Quando se é adolescente calado você esta errado. Não adianta falar para os seus pais que eles não estão com nada e que são ultrapassados, pois ao final o que vai prevalecer mesmo é a decisão dos pais. Odiava quando os meus genitores diziam que determinada coisa estava proibida e eu perguntava o por quê e a resposta era por que sim e pronto.
Eu provenho de uma família no estilo patriarcal e o que o vo Vitalino falasse era lei. Eu era um menino de onze anos e ele me pediu para ajuda-lo serrar uma madeira usando o gorpião, mas eu não conseguia manter a ferramenta nos trilhos e ele me deu a maior bronca como se eu fosse culpado por não saber trabalhar com aquele serrote grande.
Infeliz foi o meu tio que reside em Boston-MA-EUA. O tempo era o de colheita de manga e o irmão de papai havia trepado nas grimpas do pé de manga para colher as ourinhas acinzentadas, as mais doces. No momento que titio estava lá na copa da mangueira o meu avo paterno saiu para o quintal para “tirar uma água do joelho”. O mancebo de qualidades que estava no plano superior se apequenou entre os galhos da arvore para não ser visto pelo pai, eis que a bronca seria certa devido ao fato do filho não poder ver o “bingulinho” do pai.
Tristemente o meu avo percebeu o balançar das folhas e olhou para cima. Viu o titio mais próximo do céu e falou: o que você esta fazendo ai menino? O moço desceu calado e pensando, apenas pensando: o que é que o Senhor esta fazendo mijando no quintal quando se tem banheiro em casa? Outro dia eu indaguei ao titio se ele viu o negócio do vovo e ele retrucou: que isso! eu fechei o olho e fiquei torcendo para ele ir embora sem me ver.
Texto: Creumir Guerra
Creumir Guerra é Promotor de Justiça no Estado do Espírito Santo
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