Bastaram quatro meses para que, combinando medidas corretas e respeito à ciência, Barra de São Francisco conseguisse superar um quadro caótico de contaminações e mortes pela Covid-19.
O município, com 928 casos ativos em 8 de abril deste ano, com mais de 70 mortes em apenas um mês, consegui reduzir gradativamente a contaminação da população a ponto de, na última sexta-feira (6), ter registrado apenas 36 casos ativos da doença.
Para se ter uma ideia do que isso significa, no pico da doença, entre março e abril de 2021, o município do Noroeste do Estado chegou a ter todos os 57 leitos do Hospital Dr. Alceu Melgaço Filho ocupados por pacientes de Covid, sendo 10 em UTI e mais de dez em tratamento semi-intensivo.
Naquela época, o hospital foi transformado em referência de Covid pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Houve dia em que Barra de São Francisco chegou a registrar oito mortes pela doença, e as funerárias faziam fila para recolher os corpos, o que fez a cidade virar notícia nacional.
Desde março de 2020, quando começou a pandemia, a cidade registra até o momento 204 mortes – o que equivale a 0,45% de sua população ( 4,1% de letalidade).
Barra de São Francisco não recorreu a remédios ineficazes para a Covid, como ivermectina e cloroquina. Usou as informações científicas, cuidado com a população, restrição de circulação e toque de recolher na hora e na medida certas.
Mas, afinal, qual foi a razão do sucesso de Barra de São Francisco no controle da doença, a ponto de já estar permitindo público no Estádio Joaquim Alves de Souza, nos jogos do Santos numa competição regional, desde meados do mês de julho?
Foram várias ações adotadas como testagem em massa, acolhimento dos pacientes de Covid, vacinação eficiente e mobilização da população para o enfrentamento da doença. Até uma campanha, realizada pela prefeitura, sorteou brindes como cabritos, leitões, bezerros e outros prêmios para quem estivesse usando máscara nas ruas.
Um terço da população de Barra de São Francisco foi testada, na sede e nos distritos, e a vacinação está em um nível considerado bom, diante do ritmo nacional: com população de 45 mil habitantes, a cidade já está vacinando a população a partir de 18 anos.
Foram aplicadas 31.681 doses, sendo 21.740 vacinas da primeira dose (48,33% da população) e 9.941 de segunda (um em cada cinco francisquenses já está completamente imunizado contra a doença).
Coluna Leonel Ximenes – A Gazeta