A esclerose multipla é uma doença neurológica e autoimune que afeta o sistema nervoso central, causando danos na bainha de mielina, que é a camada protetora dos neurônios. Esses danos interferem na comunicação entre o cérebro e o resto do corpo, provocando diversos sintomas que podem variar de pessoa para pessoa.
A esclerose múltipla não tem cura, mas pode ser tratada com medicamentos e terapias que ajudam a controlar as crises, aliviar os sintomas e retardar a progressão da doença. Por isso, é importante reconhecer os primeiros sinais da doença e procurar um médico neurologista para fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento adequado.
Problemas de visão
Um dos primeiros sintomas pode ser a alteração da visão, causada pela inflamação do nervo óptico, que leva as imagens do olho para o cérebro. Esse problema é chamado de neurite óptica e pode afetar um ou ambos os olhos. Os sintomas incluem:
- Visão embaçada ou borrada;
- Perda parcial ou total da visão;
- Dor no olho, especialmente ao movê-lo;
- Diminuição da percepção das cores.
A neurite óptica pode melhorar espontaneamente em algumas semanas ou meses, mas pode deixar sequelas permanentes na visão. Outros problemas de visão relacionados à esclerose múltipla são a visão dupla e os movimentos involuntários dos olhos.
Sensações estranhas
Outro sintoma comum da esclerose múltipla são as sensações anormais pelo corpo, causadas pela alteração na transmissão dos impulsos nervosos. Essas sensações podem ser:
- Choque elétrico ao mover a cabeça ou o pescoço (sinal de Lhermitte);
- Dormência ou formigamento nos braços, pernas ou rosto;
- Sensação de aperto ou inchaço em alguma parte do corpo;
- Coceira intensa.
Essas sensações podem ser passageiras ou persistentes, e podem afetar uma pequena área ou todo um lado do corpo.
Fadiga
A fadiga é um sintoma muito frequente na esclerose múltipla, que se caracteriza por um cansaço excessivo e desproporcional ao esforço realizado. A pessoa pode se sentir exausta mesmo sem ter feito nenhuma atividade física ou mental. A fadiga pode afetar a qualidade de vida, a capacidade de trabalho e o humor da pessoa.
A fadiga pode estar relacionada à própria doença, aos medicamentos usados no tratamento, à depressão, à insônia ou a outros fatores. Além disso, a fadiga pode piorar com o calor ou a febre, e melhorar com o repouso ou o resfriamento do corpo.
Problemas de andar
A esclerose múltipla pode prejudicar a coordenação motora e o equilíbrio, dificultando a capacidade de caminhar. Os sintomas podem incluir:
- Fraqueza muscular nas pernas;
- Rigidez ou espasmos musculares;
- Dificuldade para controlar os movimentos dos pés ou das pernas;
- Alteração na forma de andar;
- Tendência a tropeçar ou cair.
Os problemas de marcha podem limitar a mobilidade e a independência da pessoa, além de aumentar o risco de lesões e fraturas.
Outros sintomas
Dependendo da área do sistema nervoso afetada pela esclerose múltipla, outros sintomas podem surgir, como:
- Problemas cognitivos, como perda de memória, dificuldade de concentração ou raciocínio;
- Depressão, ansiedade ou alterações de humor;
- Problemas urinários ou intestinais, como incontinência, urgência ou constipação;
- Dificuldade para falar ou engolir;
- Vertigem ou tontura;
- Dor, que pode ser muscular, articular, neuropática ou de cabeça.
Como confirmar o diagnóstico
O diagnóstico é feito por um médico neurologista, baseado na história clínica e nos sintomas apresentados pela pessoa. Além disso, são solicitados exames complementares, como:
- Exames de sangue, para descartar outras doenças com sintomas semelhantes à esclerose múltipla;
- Ressonância magnética, para avaliar se há lesões na bainha de mielina no cérebro ou na medula espinhal;
- Potencial evocado, para medir a velocidade dos sinais nervosos em diferentes partes do corpo;
- Punção lombar, para analisar o líquido que circula no cérebro e na medula espinhal, que pode apresentar alterações na esclerose múltipla.
O diagnóstico precoce é importante para iniciar o tratamento adequado e evitar complicações. O tratamento pode envolver o uso de medicamentos que reduzem a inflamação, a frequência e a gravidade das crises, além de medicamentos que aliviam os sintomas específicos. Também é recomendado fazer fisioterapia, terapia ocupacional e psicoterapia, para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar da pessoa.