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Comissão de Gênero do IBGE participa de workshop regional promovido pela ONU Mulheres

Editoria:
IBGE

| Esther Gama, sob supervisão dos editores

Representantes de países da América Latina e Caribe na sede no INEGI, em Aguascalientes

Nos dias 5 e 6 de setembro a pesquisadora Maria Luisa Pimenta, assistente de Meio Ambiente e representante da Comissão Temática de Relações Sociais de Gênero e Sexualidades do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), participou do workshop “Rumo à construção de indicadores de gênero, meio ambiente e mudanças climáticas. Promovido pela ONU Mulheres no âmbito de um projeto regional, e com o objetivo identificar avanços e desafios para a produção de indicadores de gênero e meio ambiente, o workshop foi realizado na sede do Instituto Nacional de Estatística e Geografia do México (INEGI), na cidade de Aguascalientes, no México.

Com o tema “Gênero, Ambiente e Alterações Climáticas: promover ações eficientes, justas e eficazes”, o projeto regional contou com participação de representantes da América Latina e Caribe, e discutiu os espaços das mulheres na tomada de decisões na agenda das mudanças climáticas, ressaltando a importância da perspectiva de gênero na implementação de ações para que os benefícios de um desenvolvimento sustentável cheguem de forma igualitária a todas as pessoas na região.

O workshop contou com a presença de especialistas em meio ambiente e estatísticas de gênero, para compartilhar experiências sobre a estruturação de sistemas de informações nos países, impulsionando a integração para o desenvolvimento, uso e análise de dados que evidencie os riscos ambientais enfrentados pela população, de forma diferenciada entre homens e mulheres. O encontro representa um passo para o fortalecimento da construção de dados a partir de uma perspectiva de gênero para enfrentar os desafios das mudanças climáticas.

Maria Luisa Pimenta, pesquisadora do IBGE, apresenta reflexões e desafios para a interseccionalidade de gênero e meio ambiente no Brasil

Em sua apresentação, Maria Luisa compartilhou reflexões para a elaboração de indicadores de mudanças climáticas com enfoque de gênero, ressaltando resultados do Censo Demográfico 2022 e outros dados ambientais para a sistematização do Conjunto Global de Estatísticas e Indicadores de Mudanças Climáticas da Divisão de Estatísticas da ONU. Também comentou sobre a instalação da Comissão Temática no IBGE e os desafios que o Instituto possui para a construção de estatísticas de gênero representativas.

“Pude perceber, nesse contato com outras representantes de institutos de estatísticas e ministérios de meio ambiente, que os demais países da América Latina e Caribe têm desafios similares aos nossos para a produção de informação oficial e articulação interinstitucional, e que isso é mais evidente em agendas transversais como mudanças climáticas e gênero. O México tem uma experiência inspiradora para nós, através da constituição do SNIEG (Sistema Nacional de Informações Estatísticas e Geográficas) e esperamos que esse contato frutifique a reflexão que estamos tendo no IBGE sobre um renovado sistema de estatísticas e geoinformações que o país carece”, destaca a pesquisadora.

No evento, foram apresentados modelos de como outros países da região organizam seus sistemas de informações, suas políticas de inclusão, e quais são as suas prioridades temáticas. A participação do IBGE impulsiona a geração de dados que visibiliza as desigualdades que as mulheres enfrentam, contribuindo para a criação de indicadores que permitam tomar decisões informadas, diminuindo as desigualdades de gênero.

Sobre as discussões do projeto

Intitulado “Gênero, Ambiente e Alterações Climáticas: promover ações eficientes, justas e eficazes”, o projeto regional tem como base as preocupações dos espaços das mulheres na tomada de decisões na agenda das mudanças climáticas.

O tema é discutido desde a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP25), realizada em 2019, onde foi reconhecido pelos países a necessidade de monitorar o Acordo de Paris de forma transversal. Em nações assinantes do Acordo, existe uma falta de bases de dados estruturada para que o monitoramento seja realizado de forma sistemática.

As discussões estão embasadas em dados já existentes. Sabe-se, por exemplo, em termos de utilização do tempo, que as mulheres gastam 2,8 horas mais por dia do que os homens em trabalho doméstico e de cuidados não remunerados. A estimativa é do relatório organizado pela ONU Mulheres no âmbito do monitoramento dos indicadores do ODS 5, de Equidade de Gênero. Conforme demonstram as análises do relatório, nessas situações, os efeitos recaem em grande parte sobre as mulheres e meninas, que tem maior responsabilidade sobre a organização das tarefas domésticas e dos lares (um tipo de cuidado não remunerado).

A maior visibilidade e a avaliação, por meio de estatísticas desagregadas por gênero, são capazes de evidenciar desigualdades e disparidades existentes, para refletir em políticas públicas e ações mais eficazes, baseadas em evidências.

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