadrada como omissão e eles também podem responder por crime de abandono de incapaz caso deixem menores de idade jogados na internet e sendo vítimas de criminosos.
A Polícia Civil do Espírito Santo descobriu ainda que esse mesmo grupo criminoso pretendia queimar um morador em situação de rua vivo, em São Paulo, e transmitir esse ato pela internet. No entanto, o Ministério da Justiça derrubou o servidor que transmitiria as imagens e acabou frustrando o principal objetivo da ação.
Material apreendido pela polícia, ao prender mulher suspeita de participar de grupo na internet que teria sido criado com o objetivo de induzir adolescentes a se automutilarem. — Foto: Reprodução/Polícia Civil ES
A organização criminosa investigada deve responder pelos crimes de cyberbullying, corrupção de menores e incentivo a automutilação.
Vale reforçar que, no dia 15 de janeiro de 2024, foi sancionada a lei que inclui os crimes de bullying e cyberbullying no Código Penal. As duas condutas passam a integrar o artigo que trata de constrangimento ilegal. Agora, o Código Penal prevê multa para quem cometer bullying, e reclusão e multa para quem cometer o mesmo crime por meios virtuais.