A perda do atual presidente argentino Maurício Macri para a chapa de Alberto Fernández, que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, nas Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias, que antecedem as eleições, foi uma “surpresa” para todo o eleitorado. Essa é a avaliação do especialista em relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Eduardo Vidigal.
Nas primárias, Macri perdeu por quinze pontos percentuais, com 47% dos votos, enquanto Fernández levava 32% da preferência.
Para Vidigal, as chances de Macri conquistar novamente a presidência são poucas. “Mesmo que a gente considere, por exemplo, que o Roberto Lavagna ficou em terceiro lugar com 8%, os seus apoiadores majoritariamente votem no Macri no próximo, caso faça um acordo, e o Lavagna desista da candidatura, mesmo assim poderia ocorrer a vitória do Alberto Fernández no primeiro turno”, explica o especialista.
A reforma constitucional de 1995 da Argentina estabelece que caso algum candidato consiga 45% dos votos ou 40% com 10 pontos de vantagem sobre o segundo lugar, não é necessário ir para o segundo turno. Caso a chapa da candidata à vice-presidência Cristina Kirchner vença, a relação de Brasil e Argentina pode ser afetada.
“Uma eventual vitória dos kirchneristas pode ou não significar uma deterioração das relações bilaterais, mas de imediato, haveria uma quebra a partir de outubro, caso a vitória venha no segundo turno, na questão da Venezuela, por exemplo. Essa coordenação política que Bolsonaro e Macri, e o próprio Temer, no período anterior, fizeram, desaparece”, afirmou Vidigal.
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro comentou em um evento no Rio Grande do sul, que se a chapa de Fernández vencer, a Argentina caminhará para ser uma “Venezuela”.
O primeiro turno das eleições na Argentina está marcado para o dia 27 de outubro.