A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio da Divisão Especializada de Repressão às Ações Criminosas (Draco), deflagrou, na última quinta-feira (28), a Operação “Renocrim” e prendeu quatros homens, de 21, 24, 25 e 26 anos, investigados pelo crime de estelionato e associação criminosa. A investigação apurou que os indivíduos utilizaram vários cartões de benefícios clonados e efetuaram compras, principalmente de bebidas, em diversos supermercados. O prejuízo causado pelos investigados à empresa que administra os cartões de benefício passa de R$ 1 milhão em nível nacional.
As informações foram divulgadas em coletiva nessa segunda-feira (02), na Chefatura de Polícia Civil. A operação fez parte de uma cooperação de uma força-tarefa da Rede Nacional de Unidades Especializadas de Enfrentamento das Organizações Criminosas (Renocrim) e foi realizada em vários estados do País pelo Ministério da Justiça.
Segundo o chefe da Divisão Especializada de Repressão às Ações Criminosas, delegado Tarik Halabi Souki, o grupo tinha como alvo cartões-alimentação, cujos dados eram clonados e utilizados para realizar compras em supermercados, principalmente de bebidas alcoólicas e energéticos, produtos que, posteriormente, eram revendidos no mercado clandestino.
Segundo a investigação, os suspeitos tiveram acesso privilegiado ao banco de dados da empresa, obtendo informações sigilosas, como número dos cartões, nomes dos beneficiários, senhas e saldos. “De posse dessas informações, eles clonaram os cartões e os distribuíram para indivíduos que chamavam de “lagartos’. Os ‘lagartos’ eram responsáveis por realizar compras vultuosas nos supermercados”, explicou o delegado Tarik Halabi Souki.
A operação cumpriu diversos mandados de busca e apreensão nos municípios de Vila Velha, Cariacica e Guarapari. Durante as diligências, foram apreendidos 21 comprimidos de ecstasy, duas porções de haxixe, 28 porções de maconha e 36 porções de cocaína, além de diversos cartões clonados. “Os quatro indivíduos presos eram os responsáveis por passar os cartões nos caixas. Imagens de videomonitoramento mostram claramente os suspeitos em posse de vários cartões, verificando senhas e utilizando-os para realizar compras de alto valor”, acrescentou o delegado.
O esquema veio à tona após a empresa de cartões identificar uma série de reclamações de funcionários, que relataram que seus cartões estavam sem saldo, mesmo após os créditos terem sido disponibilizados. “A recorrência desse problema chamou atenção da empresa, que constatou que os cartões estavam sendo clonados e utilizados indevidamente. Quando começaram a investigar, perceberam que o prejuízo já ultrapassava milhões de reais”, disse Tarik.
A investigação apontou que o grupo criminoso tinha ramificações em outros estados e utilizava técnicas sofisticadas para acessar os dados da empresa. “Esses métodos ainda estão sob investigação e, por questões estratégicas, não podemos divulgar os detalhes no momento. Nosso objetivo agora é chegar aos responsáveis pela distribuição dos produtos e pelo fluxo financeiro gerado pelo esquema, que possivelmente tem conexão com o narcotráfico”, enfatizou o delegado.