Logo cedo, a polícia cumpriu mandado de prisão contra o cabo da PM. Ao chegarem em sua residência, Denis contou por telefone que não estava em casa e que, mais tarde, se entregaria à polícia.
Enquanto isso, na cidade de Barra de São Francisco, no bairro Vila Landinha, a polícia também prendia Yan Krislan Pereira Dias, 26 anos. Ele foi localizado após a polícia receber a informação de que ele estava escondido na casa da namorada. Foi feito um cerco no imóvel e a prisão realizada. Ele também é suspeito de participar do sequestro do adolescente.

Um quinto homem, identificado pela polícia como Alex Nascimento Paixão, de 24 anos, está sendo procurado. Ele aparece em imagens de uma câmera de segurança, ao lado de Yan, com um casaco preto de listras brancas, após o sequestro, em São Mateus, no Norte do estado.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Douglas Caus, falou sobre as prisões desta terça.
“A Polícia Militar faz um trabalho de missão de redução dos indicadores de criminalidade. Ela tem feito um trabalho excepcional no estado. E nesse caso específico existe um inquérito da Polícia Civil, onde tem uma prisão temporária decretada. Esse policial vai ser recolhido até o quartel do comando-geral. Obviamente, ele vai constituir advogado, vai ser aberto um processo, uma sindicância dentro da Polícia Militar, processo apuratório dentro da nossa instituição, para dizer a todo cidadão capixaba que qualquer ação nossa no combate, no enfrentamento, é aberta um procedimento apuratório”, disse.
Caus frisou que qualquer ação de policial fora da atividade também é aberta a um procedimento. “Com certeza, a Polícia Militar vai apurar o caso com rigor para ter certeza dos fatos. Já está apurando, a sindicância já está aberta para que a Polícia Militar possa, dentro do prazo de 30 dias, reunir todas as provas para fazer um relatório. Ninguém pode intervir no trabalho para que tenha lisura e imparcialidade”, completou.
O desaparecimento de Lázaro completou dezenove dias nesta terça-feira (1°). O jovem foi visto pela última vez ao sair de casa para entregar uma televisão que teria sido vendida por um amigo.
O que diz a defesa do PM
A defesa de Denis Marchiore divulgou nota informando que o policial “não praticou qualquer dos crimes que lhe estão sendo imputados no bojo da investigação que apura o suposto sequestro do menor identificado como Lázaro”.
A nota diz ainda que, “desde o primeiro momento em que tomou conhecimento da investigação, Denis Marchiore, por meio de seu advogado, se colocou espontaneamente à disposição da autoridade policial para prestar todos os esclarecimentos necessários, tendo inclusive comparecido à Delegacia de Polícia Civil”.
O advogado se mostrou surpreso com o cumprimento de mandado de prisão temporária, “mesmo diante de sua postura colaborativa e de boa-fé”. E completou dizendo que “confia plenamente na Justiça e acredita que, ao final da apuração, ficará comprovada a total inocência de Denis Marchiore”.
A Associação das Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiro Militar do Estado do Espírito Santo (ASPRA-ES) informou que tomou conhecimento do caso envolvendo o militar em questão e colocou o jurídico à disposição do policial. “Vamos acompanhar os desdobramentos da investigação e nos colocamos à disposição para eventuais esclarecimentos”, disse a nota.

