Foto: Hélio Filho/Secom
Completando sete décadas de história, o Hospital Estadual de Atenção Clínica (HEAC), em Cariacica, antigo Hospital Adauto Botelho, é referência em atendimento de emergências psiquiátricas, além de ser retaguarda para internação clínica. Para celebrar a data e os avanços realizados na unidade nos últimos anos foi realizada uma solenidade na manhã desta quinta-feira (04), com a presença do governador Renato Casagrande; do prefeito Euclério Sampaio, além de autoridades e colaboradores da unidade.
No passado, o HEAC abrigou milhares de pessoas em tratamento relacionado à saúde mental, mas hoje a unidade se destaca como referência em assistência hospitalar para pacientes em cuidados prolongados, cuidados clínicos de baixa complexidade, cuidados paliativos e alta complexidade em psiquiatria.
“Aqui a gente acolhe, cuida e recupera as pessoas. Para alguns, a gente aqui oferece dignidade nos últimos momentos de vida. A pessoa ser atendida com atenção e gentileza na saúde é um santo remédio. Ajuda no tratamento de quem precisa do atendimento na saúde e vocês têm feito isso aqui no HEAC. A obra [estrutural] é importante, a qualidade dos equipamentos também, porém, o acolhimento de quem acompanha o paciente também é importante. Estamos aperfeiçoando e aprofundando os investimentos nessa unidade”, disse o governador Casagrande.
O secretário de Estado da Saúde, Miguel Duarte, também participou da solenidade. “O aniversário não é do hospital. Mas sim uma celebração a quem fez com que esse hospital chegasse aos 70 anos, oferecendo esse serviço de excelência que a gente enxerga aqui. O que vemos aqui é sempre um hospital humanizado, acolhedor e tudo isso faz com que a gente sinta orgulho. Vamos comemorar esses 70 anos preparando o hospital nesse processo de revitalização para os próximos 70 anos”, afirmou.
O prefeito de Cariacica lembrou que anos atrás, quando passava pela região do HEAC, a visão que se tinha era de sofrimento, e hoje é perceptível as mudanças que aconteceram na unidade. Ele parabenizou toda equipe do hospital e do Governo do Estado pelo trabalho de excelência realizado no local. “Há quase 50 anos eu passava aqui todos os dias com meu pai, e aqui era sinônimo de sofrimento, mas hoje aqui é sinônimo de esperança, de cuidar e de salvar vidas. Hoje, as pessoas que precisam de tratamento clínico querem vir para cá. Isso é resultado do cuidar das pessoas e é muito importante”, destacou.
Também durante as homenagens, Hudson Rocha, representante dos funcionários e que atua no HEAC há 30 anos, contou algumas histórias vividas no local. “Hoje a realidade aqui é outra. Tudo é muito humano aqui. Agradeço a todos da equipe por todo carinho empenhado aos pacientes”, disse o colaborador. Após a cerimônia, uma dupla de violinistas da Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames), alegrou a festa e acompanhou, em ritmo de samba, o tradicional “Parabéns pra Você”.
Atendimentos e leitos
Em 2022, foram atendidas 10.198 pessoas no local, sendo 1.421 atendimentos psiquiátricos, 8.074 atendimentos em emergência psiquiátrica e 703 atendimentos clínicos. Já no ano passado, o número total de atendimentos realizados foi de 10.056, sendo 1.988 atendimentos psiquiátricos, 8.328 atendimentos em emergência psiquiátrica e 1.513 atendimentos em clínica médica. Este ano, até o último dia 31 de março, o hospital totalizou 2.548 atendimentos, sendo 432 atendimentos psiquiátricos, 1.937 atendimentos em emergências psiquiátricas e 179 atendimentos clínicos.
O diretor geral do HEAC, Felipe Goggi Rodrigues, explica que a unidade integra a rede estadual de Saúde e é caracterizada pelo cuidado clínico de baixa e média complexidade para a população capixaba. “Hoje, olhamos para frente com determinação, pois o HEAC revê todo seu legado expandindo sua capacidade de atendimento. Atualmente, o hospital oferece 98 leitos clínicos, 50 leitos de internação psiquiátrica e 14 leitos de observação em saúde mental. Esse aumento substancial de 64,28% na capacidade ofertada à rede nos últimos quatro anos é prova do compromisso contínuo do hospital em evoluir e crescer para melhor servir à comunidade”, completou.
Prova disso é que para este ano uma nova enfermaria, com 20 novos leitos, está prevista para ser inaugurada no hospital, aumentando a prestação de serviços para a sociedade.
Humanização
Além do atendimento médico de excelência, o HEAC também se destaca por seus projetos de humanização, que visam promover o bem-estar integral de seus pacientes. Com a presença de equipes de capelania, a implantação da classificação de risco no pronto-socorro psiquiátrico e iniciativas como o Projeto Visita Ampliada e o Prontuário Humanizado, o hospital reafirma seu compromisso com a dignidade e o respeito ao indivíduo.
A abordagem de clínica ampliada, que inclui uma equipe multidisciplinar, grupos terapêuticos, atividades como cinema, música e esporte, e uma estreita interface entre ensino, assistência e pesquisa, reflete a visão progressista do HEAC em relação à saúde.
“O hospital tem se esforçado continuamente para melhorar a comunicação e integração com a comunidade e dentro da própria instituição, reconhecendo que uma comunicação eficaz é essencial para a prestação de cuidados de qualidade”, ressaltou o diretor geral.
Estrutura
A estrutura do Hospital Estadual de Atenção Clínica (HEAC) conta, atualmente, com quatro unidades diferenciadas: Unidade de Atenção Clínica, Unidade de Urgência em Saúde Mental, Unidade de Curta Permanência e Unidade de Ressocialização (CAPS).
A Unidade de Atenção Clínica é voltada para pacientes crônicos que precisam de cuidados especiais e disponibiliza 98 leitos de retaguarda para os demais hospitais da rede. Na atenção psiquiátrica, são ofertados 50 leitos de curta permanência e 14 leitos de observação em saúde mental.
O Hospital Estadual de Atenção Clínica conta com 630 profissionais, entre eles 31 médicos (psiquiatras e clínicos), 53 enfermeiros, 208 técnicos em enfermagem, além de 338 profissionais nos setores administrativo e de apoio.
História
Foi a partir da iniciativa do médico Adauto Junqueira Botelho que, em 1954, foi inaugurado o Hospital Colônia do Estado, batizado com seu nome. O hospital foi classificado pelo ministro da Saúde na época, Miguel Couto Filho, como modelo para o Ministério da Saúde, por se tratar de uma instituição moderna e aparelhada, com todos os recursos técnicos para tratamento de doentes mentais. Na época, Adauto Botelho era diretor do Serviço Nacional de Saúde Mental.
Sensibilizado com as condições de tratamento ao doente mental, viabilizou a construção do hospital psiquiátrico com um acordo firmado entre o Governo do Estado e a União. As obras foram iniciadas durante o governo de Carlos Lindenberg, em 1949. A inauguração foi no dia 24 de abril de 1954.
No início dos anos 90, com o advento do movimento da luta antimanicomial, a assistência às pessoas portadoras de transtornos mentais foi reformulada com a implantação da Política Nacional de Saúde Mental. Esta balizou os direitos e a proteção dos portadores de transtornos mentais para a lógica da atenção psicossocial, que visa à reinserção social do paciente.
Foi neste cenário que o Hospital Adauto Botelho começou a sofrer reformulações. Em 2004, pacientes moradores do hospital foram reinseridos na comunidade sendo transferidos para Residências Terapêuticas no Espírito Santo.
Em 2010, a unidade deixou de ser um hospital psiquiátrico para se tornar referência em Atenção Clínica e Psiquiátrica. Os recursos anuais que o Governo do Espírito Santo, por meio da Secretaria da Saúde (Sesa), repassa ao Hospital para fins de investimento e custeio, somam R$ 7,7 milhões, quase 60% a mais do que o que era destinado ao antigo Adauto Botelho.
O Hospital Estadual de Atenção Clínica foi construído de acordo com os novos parâmetros de tratamento em saúde mental, que substitui o isolamento pelo convívio com a família e a comunidade.