O motorista francisquense Arilton Bastos Alves, 41 anos também conhecido como “Alemão Boy”, disse para a Polícia Civil de Minas Gerais que fugiu, depois do trágico acidente com um ônibus em Teófilo Otoni, na BR 116, con 41 mortos, porque entrou em pânico.
Detalhes do depoimento na delegacia da cidade foram divulgados pelo jornal O Tempo, de Belo Horizonte, e atribuídos ao advogado Raony Scheffer, também de Barra de São Francisco, que foi à cidade mineira acompanhar Arilton em sua apresentação na Delegacia de Polícia, após o período do flagrante.
A defesa do motorista da carreta envolvido no acidente com 41 mortes na BR-116 garante que ele estava “habilitado e apto para dirigir”. Arilton foi ouvido e liberado, pois a Justiça de Minas Gerais negou o pedido de prisão preventiva.
CNH SUSPENSA
A declaração foi dada pelo advogado que o representa, após o motorista ser ouvido e liberado pela Polícia Civil em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri. Além disso, foi apresentada outra versão sobre o acidente.
Em coletiva no domingo (22), a Polícia Militar informou sobre a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do homem. Contudo, segundo o advogado Raony Scheffer, houve uma “decisão judicial que revogou a suspensão”. A reportagem questionou as autoridades sobre essa decisão e aguarda retorno.
Sobre o acidente, o advogado alega, com base no relato do motorista da carreta, que “o ônibus invadiu a mão de direção dele [motorista da carreta] e que ele precisou fazer um leve movimento para a direita, para não colidir”. A versão afirma que, apesar da manobra, o coletivo bateu no segundo semirreboque.
O advogado também contou que o motorista fugiu após entrar em “pânico”. “Ele saiu porque, naquele momento, desceu da carreta para verificar o que aconteceu e entrou em pânico, em virtude de ver a gravidade do acidente. Ele se preocupou também com a sua integridade física e proteção pessoal e não tinha condições de prestar apoio, assistência ou socorro”, contou.
Os corpos das vítimas foram transferidos, na noite de sábado, de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, para o Instituto Médico Legal (IML) em Belo Horizonte, e estão sendo periciados para identificação. Até o momento, 14 vítimas já foram identificadas e seis corpos foram liberados.
A Polícia trabalha com a linha de investigação de que o bloco de granito transportado por Arilton desde o Ceará para uma empresa de Barra de São Francisco se deslocou e atingiu o ônibus.
Porém, os integrantes de um outro veículo, que vinha logo atrás e ficou preso embaixo da carroceria da carreta, sobreviveram e sustentam, em vários depoimentos para a imprensa, que o carro deles foi ultrapassado pelo ônibus e que viram o pneu traseiro direito do ônibus estourar pouco antes do acidente.
De acordo com esses depoimentos, depois do estouro do pneu, o ônibus se desestabilizou na pista e teria invadido a contramão, o que teria causado o acidente. O bloco de granito, portanto, teria caído com o choque e não antes dele.
O delegado e porta-voz da Polícia Civil de Minas, Saulo Castro, não descarta a versão apresentada pela defesa. “Todas as informações, imagens e relatos de feridos estão sendo analisados. A informação inicial das testemunhas feridas no carro de passeio indicava que o pneu do ônibus teria estourado”, explicou.
Foto da capa: Thiago Cardoso (publicado pela Itatiaia)