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Ex-moradores contam suas histórias em relação à Igreja Nosso Senhor do Bonfim

Por Cíntia Zaché

A Igreja Nosso Senhor do Bonfim, localizada no bairro Bonfim, está completando 92 anos de devoção e, para chegar até aqui, muita gente contribuiu, desde a sua primeira capelinha erguida em 1932, até hoje.

Foi o senhor Guilherme Pereira Lima, que era natural de Salvador, Estado da Bahia, que após uma promessa, construiu o primeiro templo, bem pequeno, onde hoje funciona a EMEF Prof. “Maria Rodrigues Leite. Depois dele, muita história tem a contar, sobre moradores do local, que foram o alicerce dessa história de fé. Além deles, têm muitas pessoas que ajudaram no crescimento da comunidade e, hoje não moram mais na cidade, mas, ainda continuam “entrelaçados ao bairro” e à igreja.

Uma delas é a professora e pedagoga, Elda Mariano, que está residindo em Vila Pavão, mas, garante que nunca abandonou as suas raízes e ainda, tem ligação com a comunidade. “Fui catequista, coordenadora de jovens, atuei na igreja de algumas formas, sempre servindo com amor e dedicação. Além disso, foi na comunidade de Bonfim que recebi todos os sacramentos, desde o batismo até o matrimônio”, conta.

A assistente social, Fabiula da Silva Cavatti Bertolani, 51, hoje mora na Serra, mas, relata que viveu muitas coisas boas na comunidade. “Fui catequizanda, fiz a primeira comunhão e também fui catequista da igreja. As festas do padroeiro sempre foram bem organizadas e eu sempre esperava com muita ansiedade, pois sempre ganhava um vestido novo para participar da festa”, fala.

O Ruan Venturini, 37, que mora hoje em Vila Velha, também muita história para contar. “Sou Arquiteto sacro (especialista em igrejas). E essa conexão com a igreja do Bonfim, me impulsionou e contribuiu para minha atuação profissional hoje”, explica.

“Fui batizado na Igreja Nosso Senhor do Bonfim em 1987, por lá também, fiz os preparativos para a primeira comunhão e crisma. Eu nasci em Nova venécia, mas morei até os 17 anos, no KM 35, porém, meu vinculo com a comunidade do Bonfim, sempre existiu, sou filho de Regina Ferrugini e minha mãe, sempre esteve presente na comunidade. A igreja me acolheu e me impulsionou a uma vida mais ética, tendo como base a fé, me proporcionando a certeza de que podemos muito, com Deus. Sou Arquiteto sacro (especialista em igrejas) . E essa conexão com a igreja do Bonfim, me impulsionou e contribuiu para minha atuação profissional hoje. Eu já trabalhei na igreja, na época com dona Ignês, e muita gente querida. Tenho um carinho muito grande pela igreja, pelo bairro”
Ruan Venturini, Arquiteto
“A Igreja do Bonfim e o bairro do Bonfim têm um significado profundo e especial para mim. Nasci e cresci neste bairro, onde aprendi o verdadeiro sentido da amizade e da fraternidade. Foi no Bonfim que vivi toda a minha infância, cheia de sonhos e fantasias, e onde construí laços que permanecem fortes até hoje. No bairro do Bonfim, aprendi o verdadeiro sentido de viver em comunidade. Foi ali que tive a oportunidade de aprofundar minha fé e aprender a servir. A comunidade Bonfim me proporcionou as primeiras experiências de serviço voluntário na igreja. Fui catequista, ajudei na liturgia e fui coordenadora do grupo de jovens, sempre servindo com amor e dedicação. Além disso, foi na comunidade de Bonfim que recebi todos os sacramentos, desde o batismo até o matrimônio. Esta comunidade tem um lugar especial em meu coração, não só pelas experiências de fé e serviço, mas também pelas relações significativas que construí. Tive a honra de ter como madrinha de batismo, crisma e matrimônio a Ignês Bonomo Boldrini, que para mim é o exemplo vivo do versículo: “Eis-me aqui”. Crescer na comunidade Nosso Senhor do Bonfim foi um privilégio que proporcionou um crescimento espiritual imenso. Esta comunidade me ensinou resiliência, dedicação, alegria, amor e doação. São esses valores que carrego comigo e que moldaram a pessoa que sou hoje. A Igreja do Bonfim e o bairro do Bonfim são muito mais do que um local físico; representam um lar espiritual e comunitário, onde cada experiência e cada laço construído têm um significado duradouro e profundo em minha vida”
Elda Mariano Costa, professora e Pedagoga
“Recordo com muita saudade da nossa igreja do Bonfim. Quantas coroações, teatros, coral em que participei. De quando era anjinho é a recordação mais gostosa. Fui catequizanda, fiz a primeira comunhão e também fui catequista da igreja. As festas do padroeiro sempre foram bem organizadas e eu sempre esperava com muita ansiedade, pois sempre ganhava um vestido novo para participar da festa, era muito bom. As recordações são inúmeras, de fatos e pessoas. A igreja do Bonfim, o bairro do Bonfim foi cenário dos primeiros passos da minha vida cristã, é muito orgulho e carrego para onde eu vou”
Fabiula da Silva Cavatti Bertolani, assistente social

A capela de Nosso Senhor do Bonfim

A primeira igreja no perímetro urbano em Nova Venécia a ser construída foi a igreja do Nosso Senhor do Bonfim, em 1932, que teve a capelinha erguida de estuque, e chão de terra.

Tudo começou assim: o senhor Guilherme Pereira Lima, que era natural de Salvador, Estado da Bahia, chegou por aqui, quando a localidade ainda era denominada de “Barracão”. Um dos ofícios deste baiano era de exterminar formigas. Sendo o homem muito solicitado, seu Guilherme, em uma dessas atividades, se perdeu na mata e não conseguiu encontrar o caminho de volta para casa e então. Foi aí que ele resolveu invocar pela intercessão de seu Santo de devoção, “Nosso Senhor do Bonfim”, e prometeu que, caso encontrasse o caminho de volta, iria trazer uma imagem da Bahia e construir uma capela aqui. E assim se cumpriu. Em 1930, no alto de um morro, dentro de suas terras, construiu uma pequena capela de estuque, onde os moradores, que antes rezavam o terço em suas casas, passaram a reunir-se ali para suas orações. Esse local é onde hoje funciona a EMEF Prof. “Maria Rodrigues Leite”. De acordo com histórico da igreja, quem organizava a programação religiosa era dona Dora, esposa do fundador da então capelinha, o seu Guilherme.

Assim, Guilherme tinha o compromisso de uma vez por ano trazer um padre de São Mateus, para rezar a Santa Missa. O trajeto era todo feito a cavalo, único meio de transporte daquela época.

O trajeto até a capela, para que fiéis chegassem até o pequeno templo, não era fácil. Muitos moradores residiam distantes do local e era preciso atravessar roçados e matas com animais ferozes. Para iluminar o caminho, usavam tochas feitas com galhos de árvores. Outras pessoas, não moradoras da região, como os tropeiros, vendedores de alimentos e objetos, também frequentavam a capela quando por aqui estavam de passagem.
Em 1932, com o aumento de frequentadores da pequena capela, o senhor Guilherme sentiu a necessidade de aumentá-la. Então, para receber mais ou menos 100 pessoas, construiu outra capela e, dessa vez, feita de tijolo. A partir de então, outras atividades, além da reza do terço eram realizadas como celebrações, quermesses, catecismo, missões etc.

Em 1938, com a chegada do Padre Lauro Zacarias de Oliveira nessa região, a capela de Nosso Senhor do Bonfim passou a ter uma maior assistência religiosa. Foi então que, novamente, com o aumento de frequentadores, sofreu outra ampliação, dessa vez, com estilo das igrejas da Bahia, com torre para sino, coro para cantores, altar para imagens, bancos etc. As celebrações e missas passaram a ser mais frequentes. Nessa época, aproximadamente 50 famílias moravam nas imediações da capela. As condições locais eram de muita pobreza. Para atender as necessidades diárias, as pessoas utilizavam água retirada do Rio Cricaré.

Com o passar dos anos, tendo em vista a construção da Igreja de São Marcos, e a necessidade da construção de uma Escola na região, sentiu-se a necessidade de transferir a capela de Nosso Senhor do Bonfim para outro local. Sendo assim, no ano de 1967, foi acertada essa transferência para um local mais centralizado, e o local adequado pertencia ao senhor Ancelmo Mazarim, que era dono de grande parte daquela localidade. Dentro de suas terras, havia uma serraria em que ele beneficiava madeira e também trabalhava com beneficiamento de café, mas ele cedeu parte do barracão para que os fiéis pudessem se reunir provisoriamente. Foi então que, o Senhor Ancelmo Mazarim resolveu doar parte de seu terreno e certa quantidade de madeira, para a construção da Igreja da Pedreira, que foi erguida onde hoje funciona o Centro Comunitário. A primeira missa foi celebrada no dia 12 de fevereiro de 1967, pelo Padre Tomiro Taddei.

Em 1968, Padre Carlos fez a planta de ampliação da Igreja, dessa vez incluindo a construção de salas para a catequese, e foi contratada a primeira professora, Adilia Salvador.

Com uma estrutura maior e com o apoio dos padres Combonianos, foram implantadas as Pastorais que organizavam encontros de casais, jovens, adolescentes e catequese.
Em 1981 foram adquiridos dois lotes localizados em frente à antiga estrutura da Igreja (Centro Comunitário atual) e iniciado as obras, para construção da atual estrutura da igreja.

Assim, estando a nova Igreja pronta, toda a antiga estrutura passou a ser para uso exclusivo de atividades tais como: catequese, crisma, encontros, palestras, reuniões e outros. Essa estrutura recebeu o nome de “Centro Comunitário Padre Carlos Furbetta”, em homenagem à sua grande dedicação ao crescimento da comunidade.

» Guilherme Pereira Lima fundador da Igreja Nosso Senhor do Bonfim, nasceu em Salvador, na Bahia, no dia 04 de agosto de 1896, e faleceu em 09 de novembro de 1975. Seu corpo encontra-se sepultado no Cemitério Bonfim (Acervo Waldemar de Oliveira Filho)

Festa da Igreja Nosso Senhor do Bonfim

A Festa da Igreja Nosso Senhor do Bonfim inicia neste sábado, dia 03 e vi até terça-feira, dia 06, com celebrações, missa e barraquinhas com comidas típicas.

A missa acontece na terça-feira, com padre Enizael, dia que terá também alvorada pelo bairro, procissão, adoração ao Santíssimo Sacramento e Terço Mariano.

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