
No último dia 17 de dezembro, a equipe médica do Hospital Estadual Central (HEC), localizado no Centro de Vitória, realizou uma cirurgia intracraniana de alta complexidade em uma paciente que estava na 23ª semana de gestação. O procedimento foi indicado após avaliação multidisciplinar, diante do quadro neurológico materno. A cirurgia não teve intercorrências e mãe e bebê passam bem.
Moradora do interior do Estado, a paciente teve o primeiro atendimento ainda no início da gravidez, por volta da 9ª semana de gestação, após apresentar crises convulsivas. Inicialmente, ela foi encaminhada a um polo de referência regional, onde recebeu o diagnóstico. “Foi devastador”, relatou a gestante. Diante da complexidade clínica, a mulher foi transferida para o Hospital Estadual Central, referência em neurocirurgia de alta complexidade. Agora, a recuperação segue de forma gradual e positiva.
No dia seguinte ao procedimento, a gestante relatou sentir a bebê se mexer, experiência que reforçou, para ela, o sentido de tudo o que vinha enfrentando. Ao recordar a primeira crise convulsiva, lembra que chegou a cair ao chão, sem impacto para o feto. “Ali eu senti que não era para eu perder essa criança”, afirmou.
Segundo o neurocirurgião Dr. Leandro Assis, a decisão clínica pela cirurgia foi baseada em um equilíbrio delicado entre a urgência do quadro neurológico e a segurança gestacional. “Sempre que possível, a opção é postergar procedimentos invasivos. Neste caso, a progressão do quadro neurológico passou a representar risco significativo para ambos, o que levou à indicação cirúrgica”, informou.
O Dr. Leandro Assis explicou que cirurgias intracranianas em gestantes exigem planejamento específico desde a fase pré-operatória: “o manejo anestésico foi o ponto crítico. A anestesia em gestantes exige drogas específicas que não ultrapassem a barreira placentária ou que não deprimam o feto, além de um controle rigoroso da pressão arterial para garantir que o fluxo sanguíneo para o útero e a placenta se mantivesse constante. A posição da paciente na mesa cirúrgica também foi adaptada para evitar compressão de grandes vasos abdominais, garantindo a oxigenação adequada para o bebê durante todo o procedimento.”
Ainda de acordo com o especialista, a localização da lesão aumentou a complexidade da cirurgia. “Tratava-se de uma área cerebral relacionada a funções motoras e sensitivas, o que exigiu maior precisão técnica. Para reduzir o risco de déficits neurológicos, utilizamos a monitorização neurofisiológica intraoperatória, essa tecnologia nos permitiu remover o tumor com precisão milimétrica, preservando as áreas sadias do cérebro”, pontuou.
Experiência que faz diferença
Esse tipo de cirurgia não é inédito no Hospital Estadual Central. O HEC tem um histórico consolidado na realização de neurocirurgias em gestantes, o que reforça sua posição como centro de referência no atendimento de alta complexidade neurocirúrgica.
“Realizar uma cirurgia cerebral de alta precisão em uma gestante demonstra que o SUS do Espírito Santo está preparado para os cenários médicos mais desafiadores e que oferecemos um nível de excelência comparável aos grandes centros mundiais, salvando duas vidas simultaneamente”, frisou o Dr. Leandro Assis.
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