O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) divulgou nota em que lamenta a morte do jovem Danilo Lipaus Matos, de 20 anos, em uma abordagem de policiais militares que atiraram 44 vezes no carro em que ele dirigia na última sexta-feira (31), no bairro Aeroporto, em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo.
O MPES manifestou solidariedade à família da vítima. “O MPES informa que acompanha o caso de perto e aguarda o recebimento da documentação necessária para análise detalhada, a fim de adotar as medidas cabíveis perante a Justiça”, comunicou.
Neste domingo (2), A Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) informou que foi determinada “a instauração de inquérito policial militar pela Corregedoria da Polícia Militar e o afastamento das atividades operacionais de todos os policiais envolvidos na ação, além da investigação rigorosa pelas Polícias Civil e Científica, com acompanhamento direto do Ministério Público em todas as apurações”.
O jovem morto não tinha passagens nem pela polícia e nem na Justiça.
“O Governo do Estado destaca que preza pela atuação técnica das polícias e uso seletivo e progressivo da força e, caso fique constatada irregularidade na ocorrência, as medidas cabíveis serão tomadas em todas as esferas”, informou a Sesp.
Segundo o boletim de ocorrência, ao todo foram efetuados 15 disparos realizados sargento Renan Pessimílio, mais 15 disparos pelo soldado Eduardo Nardi Ferrari, mais 12 disparos feitos pelo cabo Rodrigo de Jesus Oliveira e 2 disparos do soldado Ramon Lucas Rodrigues Souza. Havia um outro soldado na ocorrência, que não teria atirado, Guilherme Martins. A vítima morreu no local.
Familiares de Danilo, que preferem não se identificar, afirmam que ele era um jovem sem qualquer pendência com a Justiça ou a polícia e alegam que ele foi assassinado por policiais militares. Eles questionam o paradeiro da suposta arma que a vítima teria em posse, destacando sua ausência como prova de que o jovem foi executado por agentes do Estado. Citam a quantidade de tiros disparados contra o jovem, a maioria na cabeça. Os familiares pedem uma investigação independente e a devida punição dos responsáveis pelo crime.
Segundo a versão da Polícia Militar, a corporação “recebeu um alerta do Cerco Eletrônico” de que uma caminhonete supostamente roubada estava se deslocando na rodovia Gether Lopes, sentido Colatina. “Segundo foi informado via rádio, o veículo em questão poderia estar envolvido em diversos roubos na região de Águia Branca e ter suspeitos armados em seu interior. Foi feito acompanhamento pelas equipes da Força Tática, mas em determinado momento, a caminhonete se evadiu e foi localizada abandonada no bairro São Braz. Segundo moradores, os suspeitos podem ter fugido por uma área de mata que tem nas proximidades. O veículo foi removido”, relatou a PM.
De acordo com a versão dos PMs, “durante a ocorrência, foi informado via rádio que uma outra caminhonete havia furado um bloqueio policial próximo ao local. Pouco depois, uma guarnição relatou que o mesmo veículo furou um segundo bloqueio e que o passageiro portava um objeto semelhante a uma arma de fogo”.
A Associação das Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Espírito Santo (Aspra-ES) divulgou uma nota sobre a abordagem policial que resultou na morte do jovem Danilo Lipaus Matos, de 20 anos. O caso ocorreu na noite de sexta-feira (31), no bairro Aeroporto, em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, e envolveu 44 disparos efetuados por policiais militares.
A Aspra diz “está acompanhando de perto a ocorrência envolvendo militares associados, colocando o jurídico à disposição para acompanhar a apuração dos fatos e esclarecer as ações dos nossos associados, que acreditamos serem legítimas”.
Segundo a assossiação, “a ocorrência é bem complexa, onde foram lavrados vários boletins por guarnições diferentes, contendo registro de veículo roubado abandonado, perseguição, evasão a bloqueio policial e tentativa de atropelamento aos nossos policiais. Se os policiais não tivessem atirado, podíamos agora estar lamentando a morte, por atropelamento, de um ou mais policiais, ou até mesmo de pessoas que estavam caminhando nas ruas. Nós temos o compromisso de proteger a sociedade e esta é a razão pela qual nossos policiais estavam mobilizados nessa ocorrência”.