Após um primeiro semestre com menos atividades turísticas no Espírito Santo em relação a 2023, o segundo semestre de 2024 registrou uma trajetória de recuperação e crescimento, com desempenho superior em todos os meses.
O quarto trimestre do ano se destacou como o melhor dos últimos 10 anos para o turismo capixaba, impulsionado por datas comemorativas e comerciais como Dia das Crianças, Black Friday, Natal e Réveillon.
O volume de atividades turísticas no último trimestre de 2024 teve um crescimento de 8,8% em relação ao mesmo período de 2023 e de 1,5% em relação ao terceiro trimestre.
As análises são do Connect Fecomércio-ES (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo), com base nos dados de pesquisa do Índice de Atividades Turísticas (Iatur), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O aproveitamento de oportunidades em datas especiais demonstrou a capacidade do setor em potencializar a demanda e se sobressair em um período de forte concorrência nacional, especialmente com estados como Rio de Janeiro e os do Nordeste, no início da temporada de verão”, declarou a coordenadora de pesquisa do Observatório do Comércio, o Connect Fecomércio-ES, Ana Carolina Júlio.
Apesar do bom desempenho que ocorreu apenas na segunda metade de 2024, os resultados dos dois últimos anos mostram que o Espírito Santo tem potencial para manter uma atividade turística robusta durante todo o ano, segundo a coordenadora.
“Em 2023, o destaque foi o primeiro semestre, enquanto o segundo apresentou queda de 4,4%. Já em 2024, o segundo semestre cresceu 10,5% frente ao primeiro. Esse comportamento evidencia a diversidade turística do estado, que combina atrativos para diferentes estações, como o turismo de sol e praia, predominante no verão e na primavera, com destinos como Guarapari, Marataízes e a Grande Vitória, e o turismo de montanha, aventura, ecoturismo e gastronomia, mais procurado no outono e inverno, em regiões como as Montanhas Capixabas e a Região dos Imigrantes. O desafio para o setor está em criar um fluxo turístico positivo ao longo de todo o ano”.
Em dezembro, o volume de atividades turísticas foi 9,1% superior ao registrado no mesmo período de 2023, indicando boas expectativas para os primeiros meses de 2025. Além disso, essa variação de 9,1%, chamada interanual, foi a segunda maior de 2024, atrás apenas da observada em outubro (10,2%).
O Connect Fecomércio-ES estima que os serviços de alojamento, alimentação e atividades culturais e recreativas geraram receita bruta de R$ 404,6 milhões em dezembro, refletindo um crescimento nominal de cerca de R$ 60,7 milhões em relação ao mesmo mês do ano anterior. A estimativa foi feita com base nos dados da Pesquisa Anual de Serviços (PAS/IBGE) e nas variações observadas pela Pesquisa Mensal de Serviços (PMS/IBGE).
O segmento de alojamento engloba estabelecimentos como hotéis, pousadas, motéis, resorts, entre outros, e teve receita de R$ 64,8 milhões. Esse montante representa um crescimento de R$ 9,7 milhões em relação ao mesmo período de 2023.
Quanto aos serviços de alimentação, que abrangem bares, restaurantes, padarias, lanchonetes, cafeterias e outros estabelecimentos tradicionais, além de locais especializados, como bufês e alimentação corporativa, a receita estimada para dezembro foi de R$ 306,7 milhões, tendo um aumento de cerca de R$ 46 milhões em comparação a dezembro de 2023. Já as atividades recreativas, esportivas e culturais geraram R$ 33,1 milhões.
Preços ligados ao turismo
O levantamento do Connect Fecomércio-ES aponta ainda que os preços dos principais produtos ligados ao turismo na Grande Vitória apresentaram variações inferiores à média nacional. Enquanto itens como alimentação fora do domicílio (5,53%), ônibus interestadual (7,47%) e hospedagem (6,59%) registraram reajustes moderados, passagens aéreas (-29,98%) e pacotes turísticos (-5,37%) tiveram quedas mais expressivas em relação ao panorama nacional.
O aumento acumulado do nível geral de preços na Grande Vitória em 2024 foi de 4,26%, abaixo da média nacional de 4,83%. Dentre as 10 regiões metropolitanas pesquisadas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a Grande Vitória apresentou a segunda menor variação no ano, ficando atrás apenas de Porto Alegre (3,57%).
“Esse comportamento mais contido da inflação pode fortalecer o setor turístico capixaba, tornando-o mais acessível e competitivo e, assim, facilitar a atração de visitantes ao longo do ano. Além disso, houve aumento generalizado nos preços dos alimentos em todo o Brasil. Como consequência, preparar refeições em casa tornou-se, proporcionalmente, mais caro do que se alimentar fora. Isso torna as refeições em bares e restaurantes opções mais atrativas e competitivas em comparação àquelas feitas em casa”, explicou Ana Carolina Júlio.