O caso é tratado como sequestro e três suspeitos de envolvimento no crime já estão presos, entre eles Felipe Silva Rodrigues, de 24 anos, amigo do adolescente. Ele esteve na delegacia e pediu informações sobre a suposta negociação da televisão com a vítima. Os outros dois homens, de 35 e 24 anos, não tiveram os nomes divulgados.
A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), informou que os três suspeitos estão no Centro de Detenção Provisória de São Mateus.
A Polícia Civil (PCES) informou que o caso do desaparecimento do adolescente Lázaro Airan dos Santos Pereira, de 17 anos, segue sob investigação pela Delegacia de Especializada de Investigações Criminais (Deic) de São Mateus e está sob sigilo.
A PC disse também que o policial militar se apresentou no 13º Batalhão da Polícia Militar após tomar ciência do mandado de prisão temporária em seu desfavor. O indivíduo foi conduzido à Delegacia Regional de São Mateus, onde foi dado cumprimento ao mandado. Após os procedimentos de praxe, ele será encaminhado ao presídio militar.
Relembre o caso
Lázaro Airan dos Santos Pereira, de 17 anos, desapareceu após descer do apartamento onde mora com a família para entregar uma televisão que havia sido vendida por um amigo, no Centro de São Mateus, no dia 12 de junho.
Sem conseguir contato com o filho, ainda no dia do desaparecimento, a mãe de Lázaro, Taiane Souza dos Santos, de 36 anos, ligou para colegas e amigos do jovem e soube da saída para atender o suposto pedido de um amigo. No dia, seguinte (13), a mulher fez um Boletim de Ocorrência (BO).
Cinco dias após o sumiço, Felipe Silva Rodrigues, de 24 anos, amigo de Lázaro, foi preso, ao ser apontado pela investigação como suspeito de envolvimento na emboscada e desaparecimento do adolescente.
Felipe esteve na Delegacia Regional da cidade para buscar informações sobre o caso, mas foi reconhecido pela equipe policial.

“Ele esteve na delegacia para tentar se eximir de uma eventual responsabilização penal. Declarou que, na data dos fatos, esteve em frente a um restaurante, onde teria realizado uma suposta negociação com a vítima. Segundo ele, o encontro visava à venda de um aparelho televisor pelo valor de R$ 650, sendo o item oriundo de furto. Ainda conforme o suspeito, após o suposto acordo, o aparelho foi colocado em um veículo Fiat Siena, de cor chumbo escuro, pertencente a um amigo”, explicou o delegado na ocasião.
Felipe foi autuado em flagrante pelos crimes de sequestro e receptação, já que foi verificado que a TV era um objeto furtado. O aparelho foi encontrado na casa do suspeito no lado sul de Guriri, balneário de São Mateus.
Nesse mesmo dia, a Polícia Civil afirmou que o caso havia deixado de ser tratado como desaparecimento e passou a ser investigado como sequestro.
Duas semanas depois do crime, na manhã de quinta-feira (26), policiais civis cumpriram duas ordens de prisão em Guriri, expedidas pela Justiça, contra dois suspeitos, de 35 e 24 anos, de participarem do sequestro e desaparecimento. A polícia não divulgou os nomes e outros detalhes.
O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça de São Mateus, informou que vem acompanhando, desde o início, as investigações do caso em questão, além de prestar todo apoio e amparo aos familiares sempre que solicitado. Mas não passou mais detalhes porque os autos tramitam em segredo de Justiça.

Taiane Souza dos Santos, mãe do adolescente, disse que no dia 12 de junho um colega do filho pediu que ele entregasse uma televisão que estava a venda. Lázaro pegou a TV e desceu para aguardar a chegada do amigo.
A mãe comentou sobre o último momento que viu o filho.
“Um homem chegou e abordou meu filho. Depois, chegou um carro e tinha umas cinco ou seis pessoas dentro. Abordaram meu filho, pegaram a TV e ficaram com ele por uns 45 minutos, forçando ele a mandar mensagem para o amigo dele, dono da TV. Em um primeiro momento, o menino falou que ia, e aí eles ficaram esperando esse intervalo. Passou um tempo, o menino disse que não ia mais. Meu filho mostrou a mensagem para eles e nesse momento, colocaram ele no carro, levaram e sumiram”, pontuou a mãe.
O jovem é o filho mais velho e tem outras duas irmãs. A mãe comentou que o adolescente trabalha em um lava-jato desde os 14 anos e que desde o desaparecimento não teve mais notícias do filho.
Com informações do G1/ES











