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Obra de ampliação da CEFFA Normília Cunha dos Santos avança para fase final

As obras de ampliação do Centro Educacional Familiar de Formação por Alternância (CEFFA) Normília Cunha dos Santos, localizada no Córrego da Queixada, Distrito de...

“Sofri todos os tipos de violência e meu marido me ofereceu para um amigo”, conta capixaba após viver 8 anos de agressões

‘Meu marido me ofereceu para um amigo depois de termos intimidade”

Reportagem: Cíntia Zaché, da Rede Notícia

“Estou em meu primeiro dia do curso de corte e costura, mas, já frequento o Núcleo há mais tempo, estou aprendendo a colocar barrinha em pano de prato, se der certo, quero costurar para mim e depois, costurar para fora. Estou aqui porque o local me oferta apoio, um policial me indicou a vir. Eu era vítima de violência de todos os tipos: sexuais, psicológicas, físicas. Eu sempre quis sair desta condição, mas, tinha medo dele, medo de como eu iria sustentar meus filhos, eles sempre presenciaram o que passei, eu queria sair da situação, mas, não conseguia. Meus sonhos sempre ficaram para trás. Tentei sair várias vezes do relacionamento, mas ele me ameaçava. Em um relacionamento abusivo, você fica sem nada, sem apoio, sem raciocinar. Fiquei casada oito anos, passei uma vida muito difícil, ele não me deixava trabalhar, já até chegou a me trancar dentro de casa. Sempre avisei a ele que um dia eu iria embora, e foi em um dia que ele me bateu, que resolvi que bastava. Liguei para meu pai, e ele mandou minha mãe ir me buscar. Consegui pegar um táxi, meus filhos, os documentos deles e roupas deles e sai de casa. Viemos para Nova Venécia, ele veio para cá, dizendo que iria mudar, e chegou a morar comigo de novo. Só que ele não mudou e foi aí que, acabou tudo mesmo. Tem seis anos que estamos divorciados, ele casou de novo, a nova mulher passou pela mesma violência doméstica que passei, eles e separaram. Sofri tudo que possam imaginar, ele chegou a me oferecer para um amigo dele. Depois que tivemos intimidade, esse amigo foi à nossa casa. Lógico que nada aconteceu. Tive também, depressão pós-parto após o nascimento dos meus três filhos. Meu estado de saúde mental nunca foi bom enquanto estava com ele. Hoje vivo bem, cuido dos meus filhos, tenho ajuda dos meus pais e dos meus irmãos. Agora, eu tenho amor próprio, eu nunca tive isso enquanto estava com ele. Estou feliz e bem e, vir aqui para o Núcleo é maravilhoso, sou muito bem acolhida, se eu pudesse, viria todos os dias, depois da separação, minha vida mudou para muito melhor”
*Maria, vítima de violência doméstica


“Eu tinha medo de não acordar e ele levantar e o café não estar na mesa, aí as agressões começavam”
“Tem mais de um ano que frequento o Núcleo Margaridas. Cheguei até aqui depois que uma pessoa me indicou. Estou fazendo o curso de corte e costura, se der certo, vou comprar uma máquina para mim, cozinhar para mim, para minhas filhas, quem sabe, até para fora. Cheguei até aqui porque passei por violência doméstica por 38 anos, foi o período que estive casada. Ele não me batia, mas, gritava, xingava, me humilhava, sofri agressão psicológica de todos os jeitos, foi sofrido demais. Eu tinha medo até dele acordar antes de mim de manhã, pois na hora que ele levantava, o café tinha que estar pronto e, na mesa, senão, vinha humilhação. Eu ficava nas mãos dele para tudo, não podia fazer uma unha, se eu pedisse dinheiro para qualquer coisa, lá vinham os gritos, então, para tudo, eu ficava calada. Criei minhas filhas nesses meios, elas sempre presenciaram tudo, sempre tive muito medo dele, quando nos casamos, eu tinha 20 anos, mas, consegui sair disso. Depois de uma grande batalha, o juiz determinou que ele tinha que sair de casa e me pagar uma pensão, e aqui estou, apesar do estrago que ele fez em minha vida. Eu trato de depressão e síndrome do pânico devido a tudo que vivi, faço tratamento com psicólogo, psiquiatra, mas, agora estou bem, fora das crises, porém, em tratamento. Quanto a frequentar o Núcleo, só me faz bem, aqui é alto astral, elas conseguem nos acolher muito bem, é muito bom, a gente conhece outras histórias de outras mulheres, parecidas com as nossas, me faz muito bem estar aqui”
*Joana, vítima de violência doméstica


“Ele gritava, xingava, me humilhava, sofri agressão psicológica de todos os jeitos, ainda faço tratamento de depressão, fiquei com um grande trauma, sequelas”, narra Joana durante a aula de corte e costura

NÚCLEO MARGARIDAS

O Núcleo Margaridas Noroeste Nova Venécia está oferecendo oficinas de sobrancelhas, corte e costura, e sabonete, e vai ofertar também, curso de ovos de Páscoa e, cada uma, acontece duas vezes por semana, atendendo, 28 mulheres.

As oficinas estão dentro do Projeto Mulher Viver Mais, da Secretaria Estadual das Mulheres, e conta com oficineiras contratadas e voluntárias, é o que relata a Verônica Peruchi, técnico administrativo núcleo Margaridas Noroeste. “O objetivo é emancipar a mulher, que muitas vezes, não consegue sair do ciclo de violência doméstica, por não ter poder econômico de se manter, já que muitas vezes, os filhos também ainda são crianças. Queremos ofertar empoderamento, troca de vivências e mostrar que, a mulher que passa por uma situação desta, não está sozinha e pode sair deste ciclo”, fala Verônica.

O Núcleo Margaridas é um fortalecimento da rede de proteção às mulheres em situações de vulnerabilidade, na microrregião. “Trabalhamos em parceria com as principais Secretarias (Saúde, Educação e Assistência Social), além da comunidade em geral, que tem sido uma parceria que tem dado certo”, diz.

Verônica Peruchi, técnico administrativo Núcleo Margaridas Noroeste

Núcleo Margaridas

O Núcleo Margaridas Noroeste Nova Venécia é um centro de referência de atendimento às mulheres em situação de violência. O serviço é ligado à Secretaria de Direitos Humanos do Estado do Espírito Santo (SEDH), em execução por meio de parceria com o Instituto Gênesis.

O Núcleo é uma instituição de acolhimento e assistência com profissionais especializados no tema. A equipe técnica é formada por uma assistente social, uma advogada, educadora social, e uma psicóloga. Lá ainda, tem mais o administrativo e segurança.

Além de Nova Venécia, o Núcleo atende Vila Pavão, Barra de São Francisco, Ecoporanga, Água Doce do Norte, Águia Branca e Mantenópolis.

Mulheres em situação de violência ou relacionamentos abusivos podem procurar o núcleo voluntariamente ou serem encaminhadas por outros órgãos de atendimento.


» Equipe do Núcleo Margaridas Noroeste Nova Venécia

NÚCLEO MARGARIDAS
O Núcleo funciona de segunda à sexta-feira das 7h30 às 17h e não fecha para almoço.
Endereço: Rua Delma, nº 21, no Bairro Margareth (rua em frente ao Cidade Hotel)
Telefone: (27) 3750-0996
Celular: (27) 99284-8425
E-mail: [email protected]
* Os nomes das mulheres que deram depoimento foram alterados, não sendo exposta as idades, fotos e bairros aonde moram, como forma de preservar as vítimas

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