Um dos indicadores mais utilizados para a análise geral de perdas de água no país, o Índice de Perdas na Distribuição tem apresentado, ano após ano, uma piora. O aumento no indicador foi de dois pontos percentuais, ao levar em consideração apenas os últimos 5 anos. A constatação veio após o estudo “Perdas de água 2023 (SNIS 2021): desafios para disponibilidade hídrica e avanço da eficiência do saneamento básico no brasil”, do Instituto Trata Brasil em parceria com a GO Associados.
Para o professor e ambientalista José Francisco, as questões do saneamento precisam ser bem administradas por todos os gestores e diz que os serviços são todos parte de um mesmo planejamento de melhoria dos serviços.
“Uma água de boa qualidade chegando nas casas, uma água de boa qualidade sendo lançada nos corpos receptores após um tratamento — é o desejável tanto do ponto de vista ambiental, quanto do ponto de vista de saúde pública. Isso requer com que muitos setores, tanto os setores produtivos brasileiros quanto o setor público, tenham compromissos”, analisa.
De acordo com o levantamento, é possível observar que a redução de 25% no volume de água não faturada — água potável produzida que se perde no sistema de distribuição — resultaria no potencial de abastecimento de água potável para mais de 25,7 milhões de brasileiros em um ano . Ou seja, mais de três quartos da quantidade de habitantes sem acesso ao abastecimento de água só em 2021.
Impacto perdas
Para entender o impacto do controle de perdas, considerando-se somente as perdas físicas (vazamentos), o estudo mostra que o volume (3,8 bilhões de m³) seria suficiente para abastecer aproximadamente 67 milhões de brasileiros em um ano.
O técnico de planejamento e pesquisa na Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Ipea,Gesmar Rosa dos Santo acredita que a universalização do saneamento básico passa pela eficiência no controle de perdas de água. Para ele, esse indicador está entre os gargalos a serem superados pelo país
“Saneamento é infraestrutura. É caro e as pessoas não conseguem, não têm conhecimento em sua casa, pessoas mais simples do meio rural, aí você imagina quilombolas, seringueiros, ribeirinhos, outros povos tradicionais, têm muita dificuldade de entender o que fazer, achar a tecnologia mais adequada, dar manutenção e fazer o projeto para fazer uma instalação. Custam milhares de reais para fazer um sistema melhorado de esgotamento sanitário e de abastecimento de água”.
Regiões com pior índice
Conforme o estudo, a situação de perdas é maior na região Norte, que demonstra o quadro mais grave ao se referir à precariedade dos serviços básicos. O IDP é, 51,16%. Em seguida, o Nordeste também aparece com um número elevado com perda de 46,15% da água potável nos sistemas de distribuição.
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil