Durante 23 dias, eles pedalaram por vários municípios capixabas conhecendo de perto culturas e paisagens. Amantes do pedal, tiveram como propósito divulgar as belezas do Espírito Santo.
Sentindo o vento no rosto e sem pressa para chegar a algum destino, três amigos colocaram as bicicletas na estrada e compartilharam a experiência de desfrutar das belezas do Espírito Santo. Durante 23 dias, eles pedalaram mais de 1,5 mil quilômetros por vários municípios capixabas, contornando o mapa do Estado e colecionando memórias. A reportagem especial é de Naiara Arpini, do G1 ES.
Rogéria Quintão, Rosane Pereira e Leonardo Medeiros saíram de Chácara Parreiral, no município da Serra, na Grande Vitória, no dia 5 de outubro. De lá, seguiram pelo litoral Norte do Estado, até chegar ao município de Conceição da Barra, que faz divisa com a Bahia. Em seguida, continuaram o percurso passando pelas cidades limítrofes.
Pelo caminho, encontraram histórias, culturas, paisagens e muita hospitalidade. “Conhecemos donos de hotéis, pousadas e outros viajantes. Eles nos ofereciam partilha, nos levavam para conhecer lugares. Foi maravilhoso”, lembrou a autônoma Rosane, de 44 anos.
Como em quase toda viagem, as bagagens voltaram recheadas de boas surpresas e lembranças. Ao experimentarem a sensação de viver um pouco da história de cada lugar, foram levados até localidades que marcaram a aventura.
“Depois que a gente saiu do litoral e passou para o outro lado, a gente conheceu Cristal do Norte, distrito pequenino e simples de Pedro Canário. Ficamos encantados com a pedreira de lá. Do lado, tinha uma nascente, uma cachoeirinha com águas cristalinas. Eu nunca poderia imaginar que tinha um lugar tão lindo daquele”, lembrou a aposentada Rogéria, de 56 anos.
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Rogéria e Rosane em Cristal do Norte, Pedro Canário — Foto: Arquivo Pessoal
As descobertas enriqueceram a experiência. Ao toparem o desafio, os três amigos puderam desbravar um Espírito Santo que ainda não conheciam de perto.
“A maior parte eu não conhecia, a parte de Montanha, Ecoporanga, Pancas, era tudo novo para mim. Você vai vendo a vegetação, a estrutura das cidades, umas estradas ruins, outras melhores, é muito legal”, completou Rosane.
Planejamento
O grupo já é praticamente do cicloturismo e tem no currículo outras viagens feitas de bicicleta, como idas aos estados da Bahia e de Minas Gerais, por exemplo.
“Há três ou quatro anos a gente já faz essas viagens. Daí para frente, a gente não parou. Ano passado já fomos quatro vezes para a Bahia. Um dos percursos foi ida e volta a Prado. Os outros a gente vai de ônibus e volta pedalando pelo litoral, ou vice-versa”, contou Rogéria.
Desta vez, o percurso foi inspirado em um projeto lançado por outro ciclista, que chegou a traçar a rota, mas não concluiu a viagem. Os três amigos, então, fizeram reuniões, adaptaram a ideia e colocaram as bikes na estrada.
Em boa parte do percurso, Rogéria e Rosane tiveram a companhia do amigo Leonardo, de 40 anos. Ele só não completou o trajeto porque teve um problema pessoal e precisou retornar no 10º dia.
Mesmo assim, voltou a encontrar as companheiras no último dia para concluir a viagem e marcar a chegada ao ponto final.
“Foi um sonho realizado. Desde novo, eu gosto de pedalar, sempre quis fazer uma viagem de bicicleta e, depois que conheci a Rogéria e a Rosane, elas me deram essa oportunidade de pedalar, viajar. É prazeroso demais, é inenarrável”, disse Leonardo.
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Praia Costa Dourada, em Mucuri — Foto: Arquivo Pessoal
Durante o dia, o grupo pedalava e parava em pontos estratégicos, mas sem um cronograma rígido. A medida em que seguiam o caminho, se davam o direito de admirar as belezas da região.
“Gastamos 23 dias, com um dia só de descanso. O restante, só pedalando. A gente ia pedalando e parava quando queria usufruir do momento, em uma praia, uma cachoeira”, explicou Rogéria.
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Cachoeira do Segredo, em Iúna, foi um dos pontos de parada das amigas — Foto: Arquivo Pessoal
Em alguns momentos, os amigos foram surpreendidos pelo apoio de desconhecidos, que se encantaram com o projeto do trio e ajudaram a tornar a viagem ainda mais especial.
“Em Pancas, o dono de uma pousada fez questão que ficássemos instalados mais um dia para conhecer a rampa do município. Ele e a esposa nos levaram de carro, tiraram fotos, filmaram”, lembrou Rogéria.
Desafios
Enquanto aproveitava do passeio, o trio também pode fazer uma espécie de diagnóstico informal sobre as estradas do Estado. A falta de ciclovias é uma das queixas.
“Passamos por percursos difíceis. A região da BR-101 que está em obra foi um dos piores percursos, porque estava chovendo, tinha muita carreta em alta velocidade, o vento chegada balançar a gente “Ciclovia não tem, só em alguns pontinhos, deveriam investir”, lembrou Rogéria.
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Rogéria e Rosane pedalando no acostamento da rodovia — Foto: Arquivo Pessoal
Próximas aventuras
Ainda em êxtase pelo sonho realizado, Rogéria, Rosane e Leonardo já sabem que terão outras aventuras do tipo pela frente. Mesmo sem nenhum plano definido, a expectativa por uma nova chance de pedalar e somar histórias é animadora.
“Para a gente que é amante do pedal, é especial sentir a brisa e viver esses momentos”, concluiu Rogéria.