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O que é pobreza menstrual e quais são seus impactos?

Segundo a ONU, o problema não é apenas de saúde pública, mas também de direitos humanos.

A pobreza menstrual consiste na falta de condições para realizar a higiene menstrual de forma correta. Além de não ter itens básicos, como absorventes, essas pessoas não têm acesso ao saneamento básico e serviços de infraestrutura. 

Envolve quem está em situação de pobreza e vulnerabilidade, como é o caso de mulheres em privação de liberdade ou situação de rua. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), a questão vai além da saúde pública e fere os direitos humanos, tanto que muitas adolescentes desistem da escola devido a essa situação.

Além disso, a falta de recursos, como a necessidade de comprar absorventes, não é a única causa. Tabus e falta de informação contribuem para a pobreza menstrual.

Higiene menstrual é um direito

A ONU afirma que o acesso à higiene menstrual é parte dos direitos humanos e todas as pessoas que menstruam deveriam poder usufruir dele. No entanto, não é esta a realidade vivenciada.

No relatório Livre para Menstruar, feito pelo Girl Up, é possível perceber que somente no Brasil 1 em cada 4 adolescentes não têm acesso aos absorventes durante seu período menstrual. 

Já a pesquisa feita pela UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) em parceria com a UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas) mostra que mais de 700 mil meninas brasileiras vivem em domicílios sem acesso ao banheiro ou chuveiro.

Segundo Astrid Bant, que representa o Fundo de População das Nações Unidas no Brasil, quando uma adolescente ou mulher não tem acesso às condições básicas em seu período menstrual, ela está tendo seus direitos humanos violados. Ela ainda afirma, em entrevista ao Guia do Estudante, que “a menstruação é uma condição perfeitamente natural que deve ser mais seriamente encarada pelo poder público e pelas políticas de saúde”.

Os impactos da pobreza menstrual

Por mais que o assunto seja abordado nas escolas, nem sempre a adolescente entende que está vivenciando uma transição natural em sua vida. Inclusive, o mais comum é que isso seja estudado no oitavo ou nono ano. Além disso, há casos em que, na família, o assunto ainda é tratado como tabu.

Assim, a menina até pode saber que terá um sangramento, mas não imagina que lidará também com outras questões, como os sintomas físicos da menstruação, que incluem não apenas as variações de humor, mas as temidas cólicas.

Quando não existe acesso ao básico, como absorventes, descartáveis ou reutilizáveis, remédios para cólicas, chuveiro e até banheiro, a vida dessa mulher é impactada de forma negativa, inclusive em sua saúde mental. Estresse, ansiedade, desconforto e discriminação são situações vivenciadas por quem lida com a pobreza menstrual. 

Também é comum ocorrer a evasão escolar. Porém, o surgimento de alergias e infecções, já que elas buscam alternativas para conter esse sangramento, que incluem o uso de jornal, panos, papel higiênico e até miolo de pão, são igualmente preocupantes.

Como combater a pobreza menstrual

Para combater a pobreza menstrual, é preciso adotar algumas medidas. O primeiro passo é falar sobre o tema sem tabus, afinal, menstruar é um processo natural do corpo feminino. O ideal é que o assunto seja abordado não apenas com as meninas, mas com os meninos, de forma leve e informativa.

Também é preciso falar sobre a pobreza menstrual e mostrar que ela existe. Pesquisar sobre o tema e abordar em rodas de conversa com amigos e familiares é uma maneira de engajar todos a exigirem melhores políticas públicas voltadas para a dignidade menstrual.

Por último, é válido ficar de olho em iniciativas que arrecadam produtos de higiene menstrual. Procure saber sobre aquelas que acontecem em sua cidade e contribua com sua doação. 

Se não existir algo semelhante, comece um projeto simples, com arrecadação de absorventes e remédios para cólica, por exemplo, e vá em comunidades ou escolas carentes para entregar os itens.

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