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Jovem é assassinado com tiro na nuca em suposta abordagem da PM em Mantenópolis

Um jovem de 22 anos morreu durante uma suposta abordagem da Polícia Militar na noite da última quarta-feira (13), na localidade de São José, em Mantenópolis. De acordo com familiares ouvidos pela Rede Notícia, a vítima teria sido executada com um tiro na nuca por policiais militares. No entanto, o Boletim de Ocorrência registado pelos agentes, ao qual a reportagem teve acesso, descreve o caso como resultado de um acidente de moto.

O fato é que a Declaração de Óbito do médico legista do SML de Colatina, a que tivemos acesso, confirma que a morte do jovem Gustavo Barbosa Batista se deu em decorrência de um tiro na nuca dele. O jovem, que era mecânico, deixa a esposa e um bebê de 1 ano e 6 meses.

A Rede Notícia conversou com uma famíliar da vítima, que não terá o vínculo e nem o nome divulgados para a segurança.  “Ele gostava de fazer manobras de moto e saiu de casa por volta das seis da tarde, na quarta-feira, para fazer isso com os amigos. A polícia não gostava dele porque, quando ele fazia essas manobras, ele fugia da abordagem. Mas ele nunca teve envolvimento com nada de errado. A polícia implicava muito com ele. Os amigos dele contaram que ouviram o tiro, e, assim que escutaram, voltaram para ver o que tinha acontecido. Encontraram ele caído no chão, com a moto e a polícia ao lado. Foi um tiro na nuca. Muita gente pergunta: ‘Como vocês sabem que foi a polícia que matou?’. Porque os amigos viram. E, assim que o mataram, eles cobriram o corpo. A polícia já tinha jurado ele de morte e dizia para todo mundo, aqui onde ele morava, que, quando o pegassem, iam dar um tiro na cabeça dele para matar.”

A Rede Notícia teve acesso a Declaração de Óbito da vítima assinada por um médico legista do SML de Colatina. Nele é descrito que a morte do jovem Gustavo foi em decorrência de “paralisia bulbal, lesão perfurocontusa bulbar, e ferimento perfuro contudente por Perfuração por Arma de Fogo (PAF)”, descartando a possibilidade de acidente registrada pelos policiais militares que participaram do fato.

Em resposta à Rede Notícia, a Polícia Militar apresentou a versão registrada pelos policiais envolvidos na ocorrência. Segundo a corporação, na noite de quarta-feira (13), durante patrulhamento pelo Centro de Mantenópolis, os agentes foram abordados por uma mulher que relatou um acidente envolvendo uma motocicleta próximo ao distrito de São José de Mantenópolis. A mulher teria informado que um indivíduo estava desacordado no chão.

Ainda segundo a PM, a equipe deslocou-se até o local indicado, onde constatou a veracidade da informação. “A vítima estava no chão, já sem vida, ao lado de uma motocicleta. A perícia foi acionada para investigar o caso. O veículo, que foi guinchado, apresentava mau estado de conservação e pneus carecas”, informou a PM, com base no que registrado pelos próprios PMs envolvidos no caso.

A Polícia Militar acrescentou “que a apuração inicial de casos dessa natureza é de responsabilidade da Polícia Civil (PCES)”. Disse que “somente após a conclusão das investigações e caso seja feita a identificação de indícios de crime militar, o caso é comunicado à PMES para as medidas cabíveis. Até o momento, não houve comunicação oficial sobre crime militar relacionado à ocorrência em questão. A PMES permanece à disposição para colaborar, caso necessário”, informou a corporação.

A Polícia Científica (PCIES) informou que “a perícia foi acionada na noite dessa quarta-feira (13), às 19h15, para uma ocorrência de”tombamento com vítima fatal, na Rodovia ES 320, no Distrito de São José, em Mantenópolis. O corpo da vítima, um homem de 22 anos, foi encaminhado à Seção Regional de Medicina Legal (SML), localizada em Colatina, necropsiado e liberado”. Acrescentou que os exames perinecroscópicos foram realizados e demais análises periciais estão em andamento para a conclusão do laudo pericial, que será encaminhado à Delegacia de Polícia Civil responsável pela investigação.

A Polícia Civil informou que a investigação para esclarecer a dinâmica dos fatos está em andamento e está a cargo da Delegacia de Polícia de Mantenópolis. Disse ainda que para que a apuração seja preservada, nenhuma outra informação será repassada.

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