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Valor de produção da silvicultura e da extração vegetal cresce 11,2% e soma R$ 37,9 bilhões

Editoria:
Estatísticas Econômicas

| Vinícius Britto
| Arte: Licia Rubinstein

  • Destaques

  • Em 2023, o valor da produção florestal atingiu o recorde de R$ 37,9 bilhões, com alta de 11,2% em relação a 2022, e produção em 4.924 municípios.
  • Valor de produção da silvicultura cresceu 13,6% e atingiu R$31,7 bilhões. Na extração vegetal, o valor de produção praticamente não variou em relação a 2022, registrando R$ 6,2 bilhões.
  • Área de silvicultura somou 9,7 milhões de hectares, dos quais 78,1% são de eucalipto, usado principalmente na indústria de celulose.
  • Minas Gerais continua com o maior valor da produção da silvicultura, chegando a R$ 8,3 bilhões em 2023, ou 26,0% do total. O estado é o maior produtor de carvão vegetal, com 88,1% do volume nacional.
  • General Carneiro (PR) manteve a liderança no ranking de valor da produção da silvicultura, alcançando R$ 577,7 milhões em 2023 mesmo sofrendo queda de 8,4%.
  • O grupo dos produtos madeireiros, que teve a maior participação no valor da produção do extrativismo (64,2%), registrou um pequeno aumento de 0,5% frente ao ano anterior, depois de uma redução de 0,2% em 2022.
  • Os estados de Mato Grosso e do Pará responderam por 62,6% da quantidade total extraída de madeira em tora, representando 79,1% do valor de produção desse produto.
  • Em 2023, a soma do valor da produção de produtos extrativos não madeireiros registrou redução de 0,9%, totalizando R$ 2,2 bilhões. O açaí, com R$ 853,1 milhões, e a erva-mate, com R$ 589,6 milhões, são os produtos que mais geram valor de produção.
Área plantada da silvicultura somou 9,7 milhões de hectares, dos quais 78,1% são de eucalipto, e valor de produção atingiu R$ 31,7 bilhões – Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias

O valor da produção florestal atingiu em 2023 o recorde de R$ 37,9 bilhões, com alta de 11,2% e produção em 4.924 municípios. O valor da produção da silvicultura continua superando o da extração vegetal, o que ocorre desde o ano 1998. A silvicultura manteve a trajetória de crescimento dos últimos anos ao atingir o valor de R$ 31,7 bilhões, alta de 13,6% em relação ao alcançado em 2022.

Já a extração vegetal se manteve estável, com variação de 0,0% em relação ao ano anterior, quando havia variado 0,2%. Assim, o valor de produção alcançado em 2022 se manteve em R$ 6,2 bilhões. Os dados são da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) 2023, divulgada hoje (26), pelo IBGE.

“Podemos analisar que muito desse crescimento no valor da produção da silvicultura vem dos preços dos produtos. Percebemos aumentos na quantidade produzida de produtos, mas o principal fator foram os preços. Como um exemplo, a madeira em tora cresceu 3,0% em quantidade e 28,1% em valor”, destaca o gerente de Agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes.

O pesquisador explica, ainda, que persiste a tendência de crescimento da silvicultura no valor de produção do setor em detrimento ao extrativismo vegetal. O que não significa que a extração vegetal esteja diminuindo e, sim, que o valor dos produtos da silvicultura esteja crescendo. Em 2023, a silvicultura teve participação de 83,6% no valor da produção florestal enquanto a extração vegetal registrou 16,4%. Essa distribuição havia sido de 81,5% e 18,5%, respectivamente, em 2022.

Em 2023, houve acréscimo de 2,5% nas áreas de florestas plantadas no país, ou mais 238,0 mil hectares. A área total da silvicultura é de 9,7 milhões de hectares, dos quais, 7,6 milhões são de eucalipto, usado predominantemente na indústria de papel e celulose. Juntos, eucalipto e pinus foram responsáveis pela cobertura de 96,3% das áreas de silvicultura para fins comerciais no país.

Entre as regiões, Centro-Oeste (13,5%), Sudeste (1,1%) e Norte (0,2%) apresentaram crescimento em 2023 enquanto pequenas reduções, de 0,5% e 0,1%, foram observadas nas regiões Nordeste e Sul, respectivamente.

“Um destaque observado pela pesquisa em 2023 foi esse crescimento em direção ao Centro-Oeste, principalmente o Mato Grosso do Sul que aumentou a área com silvicultura e assumiu a segunda maior área de florestas plantadas. Isso não necessariamente sinaliza uma substituição de outras áreas, mas uma expansão”, salienta o gerente de Agricultura do IBGE.

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a celulose ocupou o décimo lugar no ranking das exportações totais do país em 2023 (2,3%), com 19,1 milhões de toneladas exportados, que geraram 7,9 bilhões de dólares, uma redução de 5,3% em relação a 2022.

