A Companhia Brasileira do Alumínio (CBA) e a Reservas Votorantim assinaram um termo para oficializar o Legado Verdes do Cerrado, como a primeira Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável de Goiás, nova categoria de Unidade de Conservação no Estado, tornando-se também a primeira do bioma Cerrado no Brasil. A solenidade foi promovida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), em comemoração à Semana do Meio Ambiente, e contou com a presença do vice-governador Daniel Vilela e da secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andréa Vulcanis. O documento foi assinado simbolicamente pelo gerente-geral de Sustentabilidade da CBA, Leandro Campos de Faria, e pelo diretor executivo da Reservas Votorantim, David Canassa. A Semad-GO abriu um chamamento para consulta pública instaurada até o dia 6 de junho e, no caso de não haver manifestações contrárias, a nomenclatura passa a valer oficialmente a partir da veiculação da portaria no dia 7 de junho.
Localizado em Niquelândia, o Legado Verdes do Cerrado é uma iniciativa pioneira na conservação do Cerrado, com um modelo de gestão que alia negócios da economia tradicional com a economia verde, através do múltiplo uso da terra em 32 mil hectares de território. A CBA protege grande parte do Cerrado na região e a partir de 2017, investe no Legado Verdes do bioma com o novo modelo de negócios que foi implementado. Em 2024, a CBA e a Reservas Votorantim, administradora do território, assinaram um protocolo de intenções com o governo do Estado de Goiás, para transformar os núcleos Engenho e Santo Antônio da Serra Negra (de propriedade da CBA), em Niquelândia, na primeira Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável de Cerrado no País. Nos últimos anos, o projeto recebeu investimentos que permitiram o registro de 1.670 espécies da fauna e flora aquática e terrestre, das quais uma delas integra a lista de novas descobertas mundiais; a formação de um dos maiores bancos de sementes de espécies nativas; recuperação e proteção de nascentes, além de um projeto inédito de crédito de carbono no bioma Cerrado na América Latina.
O trabalho de monitoramento da fauna e da flora existentes no território registrou que a Reserva abriga 12% de toda flora do bioma, sendo que deste total, 2% são de espécies endêmicas do Cerrado. Outro destaque nas pesquisas com flora foi a descoberta da Erythroxylum niquelandense, uma planta com propriedades que podem ser utilizadas em medicamentos para o tratamento de doenças como o câncer e Aids, integrando a lista de novas descobertas mundiais, publicada em um artigo na revista científica Phytotaxa Magnolia Press, da Nova Zelândia.
A Reserva Legado Verdes do Cerrado também possui um Centro de Biodiversidade, que une pesquisa científica com a produção de espécies nativas da flora. O espaço tem capacidade para produzir 250 mil mudas anuais e, atualmente, atende à demanda de projetos de restauração, principalmente nos estados de Goiás e Minas Gerais. “O Brasil se comprometeu com a meta de restaurar 12 milhões de hectares de áreas degradadas até 2030. Deste total, cinco milhões estão localizados no Cerrado. Portanto, iniciativas, como o banco de sementes e o Centro de Biodiversidade são essenciais para contribuir com as metas nacionais e internacionais de desenvolvimento sustentável, como as elencadas pela Década da Restauração, instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas)”, diz David Canassa, diretor da Reservas Votorantim, empresa gestora do Legado Verdes do Cerrado.
A conservação dos recursos hídricos também é uma preocupação da CBA, que investe na conservação do rio Traíras, um dos mais importantes da região. Este corpo hídrico é responsável pelo abastecimento de todo município de Niquelândia, com 46 mil habitantes, compreendendo a bacia hidrográfica de Tocantins. Junto ao Rio da Almas, é uma das vertentes que leva água para o quinto maior lago do Brasil, o lago artificial da usina Serra da Mesa, o maior do Brasil em volume de água, com 54,4 bilhões de m³. Além da conservação de matas ciliares e a recuperação de áreas degradadas dentro e fora dos limites da Reserva, até o momento, o investimento total em iniciativas voltadas à conservação do Rio Traíras já ultrapassou R$ 300 mil reais.
Foto: Brasil Mineral/Reprodução