A rescisão de contrato de trabalho é um direito garantido aos trabalhadores, mas, infelizmente, nem sempre é cumprida dentro do prazo estabelecido. Situações de atraso por parte da empresa podem gerar preocupação e até dificuldades financeiras, especialmente quando o trabalhador depende desse valor para arcar com despesas essenciais. Entender os direitos e os passos a seguir é fundamental para lidar com essa situação de forma segura e assertiva.
Entenda os prazos legais da rescisão
O primeiro passo para agir quando a empresa atrasa a rescisão é compreender os prazos previstos pela legislação trabalhista. Segundo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a rescisão deve ser paga até 10 dias corridos após o término do contrato de trabalho. Este prazo é válido tanto para rescisão sem justa causa quanto para demissão por acordo entre empregado e empregador.
Caso o aviso prévio seja trabalhado, a contagem de dias começa a partir do último dia de efetivo trabalho. Se o aviso prévio for indenizado, o prazo de 10 dias passa a contar a partir do término do contrato.
O descumprimento desse prazo gera consequências legais para a empresa. Ela está sujeita ao pagamento de multa equivalente ao salário do empregado, além dos valores devidos pela rescisão. Por isso, conhecer a lei ajuda a identificar se a situação realmente configura atraso e quais medidas podem ser tomadas.
Verifique os valores devidos na rescisão
Além do prazo, é essencial conferir os valores que devem constar na rescisão. A rescisão de contrato de trabalho inclui diferentes verbas, que podem variar de acordo com a modalidade de desligamento. Entre os principais componentes, destacam-se:
- Saldo de salário: referente aos dias trabalhados no mês da demissão.
- Aviso prévio: pode ser trabalhado ou indenizado.
- Férias vencidas e proporcionais: incluindo o adicional de um terço previsto em lei.
- Décimo terceiro salário proporcional: referente aos meses trabalhados no ano da demissão.
- Outras verbas específicas: como horas extras não pagas, comissões, gratificações ou benefícios que a empresa concedia regularmente.
Conferir cuidadosamente cada item garante que o trabalhador saiba exatamente quanto deve receber e evita surpresas ao buscar seus direitos. Caso haja divergências, é importante registrá-las antes de acionar qualquer medida legal.
Tente resolver de forma amigável
Antes de recorrer à Justiça, é recomendável tentar uma negociação direta com a empresa. Muitas vezes, o atraso acontece por problemas administrativos ou bancários, e uma conversa pode resolver a situação de maneira rápida.
Algumas medidas práticas incluem:
- Entrar em contato com o setor de Recursos Humanos: explique a situação e pergunte sobre o motivo do atraso e a previsão de pagamento.
- Registrar a comunicação: envie e-mails ou mensagens formais, para que fique registrado o pedido de esclarecimento.
- Manter a calma e o profissionalismo: agir de forma amigável aumenta as chances de acordo sem desgaste desnecessário.
Mesmo que a tentativa de negociação não seja bem-sucedida, ter registros dessa comunicação é útil caso seja necessário tomar medidas legais posteriormente.
Acione os órgãos competentes
Se a empresa não cumprir o prazo e a negociação direta não surtir efeito, é hora de recorrer aos órgãos responsáveis pela fiscalização dos direitos trabalhistas. Existem diferentes caminhos para buscar a regularização:
- Sindicato da categoria: muitos sindicatos oferecem orientação gratuita e podem intermediar a negociação entre empregado e empregador.
- Ministério do Trabalho e Emprego (MTE): este órgão fiscaliza o cumprimento da legislação trabalhista e pode emitir notificações à empresa.
- Justiça do Trabalho: se todas as tentativas anteriores falharem, o trabalhador pode ajuizar uma ação trabalhista. A Justiça do Trabalho tem competência para determinar o pagamento da rescisão, incluindo multa e correção de valores devidos.
É importante reunir toda a documentação possível, como contracheques, contrato de trabalho, e-mails e mensagens trocadas com a empresa. Esses registros servem como provas para reforçar a ação do trabalhador.
Previna problemas futuros e mantenha seus direitos
Embora atrasos na rescisão sejam uma situação desagradável, existem formas de se proteger e minimizar prejuízos futuros. Algumas dicas práticas incluem:
- Mantenha um controle financeiro pessoal: guarde informações sobre salários, benefícios e datas de pagamentos, facilitando a conferência de valores devidos.
- Conheça seus direitos: estudar a CLT e consultar o sindicato da categoria ajuda a identificar quando a empresa está descumprindo a lei.
- Guarde registros de comunicação: e-mails, mensagens e protocolos de atendimento podem ser úteis caso seja necessário recorrer à Justiça do Trabalho.
- Evite aceitar acordos desfavoráveis: muitas empresas oferecem pagamentos parciais ou parcelados; analise cuidadosamente antes de aceitar.
- Considere apoio jurídico especializado: advogados trabalhistas podem orientar sobre os direitos, cálculos e procedimentos, garantindo que o trabalhador receba o que lhe é devido sem perder prazos importantes.
Adotar essas práticas não apenas ajuda a lidar com o atraso de forma eficaz, mas também fortalece a segurança do trabalhador em futuras relações profissionais.
Considerações finais
O atraso no pagamento da rescisão é uma situação que, embora comum, não deve ser ignorada. Conhecer os prazos legais, conferir os valores devidos, tentar a negociação amigável e acionar os órgãos competentes são passos essenciais para garantir que os direitos sejam respeitados.
Manter registros detalhados e buscar apoio especializado, seja por meio do sindicato ou de advogados trabalhistas, aumenta a chance de receber a rescisão corretamente, incluindo multas e correções devidas.
No fim, estar informado é a melhor forma de transformar um momento de incerteza em ação assertiva e garantir que a relação trabalhista seja encerrada de maneira justa, com todos os direitos assegurados










