Expectativas irreais e comparação podem levar a uma percepção distorcida e desencadear problemas de autoestima nos homens.
O tamanho do órgão sexual masculino ainda é um tabu para a sociedade, sendo motivo de preocupação e curiosidade. Dúvidas sobre o comprimento médio, o impacto no tempo de ejaculação e a eficiência de cirurgias para aumento costumam ser frequentes entre os homens.
De acordo com uma publicação do World Population Review (WPR), deste ano, o tamanho médio do pênis humano varia entre 12,9 e 13,9 centímetros. Para a realização da estimativa, foram analisados 142 países. Na lista, o Sudão aparece na primeira posição, com a média de 17,9 centímetros. Em último está a Tailândia, com a média de 9,4 centímetros.
A publicação reforça que os números devem ser encarados com cautela, já que a maioria dos estudos sobre o assunto depende de dados autorrelatados, que podem ser facilmente distorcidos em comparação com medições laboratoriais.
Devido à importância atribuída ao tamanho do órgão em muitas sociedades, é possível que homens com pênis maiores sejam mais propensos a se voluntariar para esse tipo de estudo, fator que também poderia distorcer o conjunto de amostras.
Além disso, a média pode variar de acordo como o pênis é medido, seja flácido ou ereto, conforme explica o chefe do Departamento de Cirurgia Afirmativa de Gênero da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Ubirajara Barroso. O médico analisa que a superestimação do tamanho ocorre por causa do simbolismo de virilidade, poder e força masculina. Outro aspecto é o mito de que o pênis grande causaria um prazer maior para a parceria.
As variações de tamanho são consideradas normais, assim como as diferenças de altura e formas corporais. Porém, há pessoas que têm expectativas irreais e se comparam aos padrões da mídia e da pornografia, levando a uma percepção equivocada sobre o assunto.
A falta de educação sexual e a cultura que associa tamanho à virilidade podem desencadear problemas de autoestima e, até mesmo, a dismorfia, transtorno que envolve a preocupação obsessiva com falhas na aparência, muitas vezes, imaginárias ou exageradas.
Existe uma preferência por tamanho na hora do sexo?
Apesar das crenças em torno da influência do tamanho do pênis na obtenção de prazer, quando se trata de sexo, as preferências variam de pessoa para pessoa, o que se reflete na variedade de produtos vendidos em sex shops, que vão do micropênis ao dildo com mais de 30 centímetros.
Pesquisa realizada na Universidade de Kent, na Inglaterra, avaliou diversos tipos de sex toys e revelou que, nem sempre, ser grande é um indicador de popularidade. Os dados publicados na revista Journal of Sex Research mostram que as mulheres preferem brinquedos com média de 12,3 centímetros. São diversas as opções para o prazer sexual, como vibradores e capa peniana texturizada. Também há aqueles que nem simulam a penetração, como os sugadores.
Mayumi Sato, CMO da Sexlog, rede social voltada para encontros sexuais, contou à imprensa que a maior parte das mulheres relata não atingir o orgasmo por meio da penetração vaginal e, portanto, o tamanho do pênis não é tão importante quanto outras habilidades, como a comunicação, o toque e a intimidade emocional.
A empresária concorda que a percepção de que “quanto maior o pênis, maior o prazer” é uma ideia perpetuada, principalmente, pela pornografia e a leitura erótica, porém isso não é uma garantia. Há casos em que o tamanho pode acabar atrapalhando.
46% dos homens têm interesse em cirurgia
Segundo o urologista Fernando Facio, coordenador do Departamento de Andrologia, Reprodução e Sexualidade da SBU, 46% dos homens gostariam de aumentar o pênis. Ele ressalta que o interesse é motivado por questões como se sentir poderoso e ter maior segurança para se expor na academia ou no banho depois do futebol.
Entretanto, o aumento peniano é indicado apenas para quem tem algum problema, como má formação, micropênis e amputação por trauma ou cirurgias, como as oncológicas. O urologista Ubirajara Barroso explica que, antes de indicar qualquer procedimento, é preciso conversar com o paciente.
Segundo Barroso, muitas vezes, o homem subestima o tamanho do pênis ao se comparar com os outros. Ele relata que, quando mostra que o comprimento está na média, diversos pacientes acabam desistindo da ideia da cirurgia.
O aconselhamento psicológico pode ser uma boa opção para ajudar a abordar o assunto e fazer com que as pessoas entendam e aceitem suas características naturais, promovendo uma imagem corporal mais saudável e positiva.