O Brasil deve enfrentar uma mudança de temperatura brusca no mês de agosto. Segundo o Climatempo, uma nova onda de calor deve atuar sobre o país a partir do domingo (18). A previsão aponta que o frio do início da semana vai se deslocar e a onda de calor deve durar pelo menos até o dia 22 de agosto.
De acordo com o Climatempo, uma nova e forte massa de ar quente está se estabilizando na região central, o que favorece o aumento das temperaturas. Após a recente e forte atuação de uma massa de ar frio, com recordes de baixas temperaturas no país, a chegada da massa de ar quente cria um contraste significativo.
A mudança brusca de temperatura traz alerta para a saúde dos brasileiros, em especial, dos moradores das áreas cujas temperaturas atingirem de 5 °C a 7 °C acima da média nos próximos dias, por exemplo, em parte dos estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e de São Paulo.
Confira o mapa com a previsão de temperaturas para os dias 18 a 22 de agosto:
(MAPA)
O meteorologista consultor climático e ex-diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Francisco de Assis Diniz, explica que a onda de calor que chega ao país é proveniente de um bloqueio atmosférico causado pelos ventos na alta atmosfera, formado entre a Argentina e o Rio Grande do Sul. Segundo ele, esses ventos na alta atmosfera são conhecidos como correntes de jato e, ao passar dos dias, o ar quente e seco fica mais intenso.
“Quando eles estão no sentido de oeste para o leste ou noroeste para o sudeste, aí eles bloqueiam a passagem das frentes frias, não deixam chegar nada no Brasil. E aí fica predominando ar quente e seco em grande parte do país, especialmente em toda a parte central. E esse ar quente e seco, na proporção que vai passando dias, vai ganhando mais energia e ficando mais forte”, afirma Diniz.
Francisco de Assis Diniz menciona, ainda, que o bloqueio atmosférico vai ser rompido lá pelo dia 21, 22: “quando ele se romper vai passar uma frente fria, e o ar frio que vem à retaguarda dessa frente fria avança, pegando mais a parte sul e com algumas localidades da região sudeste, com a parte central do Brasil”, explica.
Impactos à saúde e como se proteger
O Climatempo alerta para o cenário de tempo seco associado à baixa umidade relativa do ar, que pode dificultar a respiração. Além disso, a situação exige maior hidratação.
O pneumologista do Hospital Anchieta, Brasília (DF), Daniel Boczar, destaca que as crianças até 5 anos de idade e idosos acima de 65 anos devem ser prioridade na atenção aos cuidados com a saúde. Isso porque os pequenos possuem um sistema imune ainda em desenvolvimento e, no caso dos idosos, o sistema imunológico está enfraquecido e eles são mais propensos a infecções.
Segundo Daniel Boczar, as alterações bruscas de temperatura contribuem para uma série de sintomas que causam diversos prejuízos ao organismo. Ele destaca que gripes e alteração de pressão arterial são algumas consequências.
“Além de alterar a resposta do sistema imune com a produção de menos anticorpos, temperaturas instáveis aumentam os riscos de infecções como gripes, resfriados, sinusites, pneumonias e gastroenterites. Afetam os batimentos cardíacos, a pressão arterial, diminuem o diâmetro dos vasos sanguíneos, levando a um aumento de eventos cardiovasculares como AVC e infarto”, diz Boczar.
A mudança brusca de temperatura também modifica as características das secreções das vias aéreas, “desencadeando crises de asma, rinites, por exemplo, e levam ao ressecamento da pele dos olhos com as dermatites e conjuntivites”, salienta Boczar.
Confira dicas do especialista para se proteger:
- Manter uma alimentação equilibrada com a ingestão de frutas, legumes e verduras;
- Hidratação frequente com água de acordo com o peso da pessoa;
- Manter a pele e os olhos hidratados;
- Ter uma boa ventilação em casa e em ambientes fechados;
- Certificar a manutenção dos aparelhos de ar condicionado e umidificadores;
- Manter a boa higiene das mãos;
- Não visitar pessoas que estiverem doentes;
- Evitar ambientes com aglomeração;
- Procurar auxílio médico quando necessário.
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil