A participação dos governadores na 11ª edição do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) chegou a ser anunciada como encerrada pelo governador Renato Casagrande (PSB), anfitrião, em função do acidente com um avião no interior paulista, mas apenas o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, retornou ao seu Estado.
Os governadores do Espírito Santo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul decidiram permanecer no Espírito Santo e manter a solenidade deste sábado (10), às 10 horas, com a leitura da Carta de Pedra Azul e com a coletiva de imprensa após o evento.
O encerramento antecipado da agenda foi anunciado mais cedo por Casagrande, em solidariedade pelo acidente que deixou 62 mortos, quando um avião da Viação Passaredo, com 58 passageiros e quatro tripulantes, caiu no início da tarde desta sexta-feira (9), no bairro Capela, em Vinhedo (SP), próximo a Campinas.

O ACIDENTE
A aeronave com 62 pessoa a bordo que caiu em Vinhedo (SP) nesta sexta-feira (9) fez uma curva brusca nos momentos finais do voo e caiu aproximadamente 4 mil metros em cerca de 1 minuto, segundo informações da plataforma de monitoramento de aeronaves Flightradar.
O avião, que pertence à companhia Passaredo, saiu de Cascavel (PR) às 11h56 e deveria pousar no Aeroporto de Guarulhos (SP) às 13h50.
Segundo a plataforma, o avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva busca. Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
Segundo a Voepass Linhas Aéreas, antiga Passaredo, companhia aérea dona da aeronave, trata-se de um avião turboélice de passageiros, modelo ATR-72, que saiu de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP). Ainda não há informações de vítimas.
A Força Aérea Brasileira informou que investigadores do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV), órgão regional do Cenipa, localizados em São Paulo, já estão a caminho para realizar a “Ação Inicial da ocorrência”.
Segundo o governo de São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas, que estava em Vitória (ES) para reuniões do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), “está retornando para o estado de São Paulo e vai para o município de Vinhedo acompanhar os trabalhos das equipes”.
RESIDÊNCIA
Segundo o secretário de Segurança de Vinhedo, Osmir Cruz, a aeronave caiu próximo de uma residência com moradores dentro, mas nenhuma pessoa em solo ficou ferida. A queda foi registrada por moradores. (veja vídeos)
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) lamentou o acidente e disse que vai monitorar “a prestação do atendimento às vítimas e seus familiares pela empresa, bem como adotando as providências necessárias para averiguação da situação da aeronave e dos tripulantes”.
A Polícia Federal instaurou inquérito para investigar o acidente.
A forma em espiral que o ATR-72-500 da Passaredo caiu nesta sexta-feira (9) sugere a ocorrência de um estol —que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar—, apontam especialistas ouvidos pelo Globo.
O estol é uma situação na qual a asa perde completamente a sustentação útil, o que causa a queda brusca do avião. A depender da altitude e da condição, é possível recuperar a altitude em voo.
“A gente vê nas imagens que o avião tem algum problema de controle, porque ele não conseguia mais se sustentar. Pela imagem, está em estol, ou seja, perdeu a sustentação. Ela precisa de uma velocidade mínima para que consiga manter a sua sustentação no ar”, disse Geraldo Portela, especialista em gerenciamento de risco e segurança.
O estol pode acontecer, por exemplo, por formação de gelo sobre as asas —e na rota do Passaredo havia essa formação, segundo pilotos ouvidos pelo g1 e pela Globonews.
O engenheiro aeronáutico e professor de transporte aéreo da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli) disse que ainda é cedo para identificar a causa do acidente, mas que a formação de gelo pode provocar queda de aeronaves.
“A asa tem um perfil aerodinâmico e o acúmulo de gelo lá no ponto de ataque, geralmente, na frente da asa pode fazer com que esse avião perca as características aerodinâmicas que ele tem e torná-lo mais difícil de voar. Portanto, se ele estiver em velocidade mais baixa, pode ser que ele caia. Agora, o que que levou isso daqui? É muito arriscado antecipar essa informação. É uma possibilidade só. Assim como outras, algum defeito mecânico, não posso te afirmar. Agora, com uma certeza eu tenho, esse avião caiu ‘estolado’ em parafuso”, disse.
Foto mostra local da queda em Vinhedo — Foto: Claudia Vitorino/ Arquivo pessoa