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Bispo emérito de São Mateus, Dom Aldo Gerna é internado em UTI

O bispo emérito da Diocese de São Mateus, no Norte do Espírito Santo, Dom Aldo Gerna, de 93 anos, foi internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nesta quarta-feira (22), para tratar uma infecção bacteriana. A informação é do bispo titular da diocese, Dom Paulo Bosi Dal’Bó, por meio de nota à imprensa.

Segundo a nota, “após alguns dias de boa recuperação em casa, Dom Aldo foi novamente internado na UTI” de um hospital particular de São Mateus, “para tratar uma infecção bacteriana”. Ele teve uma melhora e deve ser tranferido para um quarto ainda hoje, informou Dom Paulo. Em abril, Dom Aldo já havia sido internado para tratar uma pneumonia.

Missionário Comboniano, Dom Aldo Gerna é um bispo católico nascido na Itália em 7 de maio de 1931. Ele é natural de Ponte in Valtellina na Província de Sondrio, na Região de Lombardia, naItália. Ele se naturalizou brasileiro. Dom Aldo Gerna atuou como bispo da Diocese de São Mateus por quase quatro décadas até se tornar bispo-emérito.

Dom Aldo Gerna nasceu em 7 de maio de 1931 na vila de Arigna, município de Ponte in Valtellina, Província de Sondrio, Região de Lombardia, Itália. Ele é filho de Andrea e Teresa Gerna. Em 1943, Aldo Gerna ingressou no seminário e de 1950 a 1956 cursou Filosofia e Teologia na Pontifícia Universidade Urbaniana, em Roma. Ele fez sua profissão religiosa na congregação dos Missionários Combonianos em 9 de setembro de 1950 e foi ordenado sacerdote na Arquibasílica de São João de Latrão, em Roma, no dia 22 de dezembro de 1956.

Aldo Gerna chegou ao Brasil em 27 de novembro de 1957 e se apresentou a serviço da então Diocese de Vitória do Espírito Santo em 9 de dezembro do mesmo ano. Seu objetivo era trabalhar na Diocese de São Mateus, recém-criada no Norte do Espírito Santo, uma região considerada de missão. De Vitória, ele viajou de ônibus para São Mateus, passando pelo Seminário dos Combonianos em Ibiraçu e pela cidade de Jaguaré, que à época tinha cerca de quatro casas. Desde o início, Aldo Gerna tomou conhecimento da precariedade da vida e da pobreza da população e da região.

Na recém-criada Diocese de São Mateus, Aldo Gerna atuou como secretário do então bispo Dom José Dalvit por sete anos. Durante esse período, Aldo Gerna acompanhou de perto o processo de ocupação e expansão da região Norte do Espírito Santo, as lutas e dificuldades enfrentadas pela população, a ausência de políticas públicas e as desigualdades sociais da região.

Nos primeiros cinco anos, Aldo Gerna, junto com outros dois padres, viajou incansavelmente, quase sempre a cavalo, em ação missionária. Nesse trabalho, ele enfrentou diversas dificuldades, desde doenças como a malária até questões de natureza política na defesa dos direitos fundamentais da população.

Aldo Gerna também passou um ano de estudos em Roma, onde acompanhou Dom José Dalvit no Concílio Vaticano II. Ao retornar à Diocese de São Mateus, Aldo intensificou sua presença junto às pequenas comunidades de fé. Ele considerava sua obra mais importante o esforço por introduzir, na Diocese de São Mateus, as diretrizes e deliberações do Concílio Vaticano II, com uma forte preocupação com a questão social.

Por motivos de saúde, Dom José Dalvit renunciou ao cargo de bispo de São Mateus em 20 de junho de 1970. Em 24 de maio de 1971, o Papa Paulo VI nomeou Dom Aldo Gerna, aos 40 anos de idade, como o segundo bispo de São Mateus.

Dom Aldo Gerna recebeu a ordenação episcopal e tomou posse no dia 1 de agosto de 1971, em uma solenidade presidida por Dom João Batista da Mota e Albuquerque. Seu lema episcopal, em latim, é “Scio Cui Credidi”, que em português significa “Sei em quem acreditei”.

Como Bispo de São Mateus, Aldo Gerna procurou nortear seu trabalho na construção de uma nova mentalidade na Igreja. Ele quis uma Igreja despojada do ritualismo e das cerimônias pomposas, realizando sua opção preferencial pelos pobres, conforme as diretrizes do Sínodo de Puebla.

“… as primeiras coisas que colocamos na lista de mudanças foram as obras sociais, que absorviam energia e nos colocavam numa atitude de eternos dependentes dos poderes públicos. Precisávamos correr atrás de verbas para realizar tais trabalhos sociais e era aquela agonia, porque o dinheiro não chegava. Tínhamos também a consciência de que não deveria ser essa a nossa prioridade e essas obras entraram em crise. Não deveriam mais ser nossa responsabilidade, mas sim do estado que é responsável por elas. Nós deveríamos nos libertar dessas coisas e enveredarmos por outro caminho que a igreja não ficasse parecendo um grupo econômico de grandes empreendimentos. De modo que, quando assumi a diocese, sonhava com a superação dessa situação”, disse Dom Aldo Gerna ao extinto jornal ‘O Classificadão’, em 1996.

Durante seu episcopado, Aldo Gerna lidou com diversas atividades econômicas da Igreja na Diocese de São Mateus, como uma serraria, uma tipografia e uma fazenda de gado. No entanto, ele decidiu colocar todos esses bens à venda e reverteu o dinheiro em obras pastorais da Diocese.

Essa decisão de Dom Aldo enfrentou a opinião pública, pois até mesmo alguns católicos se posicionavam contra essa mudança, alegando que o atual bispo estava destruindo a obra de seu antecessor, Dom José Dalvit.

Dentre as grandes obras realizadas por Dom Aldo Gerna durante seu episcopado, destacam-se:

  • A construção da Catedral de São Mateus, uma obra arquitetônica em forma de tenda, realizada com a venda do prédio da Sagrada Família ao governo do estado, onde atualmente está localizado o 13º Batalhão de Polícia Militar.
  • A construção do Mosteiro Beneditino da Virgem de Guadalupe e da Igreja de São Daniel Comboni.
  • Além disso, Dom Aldo Gerna erigiu 6 novas paróquias, ordenou 35 novos padres e realizou mais de 78 mil crismas.

Dom Aldo Gerna renunciou ao cargo de Bispo de São Mateus em 3 de outubro de 2007, por motivo de idade, sendo sucedido por Dom Zanoni Demettino Castro.

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