Ao chegar na propriedade do Fernando Benevides, a 13 km do centro de Presidente Kennedy, no Sul do Espírito Santo, já é possível ver a exuberância dos frutos produzidos no local. Pesquisador da pitaya há mais de seis anos, o produtor já testou mais de 100 variedades da fruta em sua propriedade e, agora, investe na produção de espécies híbridas. A reportagem é de Ana Elisa Bassi, Matheus Passos, g1 ES e TV Gazeta.
A pitaya é considerada uma fruta exótica, de origem na América Central. Mas se adaptou bem ao clima capixaba e despontou com uma opção rentável para a diversificação agrícola da região, que historicamente tem como carro-chefe a produção de leite.
De acordo com o secretário de Agricultura de Presidente Kennedy, Nerivon Bayerl, o município enxergou essa possibilidade e ampliou o programa de incentivo à fruticultura juntamente com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
“Usamos a aptidão do produtor, como é o caso do Fernando com a pitaya. Ajudamos no trabalho de estruturação da propriedade, com o fornecimento de mourões, arames, assistência técnica, adubo, calcário, mudas, entre outros. Com isso, estamos atraindo mais produtores para o cultivo da pitaya”, explicou Nerivon.
Na propriedade do Fernando Benevides são mais de 7 mil pés de pitaya. Desde o terceiro ano de produção, ele consegue colher até 30 toneladas da fruta. Entre pesquisas e testes, o produtor já teve até 100 variedades de pitaya, como a rosa, a amarela, a vermelha e a branca por dentro.
Pitaya produzida em Presidente Kennedy. — Foto: TV Gazeta
“A pitaya não tem uma cultura difícil, mas é preciso atenção com as suas variedades. Hoje, o pessoal vai atrás do sabor, da qualidade. A partir do momento que você escolher a variedade certa e tiver sabor, aí você vai ganhar o público. Eu cheguei a adquirir 106 variedades, descartei de 40 a 50. E agora já faço criações minhas mesmo, já tem uns 20 híbridos já”, falou Fernando.
E todo o conhecimento do Fernando foi decisivo para ele também influenciar Fabrício da Cruz a começar a produzir a fruta. No ano passado, Fabrício aproveitou um espaço ocioso em casa e hoje já tem mais de 700 pés plantados, com cinco variedades diferentes.
Quintal da casa do Fabrício da Cruz, produtor de pitaya em Presidente Kennedy, Espírito Santo. — Foto: TV Gazeta
Só com a primeira colheita deste ano, o novo produtor espera encher os carrinhos com 600 kg da fruta. “Pitaya tem dado bastante retorno, ela praticamente se paga no primeiro ano de produção. Essa daqui começou a produzir com sete meses. Depois já vou investir em um novo plantio”, contou Fabrício.
A safra da pitaya vai de dezembro até abril. Em um único pé de pitaya, é possível ver várias etapas do crescimento, desde o botão floral até o fruto maduro.
Pitaya produzida em Presidente Kennedy, no Sul do Espírito Santo. — Foto: TV Gazeta
O engenheiro agrônomo Josélio Altoé explica que, apesar de ser de fácil cultivo, a pitaya demanda muito cuidado. Ele cita como exemplo o trabalho do Fernando.
“Todos os dias ele está dentro da lavoura, acompanha o desenvolvimento, a insolação. Em novembro e dezembro do ano passado, por exemplo, tivemos que usar protetor solar para o calor extremo não queimar as plantas. Então é um nível de acompanhamento que nem todo mundo quer”, pontuou.
Para Josélio, o objetivo de tanto trabalho é que as pessoas conheçam as pitayas pelos nomes delas, pela cor, pelo sabor. “A demanda de frutos é pequena ainda porque o consumidor não conhece qual é o sabor da pitaya, as pessoas não sabem”, falou.
Fernando Benevides, produtor de pitaya em Presidente Kennedy, no Sul do Espírito Santo. — Foto: TV Gazeta
Fernando Benevides reitera a crença do engenheiro agrônomo. “Eu espero que o próprio produtor ajude a divulgar isso e não passe para o consumidor que o seu produto é só uma pitaya. Tem que ter o nome, para o consumidor ir atrás daquela variedade e comprar sabendo qual fruta é, qual sabor está levando para casa”, disse.