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O que a ciência diz sobre a “ressaca”, considerada como a ‘ansiedade depois de beber’

*Blair Aitken , Universidade de Tecnologia de Swinburne e Rebecca Rothman , Universidade de Tecnologia de Swinburne / Revista The Conversation Você teve uma ótima...

O que a ciência diz sobre a “ressaca”, considerada como a ‘ansiedade depois de beber’

*Blair Aitken , Universidade de Tecnologia de Swinburne e Rebecca Rothman , Universidade de Tecnologia de Swinburne / Revista The Conversation

Você teve uma ótima noite, mas, na manhã seguinte, a ansiedade bate: seu coração dispara e você repete na cabeça todas as conversas da noitada anterior. Essa sensação, conhecida como ansiedade da ressaca ou “hangxiety”,afeta cerca de 22% das pessoas que bebem socialmente.

Enquanto para algumas é um leve nervosismo, para outras é uma onda de inquietação que parece impossível de ser superada. As “angústias de domingo” podem fazer com que você se sinta em pânico, com muito medo e incapaz de relaxar.

A ansiedade da ressaca pode fazer com que até mesmo as tarefas mais simples pareçam esmagadoras. Veja por que isso acontece e o que você pode fazer a respeito.

A ressaca é a maneira de o corpo se recuperar após o consumo de álcool, trazendo consigo uma série de sintomas.

A desidratação e a interrupção do sono desempenham um papel importante nas fortes dores de cabeça e náuseas que muitos de nós conhecemos muito bem depois de uma noitada. Mas as consequências não são apenas físicas – há também um forte lado mental.

O álcool é um depressor do sistema nervoso, o que significa que ele altera o comportamento de determinados mensageiros químicos (ou neurotransmissores) no cérebro. Ele relaxa aumentando o ácido gama-aminobutírico (GABA), o neurotransmissor que o deixa calmo e reduz as inibições. Também, diminui o glutamato, que desacelera seus pensamentos e ajuda a deixá-lo em um estado mais relaxado.

Em conjunto, essas interações afetam o humor, as emoções e o estado de alerta. É por isso que, quando bebemos, geralmente nos sentimos mais sociáveis, despreocupados e dispostos a baixar a guarda.

À medida que os efeitos da bebida passam, seu cérebro trabalha para reequilibrar essas substâncias químicas, reduzindo o GABA e aumentando o glutamato. Essa mudança tem o efeito oposto ao da noite anterior, fazendo com que o cérebro se torne mais excitável e superestimulado, o que pode levar a sentimentos de inquietude.

Então, por que algumas pessoas têm ansiedade de ressaca, enquanto outras, não? Não há uma resposta clara para essa pergunta, pois vários fatores podem influenciar o que alguém sente relacionado à ressaca.

Para alguns, é simplesmente uma questão de quanto beberam ou de quão hidratados estão. Mas a genética também pode desempenhar um papel importante.Pesquisas mostram que seus genes podem explicar quase metade do motivo pelo qual você acorda com ressaca, enquanto seu amigo, talvez, não sinta o mesmo.

Como os genes influenciam a maneira como seu corpo processa o álcool, algumas pessoas podem apresentar sintomas mais intensos, como dores de cabeça ou desidratação. Esses efeitos físicos mais fortes podem, por sua vez, desencadear ansiedade durante a ressaca, tornando-o mais suscetível à “ansiedade de ressaca”.

Um dos culpados mais comuns pela aflição no dia seguinte costuma ser o que você faz enquanto bebe.

Digamos que você tenha tido uma grande noite e não consegue se lembrar de uma conversa que teve ou de algo que fez. Talvez você tenha agido de uma forma da qual, agora, se arrepende ou se sente envergonhado. Você pode se fixar nesses pensamentos e ficar preso em um ciclo de preocupação e ruminação. Esse ciclo pode ser difícil de quebrar e pode fazer com que você se sinta mais ansioso.

Pesquisas sugerem que as pessoas que já lutam com sentimentos de ansiedade no dia a dia são especialmente vulneráveis.

Algumas bebem álcool para relaxar após um dia estressante ou para se sentirem mais confortáveis em eventos sociais. Isso, geralmente, leva a um consumo mais intenso, o que pode tornar os sintomas da ressaca mais graves. Isso também pode iniciar um ciclo de beber para se sentir melhor, tornando ainda mais difícil de escapar dos sintomas.

A melhor maneira de evitar a ansiedade da ressaca é limitar o consumo de álcool. As diretrizes australianas recomendam não beber mais do que dez doses padrão por semana e não mais do que quatro doses padrão em um único dia.

Geralmente, quanto mais você bebe, mais intensos podem ser os sintomas da ressaca e pior você, provavelmente, se sentirá.

Uma jovem mulher sentada em um sofá amarelo segura a cabeça e um copo de água.
Algumas pessoas podem beber mais álcool para se sentirem mais confortáveis em situações sociais. Crédito: LADO/Shutterstock

A mistura de outras drogas com álcool também pode aumentar o risco de ansiedade. Isso é especialmente verdadeiro no caso de drogas para festas, como ecstasy ou MDMA, que proporcionam uma euforia temporária, mas podem levar à ansiedade à medida que o efeito passa e você começa a se sentirmal.

Se você acordar se sentindo ansioso:

  • concentre-se na recuperação física para ajudar a aliviar a tensão mental
  • beba bastante água, faça uma refeição leve e dê a si mesmo tempo para descansar
  • experimente a meditação mindfullness ou exercícios de respiração profunda, especialmente se a ansiedade o mantiver acordado ou se sua mente estiver acelerada
  • considere a possibilidade de escrever em um diário. Isso pode ajudar a reenquadrar os pensamentos ansiosos, colocar seus sentimentos em perspectiva e incentivar a autocompaixão
  • converse com um amigo próximo. Isso pode lhe proporcionar um espaço seguro para expressar suas preocupações e se sentir menos isolado.

A ‘hangxiety’ é uma convidada indesejável depois de uma noitada. Entender por que ela ocorre – e como você pode controlá-la – pode tornar a manhã seguinte um pouco menos assustadora e ajudar a manter esses pensamentos aflitivos afastados.


Blair Aitken , pesquisadora de pós-doutorado em psicofarmacologia, Swinburne University of Technology e Rebecca Rothman , candidata a doutorado em psicologia clínica, School of Health Sciences, Swinburne University of Technology

Este artigo foi republicado do The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original .

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