Apesar da volatilidade de preços no setor que mais utiliza os minerais críticos, o de veículos elétricos e energias renováveis, as previsões de crescimento da demanda são fortes, segundo os analistas da Project Blue. Em apresentação feita durante o XI Simexmin, Márcio Goto, que representa a empresa no Brasil, previu que a produção de minerais como grafita, níquel, lítio e terras raras deverá crescer de forma acentuada nos próximos anos, para atender à demanda que será gerada.
No caso da grafita, projeções feitas mostram que haverá uma necessidade adicional de produção anual da ordem de 3,1 milhões de toneladas até 2034, já que a demanda atual deverá ser multiplicada por três. Isto quer dizer que o mundo precisará de 37 novas minas ou expansão de minas, considerando a capacidade atual das instalações existentes. Márcio Goto salientou que o Brasil tem três projetos, com capacidades variando entre 20 e 25 mil toneladas/ano. Considerando que o Brasil possui a segunda maior reserva de grafita no mundo, há possibilidades de que o País participe mais ativamente desse crescimento projetado da produção.
Para o níquel, a Project Blue estima uma necessidade adicional de produção da ordem de 1,9 milhão de toneladas, até 2034, já que a demanda projetada será 60% maior. “Numa estimativa simplificada, seriam necessárias 67 novas minas (ou expansões de minas) para atender essa demanda, considerando a capacidade média de produção dos projetos de minas”, diz Márcio Goto. Hoje o Brasil tem uma participação modesta na produção de níquel, notadamente o níquel sulfetado, para uso em baterias de veículos elétricos. O único produtor de níquel sulfetado no País atualmente é a Atlantic Nickel, do grupo Appian Capital Brazil, no estado da Bahia. Em termos de novos projetos, há o projeto Jaguar, da Centaurus Metals, no Pará, que está em fase final de estudo de viabilidade. Outro projeto em perspectiva é o da Horizonte Minerals, o Vermelho, também no Pará. Porém a empresa, que estava implantando o projeto Araguaia, paralisou as obras e requereu recuperação judicial.
No lítio, as previsões apresentadas por Goto indicam que serão necessárias mais 2,5 milhões de toneladas além da capacidade atual, o que implicaria na implantação de 227 novas minas (ou expansões) até 2034. Neste caso o Brasil tem um potencial importante, porque além dos projetos da Sigma Lithium (expansão) há novos empreendimentos como os da Lithium Ionic, Atlas Lithium, AMG Brasil e outros.
Quanto às terras raras, as estimativas do Project Blue apontam para uma demanda adicional de 38 mil toneladas até 2034, o que significaria uma demanda 50% maior do que a atual. E aqui o Brasil pode ter participação relevante, pois além do projeto da Mineração Serra Verde, em iniciou produção em 2024, há os projetos da Aclara Resources, Meteoric Resources e Viridis Mining, além de outros que estão em fase de exploração mineral. (Por Francisco Alves)