ESCONDEU DEBAIXO DA CAMA PARA FLAGRAR A MULHER

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DSC01321Tudo parecia calmo da Fazenda dos Menezes quando o filho foi chamado com urgência para ir até a casa do pai, pois o seu cunhado estava de arma em punho e dizia que iria matar o sogro. O caso exigia cuidado e o agoniado filho apanhou a espingarda cartucheira e se dirigiu para a sede da fazenda.

Passados dez minutos, o filho já estava aproximando da porta da cozinha quando ouviu um disparo de arma de fogo. Pensou que o pior tinha acontecido e gritou: O que esta acontecendo ai? O cunhado saiu pela porta com o revolver e o apontou para o parente por afinidade que se aproximava. Este se escondeu atrás de uma coluna e mandou um balaço de cartucheira no peito do valente marido de sua irmã, que caiu morto no local. Felizmente o tiro dado dentro da casa não acertou o velho, ficando o projétil alojado na parede.

No julgamento do réu perante o Tribunal do Júri a irmã dele – também esposa da vítima – compareceu para ser ouvida. Já tinha perdido o marido e não queria ver o irmão na prisão. O jeito era falar a verdade, nada mais do que a verdade, eis que, ao que parece o acusado havia agido em legítima defesa própria.

A mulher descreveu o marido morto como sujeito difícil de lidar. Era violento com ela e tinha ciúmes ao extremo. A esposa não podia dizer bom dia para todos e o homem pensava que ela tinha dito “bundinha para todos”. Achava ele que a mãe de seus filhos tinha caso com o padeiro, com o leiteiro, com o açougueiro, com o serralheiro, com o pedreiro e com o pintor. A coisa era tensa e eu cheguei a pensar que aquela mulher não achou tão ruim perder o marido naquelas circunstancias.

Mas há um fato neste caso que não me esqueço. A mulher contou que certo dia o marido se aprontou, disse que estava seguindo para a cidade, aonde costumeiramente ia para tomar umas cachaças. Ela ouviu o ronco do motor da motocicleta e se sentiu mais tranquila para assistir a novela. Sozinha em casa a mulher ouviu uns barulhos esquisitos e sentiu arrepiar os cabelos. Não tinha coragem para ir atrás do barulho. Se fosse um ladrão, iria morrer de medo. Se fosse assombração, iria sujar as roupas. Ficou ali parada vendo a novela e roendo as unhas.

Depois de trinta minutos o ruído parecia aumentar e a mulher foi obrigada a criar coragem. Foi pé ante pé em direção ao barulho e viu que vinha do quarto do casal. Empurrou a porta com uma vagareza de dar nos nervos e enfiou apenas a cabeça. Escutou um pouco e sentiu que a fonte dos ruídos estava debaixo da cama. Acendeu a luz e nada de abrupto aconteceu. Olhou sob a cama e viu o marido dormindo igual um anjo e roncando igual uma porca de leitão. A mulher deu um grito e quem se assustou foi o homem, que teve o seu sono interrompido sem dó e sem piedade.

– O que estava fazendo ai seu peste? Você quase me matou de susto.
– Eu queria te pegar no flagra com outro homem e acabei é pegando no sono. Eu deixei a moto escondida no mato, voltei e entrei pela janela. Eu sei que você tem outro e uma hora eu vou de desmascarar.
– Vai para a porta que partiu. Se não fosse pelos meus filhos eu já tinha te mandado para a ponte que caiu.

Texto: Creumir Guerra
Creumir Guerra é Promotor de Justiça no Estado do Espírito Santo

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