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Câmara aprova taxação de 15% sobre lucro de multinacionais

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (17) o projeto de lei que taxa em pelo menos 15% o lucro de empresas multinacionais instaladas...

Falta ética à Rede Globo, por Álvaro José Silva

* Alvaro José Silva

Trabalhei em imprensa diária durante três décadas e no jornal que mais vendia no Estado. Tinha uma norma de comportamento: jamais invadia pauta especial de concorrente se tomasse conhecimento dela antecipadamente e nunca, em situação alguma, censurava trechos de entrevistas que obtinha com fontes minhas ou de repórteres a mim subordinados, sobretudo quando as falas eram exclusivas.

Uma vez um entrevistado, em plena ditadura militar, chamou de “moleque de recados” um dirigente esportivo também deputado estadual da ARENA. Publiquei. No dia seguinte seu Eugênio Queiroz, diretor Presidente da Rede Gazeta me interpelou: “Seu Álvaro, ele é nosso deputado! Moleque de recados?”.

Respondi: “Perdão seu Eugênio, mas o entrevistado confiou em mim e eu não podia cortar uma declaração sua que não continha palavrões. Respondo na empresa ou fora dela por essa matéria”. Ele sorriu, bateu no meu ombro e encerrou o assunto.

Há um compromisso ético entre fonte e jornalista quando de entrevistas, sobretudo se eu consigo de alguém importante uma fala exclusiva. E foi isso o que a excelente repórter Sônia Bridi conseguiu com o presidente Lula após a alta deste.

A Rede Globo colocou um “caco” na matéria editada para defender a Lava Jato e lembrar processo judicial respondido por Lula e, simplesmente, retirou do ar o trecho da declaração deste na qual defendia a isenção de pagamento de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, bem como criticava os chamados super salários. É uma conduta eticamente imperdoável. Se acontecesse comigo, eu nunca mais daria entrevista a esse meio de Comunicação.

E essa não é a primeira vez que tal acontece. Numa das campanhas presidenciais passadas (a primeira depois da ditadura), num debate de Lula com Fernando Collor, a Globo editou os piores momentos do petista e os melhores do outro para passar no Jornal Nacional. Um escândalo e houve explicações posteriores! É possível que o alagoano vencesse a eleição mesmo com uma edição correta do material, mas o meio de Comunicação não tem o direito de agir dessa forma, escolhendo lado em edição de material jornalístico. Outra vez a maior rede nacional de jornal, rádio, TV e internet do Brasil escorrega na casca de banana. Não deve ter sido sem querer…

Muita gente chama de demagógica a promessa de Lula, outros aplaudem e isso é questão de ponto de vista. Também há setores críticos da taxação dos super ricos e eles realmente pagam muito pouco ou quase nada de impostos no Brasil, pois são protegidos por esquemas que envolvem apoio incondicional de setores do Legislativo em uma legislação feita sob encomenda para beneficiá-los. Isso é fato!

O mínimo que se pode esperar do jornalismo é que se comporte com isenção e dignidade na produção de material jornalístico. E é bom fazer dessa forma porque depois de um dia de muita luta, de edições de todo tipo de noticiário, a gente chega em casa, vai para debaixo do chuveiro e sai de lá limpo.

* Álvaro José Silva é jornalista, escritor, membro da Academia Espirito-Santense de Letras

Falta ética à Rede Globo, por Álvaro José Silva

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