O Carnaval é um período de festa, alegria e interação, sendo uma das maiores manifestações culturais do Brasil. É o momento em que as pessoas deixam a rotina de lado para aproveitar a folia, reencontrar amigos e celebrar com muita música e diversão. No entanto, para que a festa seja completa, é essencial que a diversão venha acompanhada de segurança. A Secretaria da Saúde (Sesa) reforça a importância da prevenção com a saúde, incentivando os foliões a se divertirem com responsabilidade.
Um dos principais cuidados a ser adotado é a seriedade com o comportamento sexual seguro, fundamental para evitar Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como HIV, sífilis, hepatites virais, e mesmo as gestações não planejadas.
Consideradas doenças silenciosas, por não apresentarem sintomas no início, em grande parte das pessoas infectadas, as ISTs são transmitidas via relações sexuais desprotegidas, sejam elas, vaginal, anal ou oral. Entre as doenças, estão o HIV/Aids, Sífilis, Gonorréia, Hepatites Virais B e C, HPV, Herpes Genital e várias outras. Elas podem se manifestar por meio de feridas, corrimentos ou verrugas na região anal e genital.
A melhor forma de prevenção é usar o preservativo peniano ou vaginal nas relações sexuais e reduzir o número das parcerias sexuais. Os preservativos, além de ajudar na proteção das ISTs, também funcionam como contraceptivo, evitando a gravidez não planejada. A Sesa disponibiliza gratuitamente preservativos masculinos e femininos aos municípios do Espírito Santo, garantindo que a população tenha acesso a um método seguro e eficaz de prevenção.
A coordenadora Estadual de IST/Aids da Sesa, Julimar Soares França, reforça a importância da prevenção das doenças com o uso dos preservativos: “O preservativo peniano e o vaginal continua sendo um dos meios mais eficazes para prevenir ISTs e a gravidez não planejada. Além disso, a testagem rápida possibilita um diagnóstico precoce da doença e o início imediato do tratamento, garantindo qualidade de vida e até a cura da pessoa infectada”, frisa.
A testagem rápida para HIV, sífilis e hepatites B e C permite o diagnóstico precoce e o tratamento adequado da doença, e pode ser realizada nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), além das Unidades Básicas de Saúde (UBS), promovendo um cuidado acessível e eficaz para toda a população.
O subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, destaca o compromisso do Estado na prevenção das ISTs, e no acesso aos serviços de saúde. “O Espírito Santo tem se dedicado a ampliar o acesso às testagens para ISTs e, em parceria com Ministério da Saúde (MS), distribui gratuitamente, por mês, cerca de 750 mil preservativos masculinos e femininos aos municípios para a prevenção das infecções, facilitando também o acesso ao teste regularmente, o que permite um diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento, evitando complicações na pessoa infectada. Esse trabalho de oferta em todos os municípios do Estado reforça nosso compromisso com a saúde pública”, salienta.
Dados
Atualmente, vivem no Espírito Santo com HIV/Aids 20.105 pessoas realizando tratamento com medicação antirretroviral, incluindo serviços públicos e privados. Em 2024, foram 1.104 novas notificações de HIV/Aids, sendo 276 do sexo feminino (25%) e 827 do sexo masculino (75%). Em todo ano de 2022, foram 1.354 e, em 2023, chegou a 1.212, sendo que, em ambos os anos, a predominância também é no sexo masculino, com 71,0% e 73,3%, respectivamente.
Sobre os casos de sífilis no Espírito Santo, em 2024, foram notificados 720 casos de Sífilis Congênita; 2.873 casos de Sífilis em gestantes; e 7.528 casos de Sífilis adquirida, de acordo com dados do Painel ESUS/VS – Sesa.
Em 2023, foram notificados 808 casos de Sífilis Congênita; 2.619 casos de Sífilis em gestantes; e 8.130 casos de Sífilis adquirida. Já em 2022, foram notificados 674 casos de Sífilis Congênita; 2.291 casos de Sífilis em gestantes; e 7.484 casos de Sífilis adquirida (Dados de 2022 e 2023, extraídos do Boletim Epidemiológico Sesa/ES).
