Noronha era um bom homem. Lembro-me de te-lo conhecido na Igreja Batista Filadelfia, quando lá freqüentava. Sempre simpático e prestativo marcava ponto na Relojoaria Guerra, amigo que era do meu tio Elcias. Foi um dos primeiros a instalar antena parabólica e a assinar televisão por assinatura – Sky – no município de Mantenopolis. Assim, varias pessoas, dentre elas eu, saiamos da cidade e subíamos a serra para ver futebol na casa do Noronha.
Na final do campeonato carioca, entre Flamengo e Fluminense, quando Renato Gaúcho fez o celebre gol de barriga, um grande numero de pessoas se dirigiu para a terra do Joaquim Noronha para assistir o jogo. Não coube todos na sala e foi preciso colocar a televisão do lado de fora para possibilitar que todos torcessem contra ou a favor do flamengo, time de predileção do nosso amigo anfitrião.
Outro dia eu estava na casa que tinha na roça e dormia o sono dos justos quando fui acordado subitamente por Joaquim Noronha. Ele disse que chamou e como ninguém respondeu resolveu entrar e me viu dormindo. Eu acordei assustado e perguntei:
– O que você faz aqui?
-Eu estou fazendo um favor para o Elcias. Lá na sua casa me falaram que voce estava aqui e eu resolvi vir te procurar.
Conversamos um pouco e ele me falou que eu tinha coragem de dormir sozinho na roça e com a porta aberta. Se fosse uma pessoa que estivesse ali para fazer algo de mau, teria sido muito fácil.
É lamentável que fosse você vitima do homem mau. Infelizmente foste presa fácil por exercer o oficio de taxista. Não saberia dizer se sua morte era querida por alguém ou se foi fruto da ação de latrocida, que nenhum valor dá a vida e a tira por causa de alguns trocados.
Qualquer pena aplicada ao autor ou autores do crime fará justiça, pois nada poderá pagar o preço da vida humana.
Meus pêsames ao familiares e obrigado Noronha por sua amizade. Durma em paz.
Texto: Creumir Guerra
Creumir Guerra é Promotor de Justiça no Estado do Espírito Santo
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