
Nascimento de sêxtuplos do ES — Foto: Michel Macedo
Nascimento de sêxtuplos do ES — Foto: Michel Macedo
Desde quando Quezia Romulado, de 29 anos, descobriu que estava grávida de seis crianças ao realizar uma ultrassom em maio deste ano, ela e toda a família sabiam que a jornada seria de desafios e surpresa atrás de surpresa. Conforme os meses passavam, a barriga ia aumentando, junto com toda a ansiedade da família. Enfim, os sêxtuplos nasceram no dia 1º de outubro de 2023. Um deles, o Matteo, morreu cinco dias depois. Os outros cinco irmãos estão na UTI Neonatal do hospital e devem ficar por lá pelo menos durante três meses. A reportagem é de Viviane Lopes, do g1 ES.
Os bebês nasceram prematuros extremos, com apenas sete semanas. O quadro de todos eles é delicado e uma equipe médica formada por vários profissionais e especialidades médicas acompanha cada passo.
O próprio parto precisou de uma força-tarefa. Ao todo, 32 profissionais participaram diretamente no parto. Foram três fisioterapeutas, três cirurgiões, dois anestesistas, oito pediatras especialistas em neonatologia, além de técnicos e enfermeiros.

Quezia Romualdo, mãe de sêxtuplos de Colatina (ES), visita os bebês na UTIN do hospital — Foto: Michel Macedo/Divulgação
Quezia Romualdo, mãe de sêxtuplos de Colatina (ES), visita os bebês na UTIN do hospital — Foto: Michel Macedo/Divulgação
Na primeira semana de vida, um dos sêxtuplos, o Matteo, acabou não resistindo. Ele estava em estado grave e, segundo a família, com sangramento no pulmão.
A luta pela vida continua com a rotina dos bebês até eles estarem completamente formados para poderem ir para a casa dos pais. O g1 conversou com a coordenadora da Utin do São Bernardo Apart Hospital, Bianca de Medeiros, que explicou como vai ser o dia a dia dos bebês até a tão esperada alta.

Sêxtuplos de Colatina, ES — Foto: Michel Macedo
Sêxtuplos de Colatina, ES — Foto: Michel Macedo
As crianças estão sendo alimentadas através de leite ofertado por sonda. A mãe Quezia já começou a ordenhar leite, e o hospital disse que a preferência é sempre o leite da mãe.
O leite dela é retirado diariamente e os bebês são alimentados por uma sonda em pequenas doses.
As crianças são prematuras extremas e, a maioria, extremo baixo peso. Todas necessitam de suporte ventilatórios, nutricional e monitorização intensiva, para rápida identificação e abordagem das possíveis complicações decorrentes da condição de prematuridade extrema.
De acordo com a coordenadora, para o aleitamento em seio materno, as crianças precisam estar estáveis, respirando em ar ambiente, o que vai demandar ainda um grande percurso. Por isso é impossível estabelecer uma data certa.

Quezia Romualdo, mãe de sêxtuplos de Colatina (ES), visita os bebês na UTIN do hospital — Foto: Michel Macedo/Divulgação
Quezia Romualdo, mãe de sêxtuplos de Colatina (ES), visita os bebês na UTIN do hospital — Foto: Michel Macedo/Divulgação
As crianças que estão mais estáveis, já estão liberadas para ficar no colo dos pais na posição canguru. Essa posição é de contato pele a pele com a mãe ou o pai ou outro cuidador por quanto tempo a pessoa desejar.
O bebê é colocado na posição vertical e a técnica pode ser realizada principalmente em bebês prematuros e de baixo peso. De acordo com a Universidade Federal de Goiás (UFG), Estudos mostram que a posição canguru favorece a amamentação, maior autonomia da mãe, maior conforto e melhora do sono do bebê e redução das cólicas.
A equipe que está cuidado dos bebês é multidisciplinar e conta com neonatologistas, intensivistas pediátricos, pediatras, cirurgiões, radiologistas, oftalmologistas, enfermeiros, técnicos em enfermagem, fisioterapeutas ente outros. Os exames são realizados conforme a necessidade.
Os pais têm livre acesso a unidade neonatal, e já estão liberados para o contato com os bebês. O contato precoce com os pais favorece no ganho ponderal e na estabilidade clínica.
Além dos pais, apenas o pai e uma irmã de Magdiel visitaram os bebês.
A expectativa da família é de que a filha mais velha, Heloísa de 5 anos, conheça os irmãos no próximo sábado (14). A mãe, Quezia Romualdo, e Magdiel vão ao hospital diariamente no período vespertino.
O peso é um complicador para as crianças, mas não o único. Muitos outros fatores influenciam na gravidade e evolução das crianças.
Para a coordenadora da Utin, vencer a prematuridade é um verdadeiro desafio.
“Os recém nascidos prematuros apresentam seu organismo ainda muito frágeis, necessitando de vigilância de como vai ocorrer o seu desenvolvimento extra-uterino. São guerreiros, e podem nos surpreender. Toda a equipe tem se dedicado e está oferecendo um trabalho humanizado, técnico e com muito zelo”, comentou Bianca.
Em entrevista ao Fantástico, a médica também explicou sobre a formação dos bebês.
“Faltou um período muito grande que elas deveriam estar ainda intraútero para formar o coração, pulmão e vasos sanguíneos. Crianças de 27 semanas, têm grande chances de apresentarem complicações neurológicas e entre outras complicações, isso porque existe risco, inclusive de óbito, principalmente nessa fase inicial da vida”, explicou a especialista.