Da coleção de registros de Edivaldo Lima, que tem um museu virtual da região Noroeste, vem essa expressiva foto de Ecoporanga em 1960 e a pergunta: onde está a floresta que estava aqui?
O Norte do Espírito Santo tinha mais de 70% de seu território coberto por matas em 1940. Mas foi ali que começou o grande movimento migratório para ocupar terras devolutas da região. Exploradores do Sul do Estado, do Sul da Bahia, do leste e Nordeste de Minas Gerais, do Norte do Rio de Janeiro foram ocupando o território.
Sem legislação, sem consciência, o bicho homem foi comendo as florestas até o que está hoje, muitas áreas em processo de desertificação, o que somente não é pior por causa do plantio de café, a despeito da monocultura. Melhor café do que pastagens, pelo menos para a conservação do solo.
Na foto de 1960, Ecoporanga é devastada pelos extratores de árvores. O mesmo se tem em todo o Norte capixaba e Sul da Bahia.
Um mito surgiu nessa época, Rainor Grecco, filho de imigrantes italianos, que ocuparam as terras na região de Matilde, em Alfredo Chaves. Rainor foi apontado pela Enciclopédia Britanica como terceiro maior desmatador do mundo.
Numa entrevista ao jornalista italiano Giuseppe Bizzarri, cedida à revista “Caros Amigos”, em fevereiro de 1998, confrontado com a informação de que teria derrubado 6 milhões de árvores, Rainor não demonstava nenhum arrependimento por isso.

“Vá saber… Botando árvores abaixo como botei, é realmente dificil dizer, ainda mais depois que comecei a usar
motosserra. Ouando se iniciou o uso da motosserra, еu sempre tinha 180, duzentos homens trabalhando com as
máquinas. Abri fazendas sem parar. Eu punha abaixo, o que se podia aproveitar se aproveitava, no resto se tacava fogo. Este era meu contrato com o colono. Portanto, não desminto que derrubei, derrubei florestas direto. Porque esta era a minha profissão. Éramos pagos e premiados pelos fazendeiros para derrubar, e os fazendeiros eram financiados pelos bancos.Entende? Sim, derrubei florestas deixando o solo pelado. Entre todos os fazendeiros para os quais trabalhei, só em pouquíssimos casos, oito ou dez, no máximo, me pediram para só derrubar certas árvores e deixar outras”.
O senhor trabalhou só no Espírito Santo e no sul da Bahia?
“Não, no Brasil todo. Amazônia, Brasil central, até o Rio Grande do Sul. E praticamente em todos os continentes, desde países como a a Dinamarca, a Finlândia, Rússia. As pessoas me contratavam como um pistoleiro. Como se eu devesse matar alguém. Pagаvam- me para eu fazer derrubadas em lugares delicados, nos quais era conveniente usar gente de fora. Eram trabalhos não muito limpos”. (Da Redação com arquivos de Edivaldo Lima e revista Carlos Amigos)











