
A Corregedoria da Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) abriu Investigação Sumária (IS) nesta sexta-feira (3) para apurar a conduta do investigador Moises Marcolino de Oliveira, lotado na Delegacia de Jaguaré, no Norte do Estado. A abertura de investigação por ameaça e intimidação de agente de segurança ocorre após registro de Boletim de Ocorrência pelo CEO do site A Parresia, Wilson Rodrigues Nascimento, na manhã desta sexta, que procedeu uma ligação telefônica realizada no fim da tarde de quinta-feira (2) do investigador para o repórter numa indevida e descabida tentativa de intimidar a apuração que o jornalista fazia sobre um registro de suposto golpe de mais de meio milhão de reais em uma cooperativa de café em Jaguaré.
O site teve acesso, com exclusividade ao Boletim de Ocorrência registrado por um funcionário da cooperativa. Segundo o relato do servidor à polícia, uma mulher teria se apresentado como cooperada e teria realizado supostos saques que somam R$ 500 mil (quinhentos mil reais).
A reportagem de A Parresia entrou em contato com o funcionário que registrou a ocorrência na polícia. Ele não quis se manifestar. Minutos depois, um homem que se identificou como investigador da Polícia Civil em Jaguaré, Moises Marcolino de Oliveira, ligou para o repórter Wilson Rodrigues Nascimento. O investigador perguntou quem teria passado a informação ao jornalista. O repórter invocou o artigo 5º, inciso XIV, da Constituição Federal, que diz o seguinte: “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”.
O investigador ameaçou representar criminalmente contra o repórter, que o informou que ele poderia tomar as providências que julgasse necessário. A Parresia encaminhou no mesmo dia relato do ocorrido à delegada responsável pela DP de Jaguaré, e avisou apresentaria denúncia do fato à Corregedoria da Polícia Civil contra o investigador, pois entende que não cabe a qualquer cidadão tentar intimidar o trabalho da imprensa.
Em nota, a Polícia Civil informou que o boletim de ocorrência registrado nesta sexta-feira (03) será encaminhado à apreciação da Corregedoria da Polícia Civil, que vai analisar os fatos para confirmar se houve ou não irregularidades cometidas pelo servidor.
Sobre o caso, A Parresia informou que “qualquer tentativa de intimidar a atuação da imprensa terá a publicidade, repúdio e providências legais como resposta. Em Jaguaré tem muitos crimes os quais a sociedade desconhece resposta e podemos citar caso optem, isso mostra que falta de trabalho não é [numa referência à conduta do agente de segurança investigado”. E completou: “se não é falta de trabalho é sobra de ignorância que não pode ser tutelado”. Por fim, o jornal disse que é preciso unir esforços das instituições democráticas e da sociedade para assegurar a liberdade de imprensa e a segurança dos jornalistas.