O setor da madeira em tora para papel e celulose permanece com tendência de alta, atingindo o valor de R$ 11,7 bilhões, crescimento de 19,4% no valor da produção, após o crescimento de 35,4% registrado no ano anterior. “O Brasil é o maior exportador mundial de celulose. Os principais destinos em 2023 foram China, Estados Unidos, Países Baixos e Itália”, pontua o pesquisador.

A participação dos produtos madeireiros segue preponderante no setor da silvicultura, representando 98,2% do valor da produção florestal. O conjunto dos produtos madeireiros com origem em áreas plantadas para fins comerciais registrou aumento de 15,4% no valor da produção, enquanto naqueles decorrentes da extração vegetal o aumento foi de 0,5%.

Entre os produtos madeireiros da silvicultura, houve registro de crescimento do valor da produção em todos os grupos, sendo mais acentuado na lenha, que aumentou 20,6%. O valor da produção da madeira destinada à fabricação de papel e celulose cresceu 19,4%; o carvão vegetal, 6,5%; e a madeira em tora para outras finalidades 16,2%.

A extração vegetal registrou aumento no valor gerado em 2019 (6,8%), 2020 (5,8%) e 2021 (31,6%), mas em 2022 registrou redução de 0,3% e em 2023 apresentou uma pequena redução de R$ 132 mil em valores correntes. Enquanto os produtos madeireiros respondem pela quase totalidade do valor da produção da silvicultura (98,2%), na extração vegetal esse grupo representa 64,2%, seguido pelos alimentícios (29,9%), ceras (3,6%), oleaginosos (1,6%) e outros (0,7%).

Na silvicultura, Minas Gerais tem o maior valor de produção: R$ 8,3 bilhões

Minas Gerais continua com o maior valor da produção da silvicultura, que cresceu 7,5%, chegando a R$ 8,3 bilhões em 2023, ou 26,0% do total da silvicultura. O estado é o maior produtor de carvão vegetal, com 88,1% do volume nacional.

O Paraná vem em segundo em valor de produção de florestas plantadas, R$ 5,1 bilhões. É o maior produtor de madeira em tora para outras finalidades, responsável por 38,1% da produção nacional. A produção cresceu 9,2%, alcançando 22,9 milhões de metros cúbicos, e o valor da produção subiu 19,1%, chegando a R$ 2,8 bilhões em termos nominais.

Em área plantada, Minas Gerais segue registrando a maior área coberta com espécies florestais plantadas do país, com 2,1 milhões de hectares, o que representou um crescimento de 1,7% em relação ao ano anterior, sendo sua quase totalidade ocupada por eucalipto (97,4%). Mato Grosso do Sul aumentou sua área com silvicultura em 15,2%, assumindo a segunda maior área de florestas plantadas, com 1,4 milhão de hectares, dos quais 99,5% são plantios de eucalipto. São Paulo registra 1,2 milhão de hectares, um crescimento de apenas 0,1%, perdendo a segunda posição para Mato Grosso do Sul.

Entre os 10 municípios com as maiores áreas de florestas plantadas do Brasil, cinco estão em Mato Grosso do Sul; três, em Minas Gerais; um, no Rio Grande do Sul; e um, na Bahia.

Quatro municípios sul-mato-grossenses ocupam as primeiras posições de área plantada no país, sendo destaques Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas, que apresentaram as maiores áreas de florestas plantadas, com 325,0 mil hectares (aumento de 29,3%) e 288,0 mil hectares, (aumento de 9,1%), respectivamente.

“Acompanhando o crescimento da Região Centro-Oeste e do Mato Grosso do Sul, um ponto relevante observado em 2023, em nível municipal, foi essa presença de mais municípios do estado no ranking das florestas plantadas no Brasil”, aponta Guedes.

Buritizeiro é o município com a maior área plantada de silvicultura em Minas Gerais. Na Bahia, o destaque é Caravelas, enquanto no Rio Grande do Sul, sobressai-se Encruzilhada do Sul, cujas áreas praticamente são divididas entre eucalipto e pinus. Esses três últimos municípios fazem parte de áreas de influência de complexos industriais voltados à fabricação de papel e celulose.

Paraná lidera produção nacional de lenha da silvicultura

Com uma quantidade estimada de 13,8 milhões de metros cúbicos, o que corresponde a 24,9% do total nacional, o Paraná também foi destaque na produção de lenha com origem em florestas plantadas. O Rio Grande do Sul foi o segundo maior produtor de lenha, alcançando 12,2 milhões de metros cúbicos, 21,9% do total nacional. A Região Sul responde por 61,0% da produção nacional de lenha.

