A Secretaria de Estado de Saúde do Espírito Santo (Sesa) enviará, nesta quarta-feira (25), uma espécie de recomendação para que os serviços de saúde fiquem atento ao surgimento de casos suspeitos da varíola dos macacos no estado.
A informação foi dada pelo subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin.
“Estamos emitindo um alerta hoje na Secretaria Estadual de Saúde para todos os serviços de saúde do Espírito Santo para que, na hipótese de alguém com sintomas dessa doença, ela possa receber adequadamente, fazer o isolamento e as tratativas para definir o diagnóstico, se de fato trata-se da varíola do macaco ou de outra doença”, disse Reblin.
O subsecretário reforçou que até o momento não existem casos suspeitos da varíola dos macacos no Brasil e recomendou “tranquilidade”.
“É uma doença de menos transmissão de pessoa a pessoa. Portanto, não há motivo para termos uma preocupação muito maior do que a de vigiar se alguém aparece com sintoma ou não”, pontuou.
Por outro lado, Reblin esclareceu que, apesar do nome dado à doença, os macacos também são vítimas dela e não oferecem risco à população.
“O macaco não tem nada a ver com a transmissão da varíola para as pessoas. É importante explicar isso para as pessoas não fazerem confusão como foi no momento da febre amarela. O macaco também é uma vítima da doença”, disse.

As autoridades pedem que a população fique atenta aos sintomas clássicos da varíola dos macacos — Foto: Getty Images/via BBC
Entre os sintomas iniciais da varíola dos macacos, que é provocada por um vírus, estão dores no corpo, febre e o surgimento de ínguas. Já em seus estágios mais avançados, ela causa feridas na pele, que evoluem para bolhas e cicatrizes.
Até o momento, já foram confirmados mais de 100 casos em pelo menos 16 países fora da África.
Na América do Sul, a primeira suspeita foi registrada no domingo (23/5) na Argentina. Segundo o Ministério da Saúde local, o paciente é um morador da província de Buenos Aires, que se encontra em um bom estado, está em isolamento e recebendo tratamento para os sintomas.
O Brasil não tem registro da doença ainda, mas o vírus foi identificado em um brasileiro de 26 anos na Alemanha, vindo de Portugal, após passar pela Espanha.
Até o momento, a doença tem causado infecções leves, apesar das lesões características na pele.
A transmissão da varíola dos macacos ocorre quando uma pessoa entra em contato com o vírus através de um animal, humano ou materiais contaminados.
Não se sabe qual animal é o hospedeiro reservatório (principal portador da doença) da varíola dos macacos, embora se suspeite que roedores africanos estejam envolvidos na transmissão, de acordo com as diretrizes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.
Para se infectar a partir de outro ser humano, é necessário haver um contato próximo, com troca temporária de fluidos e atrito direto ou indireto com material infectado.
Epidemiologistas avaliam que a casos poderão ser identificados no Brasil.
“A varíola de macacos pode chegar ao Brasil em pouco tempo”, afirma a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). “É possível até mesmo que alguma pessoa infectada já tenha entrado no país, vinda dos locais onde há casos.”
“Costumamos dizer em epidemiologia de doenças infecciosas que uma doença transmitida por contato e gotículas respiratórias pode demorar o tempo de um voo para se espalhar”, diz.
“Ou seja, se alguém contaminado desembarca no Brasil, não é diagnosticado e não faz isolamento em tempo oportuno, a doença pode, sim, começar a ser transmitida.”

Luiz Carlos Reblin, subsecretário de Vigilância em Saúde, falou sobre varíola dos macacos