Em nota, a Associação Médica do Espírito Santo (Ames) informou que o sistema de saúde público do estado está em “um caos” em meio à pandemia da Covid-19.
Segundo Leonardo Lessa Arantes, presidente da entidade, há um “desmonte” das equipes de especialidades médicas nos hospitais públicos da Grande Vitória, em razão da prioridade aos atendimentos de pacientes com o novo coronavírus.
“Recebemos várias denúncias de médicos especialistas e suas equipes que simplesmente foram removidas de suas funções e com isso os pacientes crônicos das mais diversas doenças, foram abandonados. Diversos pacientes, seja em tratamentos de câncer, cardíacos, portadores de doenças neurológicas e ortopédicas estão desassistidos.”
Ele completou:
“Estamos falando de excelentes especialistas que foram retirados das suas funções e designados de forma irresponsável para o atendimento ao coronavírus sem o devido treinamento e orientação e sem a opção de recusar – em caso de recusa são desligados.”
Há ainda denúncias sobre a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) e de testagem para Covid-19 em profissionais da saúde.
O governo do estado nega. De acordo com a Secretaria da Saúde do Espírito Santo, o sistema não colaborou.
“A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informa que modificou o perfil dos hospitais para garantir uma rápida resposta de oferta de leitos para a Covid-19 (conforme Portaria 067/2020). “Houve a ampliação da capacidade de outras unidades para garantir o acesso aos serviços que antes eram ofertados pelos hospitais Dr. Dório Silva e Jayme dos Santos Neves. Estamos diante de uma situação de desastre epidemiológico e o conjunto de leitos expandidos, reorganizados na rede própria, somados aos leitos das entidades filantrópicas e hospitais privados, garantiram, até o presente momento, um adequado enfrentamento da pandemia no Espírito Santo”, destacou o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes.
A Sesa esclarece que o Espírito Santo foi o terceiro estado do país a diagnosticar caso de Covid-19 e até o momento não colapsou, nem na demanda da Covid-19 e nem na carga gerada por outras doenças. Destaca, ainda, que grande parte dos vínculos de cooperativas foram transferidos para novas unidades hospitalares e outros foram suspensos em decorrência da redefinição de referências hospitalares.
“O recrutamento de generalistas assim como de especialidades nas áreas clínicas e cirúrgicas é fenômeno mundial no processo de reorganização da força de trabalho médica para atender diferentes complexidades de quadros clínicos dos pacientes com a Covid-19, ficando reservado para o atendimento nas unidades de terapia intensiva de especialistas e pessoal capacitado para situação geradas por pacientes críticos”, destacou Nésio Fernandes.
A suspensão de cirurgias eletivas seguiu recomendação das sociedades médicas e Conselho Federal de Medicina dadas as características do vírus.
A Sesa informa que abriu a contratação de 2 mil profissionais.