Como uma forma de buscar a ressocialização e incentivar a prática de atividade física, uma juíza do Espírito Santo criou um projeto para treinar detentas para corridas de rua. Ao todo, dez internas do Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC) começaram os treinos nesta quarta-feira (21).
As presas participantes cumprem pena em regime semiaberto e estão perto de retornar ao convívio social. Além disso, foram selecionadas porque apresentaram bom comportamento.
O projeto “Correndo para Vencer” é uma iniciativa da Vara de Execuções Penais de Vila Velha, idealizado pela juíza Patrícia Faroni, que é adepta da prática.
Para ela, a corrida é um dos esportes mais democráticos e a dinâmica de interação promove a sensação de pertencimento a um grupo, ajuda a superar desafios e alcançar objetivos.
“Sempre gostei da prática da corrida e me inspirei em um exemplo de um juiz, do Estado de São Paulo, que corria com adolescentes reeducandos, e vi neste exemplo uma inspiração para as internas do CPFC. Esse projeto visa a recuperação dessas meninas. A restauração da mudança de vida através do exercício físico, que vai trazer benefícios não só para o corpo, mas para a mente. Nós vamos prepará-las para corridas de rua, mas o objetivo maior é trazer uma melhora dessas meninas para a sociedade”, declarou a juíza.
O projeto conta com a colaboração de educadores físicos voluntários. Eles dão o treinamento necessário para que as internas possam participar de corridas de rua promovidas no Estado, quando a atividade competitiva voltar a ser liberada. O treino é feito na própria unidade prisional.
“Os exercícios estão focados na parte cognitiva e na coordenação, visando ao preparo para as corridas de rua. Nosso acompanhamento será periódico, presencial ou com vídeoaulas”, explicou um dos educadores físicos, Leonardo Magnago.
Todos os itens necessários para a prática do esporte, como colchonetes, tênis, camisa, top, bermuda e garrafa de água, estão sendo doados ao projeto.
Além de gerar expectativa naqueles que apostaram na ideia, o projeto também motivou as detentas. A maioria delas nunca praticou uma atividade física, e agora deposita na atividade a esperança de recomeçar a vida fora da prisão.
“Esta é uma grande oportunidade e uma chance de mostrar para minha família a minha transformação, que eu posso e quero seguir um caminho diferente e mudar de vida”, afirmou a interna Jacksland Lucas.
Para Laudineia Rodrigues, a prática também surgiu como uma maneira de deixar o passado para trás e ir em busca de novos caminhos.
“Quero fazer faculdade, não voltar a praticar o que eu praticava e ser alguém. Chega de sofrimento, chega de cadeia, de ser privada da minha liberdade e, mais ainda, quero acreditar que pessoas acreditam na gente”, contou.