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Dia Nacional de Combate à Tuberculose: aplicativo contribui para evitar interrupção do tratamento

A conscientização sobre o combate à Tuberculose é lembrada neste domingo (17), com o objetivo de intensificar os esforços para erradicá-la e demonstrar as consequências da doença, que tem tratamento e cura. Trata-se de uma doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões, mas pode afetar outros órgãos. 

Apesar de ser uma doença muito antiga, a tuberculose é um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Segundo dados do Sistema de notificação e-SUS Vigilância em Saúde (e-SUS VS), o Espírito Santo registrou, em 2022, 1.637 novos casos de tuberculose. Em 2023, foram registrados 1.863 novos casos. Já em 2024, de janeiro a outubro, com dados preliminares, foram 1.511 novos casos registrados no Espírito Santo 

Para auxiliar no enfrentamento à doença, o aplicativo ANA foi desenvolvido pelo Observatório da Tuberculose no Espírito Santo (Observa TB) para predizer o risco de interrupção de tratamento por uma pessoa com o diagnóstico de tuberculose pulmonar. O projeto é realizado pelo Programa de Qualificação das Redes de Vigilância em Saúde (PQRVS), do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi), em parceria com o Laboratório de Epidemiologia (LabEPI), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

“ANA é uma ferramenta de tecnologia que está em fase de teste, permitindo ao serviço de saúde classificar quais pessoas têm o risco elevado de interrupção do tratamento, possibilitando a redução de possíveis pioras no estado de saúde e propondo estratégias de adesão para reduzir as vulnerabilidades. Isso só foi possível por meio da parceria e da integração entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Sistema Único da Assistência Social (SUAS)”, explicou a coordenadora do Observa TB, Carolina Sales. 

Outra iniciativa do projeto é a orientação aos municípios da Região Metropolitana de Saúde para que cada um estabeleça um fluxo que integre o SUS e o SUAS, permitindo que o paciente com tuberculose seja atendido pela Saúde e também assistido pela Assistência Social. Os acometidos pela doença são, em sua maioria, pessoas em situação de vulnerabilidade social. 

Óbitos por tuberculose

Quanto aos óbitos no Espírito Santo, segundo dados extraídos do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), foram registrados 114 óbitos por tuberculose em todo o ano de 2022, sendo que, no período de janeiro a agosto, foram 60 em pessoas do sexo masculino e 17 pessoas do sexo feminino. 

No ano de 2023, 132 óbitos foram registrados e, no período de janeiro a agosto, foram 72 óbitos de homens e 13 óbitos de mulheres.

Já em 2024, de janeiro a agosto, 115 óbitos ocorreram no Espírito Santo por tuberculose. Desses, 87 foram em pessoas do sexo masculino e 24 pessoas do sexo feminino.

A tuberculose

É uma doença de transmissão aérea e se instala a partir da inalação de aerossóis oriundos das vias aéreas, durante a fala, espirro ou tosse das pessoas com tuberculose ativa (pulmonar ou laríngea), que lançam no ar partículas em forma de aerossóis contendo bacilos. Calcula-se que, durante um ano, em uma comunidade, um indivíduo que tenha baciloscopia positiva pode infectar, em média, de 10 a 15 pessoas.

Sintomas

Os sintomas da infecção por Tuberculose podem ser observados quando o indivíduo apresenta tosse há mais de três semanas, febre no fim do dia, suor noturno, falta de apetite, perda de peso, cansaço e dor no peito. Esses sinais são importantes indicadores, especialmente se combinados, pois a tuberculose pode progredir e se tornar grave sem o tratamento adequado.

Tratamento

A porta de entrada para o diagnóstico e o trato da doença é na Atenção Primária à Saúde (APS) e o cidadão pode se dirigir à Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima a sua moradia para a realização dos primeiros atendimentos e direcionamento ao tratamento, de acordo com a especificidade de cada caso, sempre com acompanhamento contínuo para garantir a adesão ao tratamento e evitar a propagação da doença.

Vacinação com BCG

A vacina BCG (bacilo Calmette-Guérin), ofertada no SUS, protege a criança das formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a tuberculose meníngea. É uma das vacinas mais antigas ainda em uso, implementada globalmente no século passado, especialmente em países com alta prevalência de tuberculose.

A tuberculose miliar ocorre quando a bactéria se dissemina pela corrente sanguínea, afetando múltiplos órgãos e tecidos. Os sintomas incluem febre persistente, fraqueza, perda de peso e sintomas relacionados aos órgãos afetados, como fígado, baço e pulmões. Essa forma pode evoluir rapidamente, levando à falência múltipla de órgãos e risco de vida.

A meningite tuberculosa, por outro lado, é uma infecção das meninges, as membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. A doença apresenta sintomas como febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez na nuca e alterações neurológicas, incluindo convulsões e perda de consciência. Essa condição pode causar sequelas graves, como danos neurológicos permanentes, que incluem comprometimentos motores, perda de audição, déficit cognitivo e, em casos mais extremos, paralisia e morte.

O diretor do Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES), Rodrigo Ribeiro Rodrigues, explica que a vacina BCG, embora não previna todas as formas de tuberculose, tem um papel essencial em reduzir casos da doença e a mortalidade infantil associadas às formas graves. “Ela continua sendo uma importante medida de saúde pública, especialmente em regiões onde a tuberculose ainda é prevalente, protegendo populações vulneráveis e ajudando a reduzir o impacto dessa doença globalmente”, frisou.

A vacina está disponível nas salas de vacinação das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e maternidades. Essa vacina deve ser dada às crianças ao nascer, ou, no máximo, até os quatro anos, 11 meses e 29 dias.

Tratamento da Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis (ILTB) ou Tratamento preventivo da Tuberculose (TPT)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que um terço da população mundial está infectada pelo Mycobacterium tuberculosis e em risco para desenvolver a doença. O tratamento para a chamada tuberculose latente (quando ainda não houve o desenvolvimento da doença) também está disponível no SUS. 

É uma importante estratégia de prevenção para evitar o desenvolvimento da tuberculose ativa, especialmente nos contatos domiciliares, nas crianças e nos indivíduos com condições especiais, como imunossupressão pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).

 

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