General Carneiro é o município de maior valor de produção na silvicultura

O município de General Carneiro (Paraná), mesmo sofrendo uma redução de 8,4%, liderou o ranking de valor da produção da silvicultura, alcançando um total de R$ 577,7 milhões em 2023. O município, que é grande produtor de madeira em tora para outras finalidades, sofreu uma queda de 17,2%, assim como na madeira em tora para papel e celulose que registrou redução de 3,4%. Destaque para o crescimento de 275,0% na quantidade e de 348,1% no valor da produção de carvão vegetal.

João Pinheiro (Minas Gerais), segundo município no ranking de valor da produção da silvicultura, com R$ 575,0 milhões, foi destaque na produção de carvão vegetal, com 437,2 mil toneladas, gerando R$ 524,7 milhões, um crescimento de 8,9% e que corresponde a 91,2% do valor da produção silvicultural do município.

Ribas do Rio Pardo (Mato Grosso do Sul) passou de nono para terceiro maior município em valor da produção da silvicultura, gerando R$ 414,8 milhões, destaque na produção de madeira em tora para papel e celulose, com 4,1 milhões de metros cúbicos, aumento de 28,1% em termos de volume, na comparação com o ano anterior. O valor da produção subiu 47,2%, gerando R$ 331,2 milhões em termos nominais.

Extração vegetal repete 2022 e gera R$ 6,2 bilhões em valor de produção em 2023

Em 2023, o valor da produção obtido por meio da extração vegetal apresentou uma redução de R$ 132,0 mil, totalizando R$ 6,2 bilhões, o que evidencia certa estabilidade em relação a 2022. Dos grupos de produtos que compõem a exploração extrativista na pesquisa, foram registrados decréscimos no valor da produção de ceras (18,8%), gomas não elásticas (100,0%) e nó-de-pinho (8,7%).

O grupo dos produtos madeireiros, que apresentou a maior participação no valor da produção do extrativismo (64,2%), registrou um pequeno aumento de 0,5% frente ao ano anterior, após uma redução de 0,2% em 2022. Portanto, mostrou uma estabilidade nos últimos três anos. Até 2020, a exploração extrativista de madeira vinha perdendo espaço no País, sendo gradativamente substituída pela originada em florestas cultivadas. Entretanto, em 2021, houve um grande aumento influenciado pela produção de madeira em tora.

Os estados de Mato Grosso e do Pará responderam, juntos, por 62,6% da quantidade total extraída de madeira em tora, representando 79,1% do valor da produção desse produto. O Pará, que em 2022 voltou a ultrapassar Mato Grosso, permanece como o maior produtor de madeira em tora também em 2023, alcançando 5,0 milhões de metros cúbicos, com um aumento de 5,0% em sua extração.

Açaí e erva-mate mantêm maior valor de produção entre os não madeiros

Em 2023, a soma do valor da produção dos produtos não madeireiros registrou redução de 0,9%, totalizando R$ 2,2 bilhões. O grupo de produtos alimentícios, o maior entre os produtos não madeireiros da extração vegetal, apresentou aumento do valor da produção (0,9%), totalizando R$ 1,85 bilhão.

O açaí amazônico é coletado de uma palmeira nativa regional, concentrando 92,1% de sua extração na Região Norte. Em 2023, essa produção foi de 238,9 mil toneladas, 3,3% abaixo da obtida no ano anterior. Em termos de valor nominal, apresentou aumento de 2,8%, totalizando R$ 853,1 milhões. O Pará registrou a maior produção de açaí, com 167,6 mil toneladas, o que representa 70,2% do total nacional. Com o aumento de 1,7% na quantidade e de 1,4% no valor da produção, essa unidade da federação alcançou R$ 651,1 milhões.

No ranking dos 10 municípios que registraram os maiores volumes, em 2023, oito são paraenses, sendo que o município de Limoeiro do Ajuru segue ocupando a posição de maior produtor nacional de açaí extrativo, respondendo, sozinho, por 21,3% do total nacional, com uma variação positiva de 2,0% em relação a 2022.

A extração de erva-mate, que se concentra na Região Sul, gerou o segundo maior valor da produção entre os produtos não madeireiros, com R$ 589,6 milhões, registrando redução de 9,1% na comparação com 2022. A produção foi de 425,8 mil toneladas, com diminuição de 3,6% frente ao ano anterior. No Paraná, que detém 87,0% da produção nacional, encontram-se as 10 municipalidades que obtiveram a maior produção de erva-mate em 2023, destacando-se São Mateus do Sul como a de maior volume extraído, com 15,3% do total nacional, e com um crescimento de 3,2% em relação ao divulgado na pesquisa anterior.

Sobre a pesquisa

A PEVS 2023 traz informações sobre área, quantidade produzida e valor da produção a partir da exploração de florestas plantadas (silvicultura) e dos recursos vegetais naturais (extrativismo vegetal).

O extrativismo vegetal contempla 37 itens, com destaque para os produtos madeireiros, alimentícios, ceras e oleaginosos. Na silvicultura, são investigados sete produtos, incluindo carvão vegetal, lenha, madeira em tora e resina.