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Imagem da Mãe Peregrina completa 115 anos de devoção em Nova Venécia

A imagem de Nossa Senhora Mãe Peregrina, até recentemente reverenciada como Nossa Senhora dos Anjos, foi esculpida para a extinta capela fundada pelos migrantes cearenses, no Córrego da Boa Esperança, em Nova Venécia, no ano de 1909, tendo o senhor Joaquim Firmino da Costa, um dos guardiões da imagem. A informação é de Cíntia Zaché, da Rede Notícia.

“Podemos afirmar que, essa é a devoção Mariana mais antiga no município de Nova Venécia, tem 115 anos, tendo em vista que a Nossa Senhora Auxiliadora do Rio Preto, que data de 1892, fica em terras do município de São Mateus, apesar de, desde o final dos anos 1950, ter sido incorporada à Paróquia de São Marcos”, explica o historiar Rogério Frigério Piva.

Piva ainda narra que: “O último proprietário do terreno onde existiu a primeira capela com a imagem, foi o meu trisavô materno, chamado Joaquim Firmino da Costa, pai da minha bisavó Conceição, mãe de meu avô João Frigério, ainda vivo, e com mais de 100 anos. Ele nasceu em 1923”, diz.

De acordo com o historiador, o senhor Joaquim, migrou do Ceará para o antigo município de São Mateus, na chamada Seca dos Três Oitos (1888), junto à outras famílias que foram estabelecidas no sertão do município de São Mateus, na região da Serra dos Aymorés, hoje município de Nova Venécia.

“A imagem da Mãe Peregrina, que depois de sair do Córrego da Boa Esperança, próximo a Pedra do Elefante, logo abaixo de Serra de Cima e “peregrinar” pelo Córrego da Água Preta, retornou para próximo de seu lugar de origem, na Serra de Baixo, para um Santuário que vem nos lembrar do amor de nossa Mãe Maria, seja dos Anjos, de Guadalupe ou Peregrina, não importa. O que importa é que, ela é nossa advogada, junto ao Pai, e, intercede pelas almas de todos aqueles pequeninos que, no decorrer da história, foram massacrados pelas crueldades dos homens no mundo. Maria Peregrina, rogai por nós!”
Rogério Frigério Piva, historiador

Com a morte do senhor Joaquim, em 1929 e, após a venda do terreno, que provavelmente foi incorporado à antiga fazenda de Felippe Abrahão da Costa (pai do senhor Xaph Abrahão da Costa), a imagem migrou do Córrego da Boa Esperança, para o Córrego da Água Preta e, permaneceu na residência do senhor Cícero Costa, sendo exibida na varanda de sua casa, já que ainda não havia sido construída uma nova capela para alberga-la.

“Anos mais tarde, provavelmente década de 1940, foi construída uma nova capela para ela, na Água Preta, na terra de Cassimiro Galvão. Com o êxodo rural, a partir dos anos 1960, ela foi levada para uma nova capela, cujo titular é o Cristo Redentor, na Água Preta (vizinha ao Assentamento do Pip-Nuk), para onde também se levou uma imagem de outra capela, que também havia sido extinta, dedicada a São Valentim. Ao que consta, teria se escolhido o Cristo Redentor, devido a disputa entre os devotos de São Valentim e Nossa Senhora dos Anjos, para não menosprezar, nem um e nem outro”, explica Piva.

Atualmente, a imagem, que está bem conservada, recebeu uma repintura, que alterou a pintura original ou, a última então conhecida. “Conforme observações do padre Wellington Cristiano, da Paróquia São Marcos de Nova Venécia, apesar de sempre ser identificada como Nossa Senhora dos Anjos, ela tem um aspecto imagético, que guarda semelhanças com a padroeira da América Latina, Nossa Senhora de Guadalupe”, pontua o historiador.

“Essa relação de Maria com os povos originários de nosso continente faz todo sentido. Segundo contava a senhora Conceição, filha de Joaquim Firmino da Costa (e que foi uma das “rezadoras” da primeira capela) a sua nora, Emília, seu pai tinha ascendência indígena no Ceará e, talvez isso explique porque os anjos, que estão aos pés de Maria nesta imagem, tenham feições indígenas”, contextualiza Rogério.

Durante a festa, será lançada a oração e a música da Mãe Peregrina da Gameleira

Devoção no entorno da atual APA Pedra do Elefante

A sua devoção surgiu nove anos após um massacre indígena ocorrido na região da Neblina (no entorno da atual APA Pedra do Elefante), no qual, os corpos dos indígenas mortos, teriam sido enterrados em vala comum próximo ao mesmo Córrego da Boa Esperança, onde, alguns quilômetros abaixo de seu , em direção ao Rio Cricaré, se ergueu a pequena capela de alvenaria no ano de 1909, cuja primeira Missa teria sido celebrada em 1910, provavelmente pelo padre Carlo Regattieri.

Conta ainda o historiador que, em 2024 a comunidade da Água Preta entregou a imagem de madeira centenária para Paróquia São Marcos e ela ficará no templo, que está sendo construído na Gameleira pela Paróquia São Marcos.

“E a imagem da Mãe Peregrina, que depois de sair do Córrego da Boa Esperança, próximo a Pedra do Elefante, logo abaixo de Serra de Cima e “peregrinar” pelo Córrego da Água Preta, retornou para próximo de seu lugar de origem, na Serra de Baixo, para um Santuário que vem nos lembrar do amor de nossa Mãe Maria, seja dos Anjos, de Guadalupe ou Peregrina, não importa. O que importa é que, ela é nossa advogada, junto ao Pai, e, intercede pelas almas de todos aqueles pequeninos que, no decorrer da história, foram massacrados pelas crueldades dos homens no mundo. Maria Peregrina, rogai por nós!”, finaliza.

» Comemoração em homenagem aos 115 anos de devoção acontece neste sábado
» Missa será presidida pelo bispo Dom Paulo Bosi Dal’Bó
Após a Nissa, programação conta com barraquinhas de comidas

Programação

Festa da Mãe Peregrina (Gameleira)
Sábado (25/05)
12h – início da caminha saindo da Matriz
14h – Saída do ônibus da matriz
15h – Santa Missa Solene presidida pelo bispo Dom Paulo (após a missa haverá barracas com comidas)

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