Sobre a Sífilis
A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum, caracterizada pela possibilidade de evolução em diferentes estágios: primário, secundário, latente e terciário. A doença pode ser assintomática, mas, quando há manifestações clínicas, elas variam conforme a fase da infecção.
No estágio primário, a sífilis pode apresentar uma lesão indolor no local da infecção. Já na fase secundária, podem surgir erupções cutâneas e outros sintomas inespecíficos. A sífilis latente é marcada pela ausência de sintomas visíveis, enquanto a sífilis terciária, quando não tratada, pode levar a complicações graves, incluindo danos cardiovasculares, neurológicos e ósseos, podendo, em casos extremos, levar à morte.
A transmissão da sífilis ocorre principalmente por meio de relações sexuais desprotegidas com uma pessoa infectada, mas também pode acontecer da mãe para o bebê durante a gestação ou no momento do parto, caracterizando a Sífilis Congênita. Essa forma da doença pode causar consequências graves ao recém-nascido, como malformações, surdez, cegueira e até óbito fetal.
A sífilis é uma doença curável, sendo fundamental o diagnóstico precoce e o tratamento adequado com antibióticos para evitar a progressão da infecção e suas complicações. A adoção de medidas preventivas, como o uso de preservativos em todas as relações sexuais e a realização de testes regulares, especialmente durante o pré-natal, são essenciais para o controle, agravo e transmissão da doença.
Hepatites Virais conscientização e prevenção
As hepatites virais são infecções de grande relevância para a saúde pública. Os vírus das hepatites podem causar danos às células do fígado, resultando no desenvolvimento de fibrose hepática, cirrose e, em alguns casos, câncer hepático. A conscientização sobre as hepatites virais é essencial, pois muitas pessoas infectadas não apresentam sintomas por longos períodos, o que pode levar ao diagnóstico tardio. Sem o devido tratamento, em estágios mais avançados, a doença pode evoluir para condições mais graves podendo ser fatal.
O coordenador do Programa Estadual de Hepatites Virais, o médico infectologista Marcello Leal, explica que a principal forma de prevenção que a população deve ter é a vacinação. “As vacinas contra as hepatites A e B são seguras, eficazes e estão disponíveis gratuitamente nas unidades básicas de saúde. Até o momento, não existe vacina contra a hepatite C. É importante também que o indivíduo tenha uma higiene pessoal assídua”, ressalta.
Prevenção e vacinação
É fundamental que a população adote medidas preventivas e tenham bons hábitos de higiene para ajudar no combate das Hepatites Virais. A Hepatite A e a Hepatite C são transmitidas por via fecal-oral e podem ser evitadas por meio de cuidados simples com a higiene, como: lavar frutas, verduras e legumes com água tratada antes do consumo, principalmente os alimentos ingeridos crus; manter sempre uma boa higiene pessoal, com a lavagem frequente das mãos.
A vacinação contra a hepatite A está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), para crianças de 15 meses a 5 anos incompletos, sendo uma importante forma de proteção. Já a Hepatite B pode ser transmitida por meio de compartilhamento de objetos perfurantes ou cortantes usados por pessoas infectadas; relações sexuais desprotegidas com pessoas infectadas e várias parcerias; transmissão vertical (da mãe para o bebê durante a gestação ou durante o parto).
Para se prevenir, é essencial, que a pessoa seja vacinada contra a hepatite B logo após o nascimento, com reforço de três doses no primeiro ano de vida; use preservativos em todas as relações sexuais; não compartilhar seringas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos perfurantes.
A Hepatite C não tem vacina para preveni-la. A doença pode ser tratada com medicamentos orais altamente eficazes, com duração de 12 a 24 semanas. O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações da doença.
Onde se vacinar
As vacinas estão disponíveis gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), mais perto de casa ou do trabalho. É importante levar o CPF ou o Cartão Nacional da Saúde, além do cartão de vacinação para atualização.
O HPV
O Papilomavírus Humano (HPV) é um dos vírus sexualmente transmissíveis, com potencial para causar desde verrugas genitais até tipos de câncer, como o de colo do útero, pênis, ânus, boca e garganta. A infecção pode ser silenciosa e persistir por anos sem apresentar sintomas, tornando a prevenção essencial, especialmente entre adolescentes.
O HPV é transmitido principalmente por contato direto com a pele ou mucosa infectada, sendo a via sexual mais comum. O contágio pode ocorrer mesmo sem penetração ou ejaculação e, em casos raros, a transmissão pode ocorrer por meio de objetos contaminados ou no momento do parto, da mãe para o bebê.
A prevenção do HPV envolve múltiplas estratégias, sendo a vacinação a principal delas. Outras medidas também são fundamentais:
Vacinação: Disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina contra o HPV é gratuita para meninas e meninos de 9 a 14 anos, (a imunização nessa faixa etária garante maior eficácia, pois o ideal é que ocorra antes do início da vida sexual), além de grupos prioritários, como pessoas vivendo com HIV e transplantados.
Uso de preservativos: As camisinhas masculina e a feminina reduzem o risco de infecção, mas não eliminam completamente a possibilidade de contágio, já que o HPV pode estar presente em áreas não protegidas.
Exames preventivos: O exame de Papanicolau detecta alterações precoces no colo do útero, permitindo a prevenção do câncer cervical. Outros exames podem ser indicados para rastrear a presença do vírus em outras áreas do corpo.
Evitar o compartilhamento de objetos pessoais: Itens como toalhas e roupas íntimas podem, em casos raros, contribuir para a transmissão.
Tratamentos para o HPV
Não há um medicamento que elimine o HPV do organismo, mas os sintomas e lesões podem ser tratados:
- Remoção de lesões: Pode ser feita por cauterização química, crioterapia (congelamento), laser ou cirurgia, dependendo da gravidade do caso;
- Medicamentos tópicos: Algumas pomadas ajudam a tratar verrugas genitais, estimulando o sistema imunológico a combatê-las;
- Acompanhamento médico: Pessoas infectadas devem ser monitoradas regularmente para evitar complicações mais graves, como o desenvolvimento de lesões pré-cancerígenas.
A importância da vacinação na adolescência
A vacinação contra o HPV é uma estratégia fundamental de saúde pública para reduzir a incidência de cânceres relacionados ao vírus. Aplicada na adolescência, ela garante maior resposta imunológica e protege contra os tipos mais agressivos do HPV, o que pode diminuir significativamente os casos de infecção e câncer de colo do útero. A vacina contra o HPV é segura e essencial para a saúde dos adolescentes, contribuindo para a erradicação das doenças associadas ao vírus. A imunização, aliada a outras formas de prevenção, é a melhor forma de proteção.
Arboviroses
A Secretaria da Saúde (Sesa) também alerta a população sobre os cuidados com a prevenção e proliferação das arboviroses, como dengue, chikungunya, Zika e a Oropouche, durante o Carnaval, para aqueles que planejam viajar para áreas de maior incidência dessas doenças, ou acampar e passar o feriado em locais com risco elevado da presença dos vetores das arboviroses.
É essencial reforçar os cuidados, ao escolher locais com alta infestação de “maruim”, evitar exposição principalmente nos horários da manhã e à tarde, quando esses vetores tem maior predisposição para picar as pessoas, utilizar mosquiteiros, adotar o uso de repelentes e roupas compridas que podem ajudar a diminuir as picadas, manter o ambiente sempre limpo e locais arejados, são medidas importantes a serem adotadas.
Para reduzir os riscos da infecção pela dengue, chikungunya e Zika, é fundamental eliminar possíveis criadouros, evitando o acúmulo de água parada em recipientes, calhas, pneus e vasos de plantas, até tampas de garrafas e folhas caídas ao chão, são dicas importantes a serem seguidas, a fim de evitar a proliferação dos vetores.
Em caso que apresentem sintomas, como febre, dores no corpo, manchas avermelhadas na pele, dor de cabeça ou outros sinais sugestivos de arboviroses, as pessoas devem buscar atendimento médico o quanto antes, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) mais próximas, onde é possível realizar exames e obter o tratamento adequado.
A Sesa reforça que a participação da população é essencial para evitar a propagação dessas doenças e garantir um Carnaval mais seguro e saudável para todos.